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Crítica | Doctor Who: Devoradores de Pecados

Série do 9º Doutor Na Titan termina amarrando as pontas soltas de forma apressada.

por Rafael Lima
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Em Agosto de 2017 terminava a série mensal do 9º Doutor pela Titan Comics escrita por Cavan Scott desde 2015. Ao começar a ler o encadernado Devoradores de Pecados, que reúne as três histórias finais da série, me perguntei se Scott e a Titan Comics conseguiriam fechar as diversas linhas narrativas que foram abertas ao longo das edições anteriores. E já adianto que a resposta é mista, pois embora todas as pontas soltas sejam amarradas, a forma como é feito não é totalmente satisfatória. Abaixo, seguem as resenhas de cada arco desta coletânea.
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Devoradores de Pecado

Na trama, o 9º Doutor é preso pelo homicídio de sua Companion Tara Mishra, e levado para uma prisão espacial que alega conhecer uma forma de livrar os prisioneiros de impulsos criminosos. Mas quando o Doutor passa pelo método Bad Wolf, o lado sombrio do Time Lord se revela, e põe a vida de todos no local em risco. Escrito por Scott, com arte de Cris Bolson, Devoradores De Pecado usa o conceito de criminosos sofrerem lavagem cerebral para livrá-los de impulsos criminosos, algo já visitado pela série no arco The Mind Of Evil. Mas o roteiro capitaliza pouco sobre os dilemas da premissa, investindo em um mistério chato em torno do destino de Tara, que basta somar um mais um para resolver.

A segunda parte do arco já assume um ritmo maior de ação quando a tentativa de submeter o Doutor ao tratamento Bad Wolf gera uma criatura que pode ser descrita basicamente como uma mistura do Hulk com o 9º Doutor. São nessas passagens que Bolson pode se divertir, ao não só sugerir um grau de violência que parece saído das HQs de super-herói dos anos 1990, mas também ao criar o bizarro visual do Doutor Devorador de Pecados, com os rostos de encarnações anteriores do Time Lord se projetando para fora do corpo do monstro. No geral, embora tenha os seus momentos divertidos, Devoradores De Pecado peca por perder tempo com um mistério bobo, que toma tempo demais da história.
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Agente Secreto

Agente Secreto parte do gancho deixado por A Canção Do Escravista, que viu Jack Harkness deixar a TARDIS para investigar uma de suas antigas missões como agente do tempo, onde supostamente teria matado um inocente. Esta One-Shot se configura como uma trama de espionagem, deixando o foco maior em Jack, com o Doutor surgindo só nas páginas finais. O roteiro é econômico, mas preciso, brincando com os tropos das tramas de espião, ao mesmo tempo em que lida com os aspectos mais sombrios do gênero. Quanto à arte de Bolson, ela soa burocrática nessa história. Funciona, mas sem destaque.


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A Guerra de Licitações

Esse arco mantém a equipe criativa das histórias anteriores, apenas acrescentando a colaboração de mais uma brasileira, Adriana Melo, nas ilustrações. A trama acompanha o 9º Doutor e suas companheiras tentando resgatar o Capitão Jack depois de ser teletransportado, supostamente, por sua versão do passado. Mas quando a Equipe da TARDIS chega ao Planeta Nomicae para resgatar o seu amigo, eles descobrem que estão caindo em uma armadilha, armada por alguém que quer uma das coisas mais valiosas que o Doutor possui, suas memórias.

Para o arco final, Scott cria uma história que amarra vários elementos de seu trabalho com o 9º Doutor na Titan, desde a minissérie Armas De Destruição Do Passado até a história anterior. O roteiro possui uma dimensão épica, trazendo um exército de alienígenas em busca das memórias do Doutor, que estão sendo leiloadas pela vilã da trama, incluindo os Cybermen. O problema é que a costura dramática desses elementos não é bem-feita. A vilã Addison Delamar, por exemplo, tem uma antiga rixa com o Capitão Jack, e embora seja compreensível que ela passe a se concentrar no Doutor, e nos alienígenas para quem ela está tentando vender as memórias do protagonista, na parte final do arco, o roteiro se esquece da tal rixa com Jack.

Outro exemplo é a forma como termina a história de Tara, que é bem escanteada nessa coletânea. Assim, soa apressado quando ao fim do conflito, a moça resolveu ficar em Nomicae para ajudar o povo daquele planeta a reconstruir o seu mundo, uma preocupação que ela aponta, o Time Lord raramente tem. O problema é que tal como a despedida, a crítica de Tara em relação ao Doutor não é bem trabalhada, o que demonstra o quão apressado esse final da série do 9º Doutor parece, nos deixando com a impressão de que a revista foi cancelada às pressas, e que Scott teve que correr para finalizar seus plots. Pelo menos é nesses trechos que a arte encontra os seus melhores momentos, transmitindo a escala exigida pelo roteiro e se destacar, mas sem gritar por atenção.

Devoradores De Pecado infelizmente acaba trazendo um fim fraco para a revista do 9º Doutor na Titan Comics. As duas primeiras histórias têm os seus momentos divertidos, especialmente a segunda estrelada pelo Capitão Jack Harkness. Mas o último arco, parece se atropelar tanto para encerrar os plots construídos ao longo da série, que acabam passando ao leitor a impressão de uma certa falta de cuidado do roteirista, ou da editoria da série, o que é uma pena para uma revista que vinha em um crescendo tão bom.

Doctor Who: Devoradores De Pecado (Sin-Eaters) – Reino Unido. 18 De Outubro de 2017
Publicação Original: Doctor Who: The Ninth Doctor. 11-15
Editora: Titan Comics
Roteiro: Cavan Scott
Arte: Adriana Melo e Cris Bolson
112 páginas

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