Home TVEpisódio Crítica | Doctor Who – 1X07: A Lenda de Ruby Sunday (The Legend of Ruby Sunday)

Crítica | Doctor Who – 1X07: A Lenda de Ruby Sunday (The Legend of Ruby Sunday)

Quem espera... um dia alcança.

por Luiz Santiago
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Em língua portuguesa, ele é mais conhecido pelo nome de Seth. Em língua inglesa, Sutekh é a denominação mais comum. Deus do panteão do Egito Antigo, a figura representa o caos, a guerra, a seca, a perturbação. No Universo de Doctor Who, apareceu pela primeira vez na era do 4º Doutor, no arco The Pyramids of Mars (1975), e foi denominado como um dos habitantes da Corte Osiriana, nativa do planeta Phaester Osiris, de onde vieram outras figuras humanoides que acabaram se estabelecendo no Egito Antigo e foram adorados pelos humanos como deuses. Nessa cosmologia, Sutekh é também um exterminador, um ser capaz de destruir todas as formas de vida que desafiem a sua dominação. Nesta 2ª Nova série, ele já tinha sido citado como “O Mais Antigo” e também como “Aquele que Espera”, e aqui em A Lenda de Ruby Sunday revela-se como o grande vilão por trás dos que apareceram antes, e em torno do qual estão a misteriosa vizinha de Ruby; a própria Ruby, e as muitas figuras interpretadas pela atriz Susan Twist.

Deste episódio, eu não gostei apenas dos momentos com Carla Sunday. A narração dela, durante as cenas da Janela do Tempo, é a pior coisa de todo o episódio e, para mim, enfraquece a cena por inteiro. À parte essa presença, gosto da maneira como Russell T. Davies organizou esse penúltimo episódio e nos empurrou para o final da temporada. Achei curioso que o início do capítulo é muitíssimo diferente do final, bem aos moldes de Ponto e Bolha, que começa num tom (inclusive na direção de fotografia e uso de paleta de cores) e termina em outro. Os atos iniciais de A Lenda de Ruby Sunday são intensos no andamento, mas leves na abordagem do conteúdo. São até bobinhos, eu diria, especialmente pela presença do Vlinx (Nicholas Briggs) e de Morris Gibbons (Lenny Rush), o genial menino de 13 anos que é o atual conselheiro científico da UNIT. E a propósito deste cargo, quero dizer que é perfeitamente compreensível a corporação ter vários indivíduos nomeados, inclusive, ao mesmo tempo. Mas não é aceitável que um personagem, num cargo tão icônico na série, seja apresentado uma vez e, simplesmente, desapareça depois, sem maiores explicações/citações/indicações. Isso aconteceu com Osgood e com Shirley, só falta acontecer com Morris também. Este não é um cargo qualquer. É um cargo que foi ocupado, por muitos anos, pelo Doutor! O mínimo que a produção deveria ter é alguma consistência e cuidado quando fosse inseri-lo em um enredo.

Enquanto fazia a busca por Susan e pela mãe de Ruby (apesar de esta também ser uma busca pela identidade de Ruby, convenhamos), o Doutor foi sendo progressivamente confrontado por estranhezas. Não quero me deter na origem ou motivação porque ainda não temos respostas para isso, mas é válido dizer que o conteúdo, a armadilha e a presença de Sutekh deram um peso de fantasia e terror fascinantes ao episódio. Além da composição estética belíssima, das possessões, da temática egípcia, da trilha sonora e da progressão da trama (a montagem aqui é bárbara!), temos um interessante acréscimo na mitologia da série, colocando a árvore genealógica de Sutekh em revista, fazendo desfilar vários de seus filhos que apareceram originalmente em inúmeras mídias de Doctor Who, como Mara (Kinda), Anúbis (As Areias do Tempo), Toymaker (The Celestial Toymaker), Mister Dread (O Cofre dos Segredos), Trickster (O Que Aconteceu com Sarah Jane?), Maestro (O Som do Diabo) e mais alguns outros que ainda não se fizeram presentes no programa, mas agora ganham sinal verde para criações futuras.

Foi sensacional ver o ator Gabriel Woolf, aos 92 anos, voltar a fazer a voz do personagem que dublou lá em 1975! Gosto muito de ver quando a série faz direito a retomada de seus personagens e procura ao máximo respeitar o seu legado. Acho que a última vez que fiquei tão feliz com um retorno aplaudível de um vilão clássico foi com os Zygons, em The Day of the Doctor, e ver isso agora acontecendo com Sutekh é muito bom. A Lenda de Ruby Sunday não revela muito em termos de conteúdo para o arco da temporada, mas estabelece um ótimo contexto para o final. Especialmente do meio para o encerramento, o episódio ganha uma baita força na direção de Jamie Donoughue, coroando-se com um cliffhanger de respeito. As respostas, as reais motivações e os “nomes aos bois” veremos na próxima semana. Por hora, ficamos apenas com o sorriso amedrontado de quem viu o tenebroso Sutekh retornar. A grande questão é: em que Universo? Como ressaltou de maneira tão exagerada e tosca em O Som do Diabo, essa fase/temporada do Doutor… “sempre traz uma reviravolta no final“. Será este o mistério (de abordagem) apenas da 1ª Temporada ou de toda a Era do 15º Doutor? Em sete dias, as respostas virão…

Doctor Who – 1X07: A Lenda de Ruby Sunday (The Legend of Ruby Sunday) — Reino Unido, 14 de junho de 2024
Direção: Jamie Donoughue
Roteiro: Russell T. Davies
Elenco: Ncuti Gatwa, Millie Gibson, Jemma Redgrave, Yasmin Finney, Alexander Devrient, Lenny Rush, Genesis Lynea, Aidan Cook, Nicholas Briggs, Susan Twist, Fela Lufadeju, Bonnie Langford, Michelle Greenidge, Anita Dobson, Angela Wynter, Tachia Newall, Gabriel Woolf, Jasmine Bayes
Duração: 47 min.

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