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Crítica | Doctor Who and the Keys of Marinus, de Philip Hinchcliffe

Jornada através da chatice.

por Luiz Santiago
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Embora eu tenha achado o arco The Keys of Marinus bom, ele não é exatamente uma “história favorita” do 1º Doutor para mim. A trama, originalmente escrita por Terry Nation, está acima da média, é verdade, mas não mais do que isso. Ela é apenas uma daquelas grandes missões que o escritor gostava de trazer para a série, e que na presente novelização de Philip Hinchcliffe, acaba não tendo a mesma sorte de, ao menos na linha da normalidade, agradar o público. 

Considerando a minha opinião de “apenas ok” para o enredo original, há de se imaginar que eu não esperava grandes coisas desta versão literária da trama. Mas eu também não tinha ideia de que ela me traria tanta irritação. O texto de Hinchcliffe tem aquele sabor de histórias de terror que, em boa parte dessa saga, combina com o que está para ser apresentado no grande plano, mas não consegue salvar o livro. Esse lado mais sombrio já aparece com a entrada dos Voords em cena. Conceitualmente diferente da série, eles são descritos como uma subespécie semelhante a um sapo com cabeça em “formato de bala”, protegida por um capacete preto. Não é, de fato, uma bela visão.

A invasão dos Voods a Marinus é exposta de maneira distanciada, como um prenúncio dos problemas que o Doutor, Susan, Ian e Barbara enfrentariam durante a sua estadia naquele planeta, especialmente depois de decidirem explorar a remota ilha onde se materializaram. Além da atmosfera vilanesca medonha, o autor explora o temor ligado aos espaços geográficos, criando sequências bem macabras nas proximidades do mar ácido e na floresta. Como se trata de uma missão para que os viajantes no tempo encontrem cinco chaves especiais para libertarem Marinus de um jugo opressivo, os protagonistas precisam passar por todos os obstáculos possíveis, e é a partir das dificuldades de encontrar as valiosas chaves e administrar os encontros no meio do caminho que se constrói a vasta problemática. 

Todo o lado vilanesco da obra me incomodou sobremaneira. Yartek, o grande inimigo de Arbitan (protetor da raça nativa de Marinus) é absolutamente insuportável. Seus diálogos, o plano que estrutura para enganar os tripulantes da TARDIS e a maneira como o autor o trabalha, aliado aos Voords, não me agradou em nada. E para completar, temos ainda as cenas do julgamento de Ian, que, no livro, têm um propósito diluído — tornando-se igualmente insuportáveis. A partir de determinado ponto, o leitor tem poucas cenas que verdadeiramente aproveita. Em compensação, algumas mudanças aqui ajudam-nos a entender coisas que ficaram um tantinho soltas na série, como a explicação para a rotação dos muros da cidade e a enorme resistência da Consciência do planeta, que Hinchcliffe se dá ao trabalho de justificar rapidamente. 

The Keys of Marinus é um livro irritante, para resumir em uma palavra. Admito que temos cenários explorados de maneira interessante aqui, e que o autor consegue boas cenas macabras em alguns desses cenários, mas isso é algo pontual no volume. Os personagens – especialmente os vilões – são tratados de forma maniqueísta, simplória e nada atrativa, fazendo-nos perder o interesse pela obra em muitos capítulos de seu desenvolvimento. Não se trata, portanto, de uma boa novelização.  

Doctor Who and the Keys of Marinus (Reino Unido, 21 de agosto de 1980)
Target Novelisation #38
Autor: Philip Hinchcliffe
Editora original: Target Books
Capa original: David McAllister
128 páginas

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