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Crítica | Doctor Who: Dr. Second, de Adam Hargreaves

Não falem mal da TARDIS perto do 2º Doutor!

por Luiz Santiago
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A impressão que eu tive ao ler este Dr. Second, foi a de que Adam Hargreaves se segurou mais do que deveria nas páginas de Dr. First, talvez querendo apresentar, com um cuidado exagerado, o Universo whovian pelo seu jeito de contar histórias e de desenhar os personagens. Mas aqui, ele acabou se soltando totalmente — para nossa alegria. Faço esse apontamento porque a representação que o autor faz do 2º Doutor no presente livro é perfeitamente condizente com aquela que temos do Time Lord na TV, e a trama que ele nos entrega está — exceto pelo final, sobre o qual falarei mais adiante — notadamente fluída e bem mais com a cara de Doctor Who raiz do que a historinha com os Cybermen que vimos protagonizada pelo 1º Doutor e por Susan na abertura desta saga intitulada Dr. Men.

Aqui, é perfeitamente possível definir a colocação da história na linha do tempo do Doutor, por exemplo. Considerando que os viajantes da TARDIS enfrentam os Yetis e a Grande Inteligência, esta aventura se passa entre The Web of Fear e Fury from the Deep, já na reta final de Victoria ao lado do Doutor e de Jamie. O texto, que infelizmente é bem curto (como manda o padrão da série infantil), apresenta com bastante rapidez o 2º Doutor, mas reafirma essa apresentação através de suas frases de amor e defesa à TARDIS — além de uma repetição enjoativa, mas ainda assim engraçada, do bordão “oh my diddy aunt!“. Jamie critica a nave o tempo inteiro e Victoria também entra parcialmente na dança, mas o Doutor não arreda o pé e toma partido de “sua garota”, dizendo que ela não faz nada de errado.

É muito bacana ver um Doutor tão fanfarrão como o 2º ser representado em obras desse tipo. Este é o estilo de série perfeita para essa encarnação do Senhor do Tempo, dado o seu lado brincalhão e cínico, uma mistura que faz com que ele seja, para mim, o melhor da Série Clássica. Quando a TARDIS se materializa em um museu, os companheiros da vez não entendem por que estão ali, mas o Doutor sabe que há um motivo… mesmo este não seja aparente.

A batalha que o autor estabelece dos viajantes contra os Yetis e contra a Grande Inteligência é, ao mesmo tempo, cômica e compreensível, no contexto da série, exceto, como já comentei anteriormente, pelo final. E não porque a coisa fica ruim no desfecho, mas porque existe um salto muito grande de ações que incomoda imensamente. Algo de extrema importância acontece com Jamie e a gente não vê acontecer. Daí, num momento crítico, somos mostrados ao resultado salvador do tal “algo acontecido“, o que inevitavelmente dá a maior cara de Deus Ex Machina ao motivo de conclusão da história.

Eu esperava que este livro fosse bastante parecido com o primeiro da série Dr. Men, ou seja, muito bom, mas com limitações de representação. Desta vez, porém, me impressionei positivamente. Em apenas 32 páginas, Adam Hargreaves  mostra o 2º Doutor com as suas melhores marcas, assim como dá um espaço interessante — dentro do possível e da importância deles na série, claro — para que Jamie e Victoria tenham algum tipo de ação também. Considerando que o autor precisou trabalhar com dois companions em tão pouco tempo de narrativa, só posso admirar o que ele conseguiu; ainda mais dentro de uma proposta que já tem as suas imposições e limitações editoriais.

Doctor Who: Dr. First (Reino Unido, 29 de agosto de 2017)
Autor: Adam Hargreaves
Editora original: BBC Children’s Books e Puffin Books
34 páginas

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