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Crítica | Dexter: Pecado Original – 1X08: Negócios e Prazer

Quem quer uma fatia de torta?

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios e de todo o nosso material da franquia.

Como era de se esperar, Harry não compra a suspeita de Dexter sobre o capitão Aaron Spencer estar por trás dos sequestros de crianças de autoridades de Miami, seja pelo fato de os dois terem uma relação profissional de décadas, seja porque é inimaginável pensar que um pai sequestraria o próprio filho e cortaria um de seus dedos ou, claro, porque Dexter é ainda muito jovem e inexperiente. E faz mesmo todo sentido, até porque ainda faltam peças a serem encaixadas nesse quebra-cabeças, peças essas que, ao que tudo indica, vão além de Aaron, ele próprio, aposto, uma peça e não quem as encaixa.

Mas é claro, também, que Dexter não deixaria isso barato e, seguindo o código que o próprio pai determinou, passa a investigar o capitão por conta própria, logo estabelecendo que ele no mínimo dos mínimos usou o sequestro como arma para exterminar uma gangue de traficantes de drogas, gangue essa que é provavelmente rival da do mandante, de quem está realmente nas sombras dando as ordens e que desconfio seja o pai de Gio, o namorado – ou, agora, o ex-namorado – de Debra, algo que, se tornado realidade e se ainda tiver conexão com os flashbacks para os anos 80, terá o potencial de elevar a série, como já disse antes, para algo acima de um mero prelúdio que se sustenta na muleta da nostalgia. Sei que estou me adiantando e enveredando por especulações, algo que não gosto de fazer, mas é que Negócios e Prazer funcionou muito bem como um episódio daqueles que prende o espectador do começo ao fim e constrói contornos que vão muito além das cansadas respostas a perguntas que ninguém nunca fez sobre o Dexter mais velho, como por exemplo de onde ele tirou a ideia de jogar os corpos despedaçados de suas vítimas no Oceano Atlântico com seu barco Slice of Life (Fatia da Vida).

Essa resposta, obviamente, está no episódio e o Slice of Pie (Fatia de Torta) da arquivista da polícia ou é a versão 1.0 do barco da morte de Dexter ou a inspiração que o serial killer precisa. Mas isso é, muito sinceramente, um pequeno detalhe no episódio, exatamente como esses apelos à nostalgia devem ser tratados. O que realmente interessa é a investigação dupla de Dexter, a já mencionada sobre Aaron e a segunda, que ele faz, a pedido do pai, com toda a má vontade do mundo – mas ainda assim de maneira muito eficiente – para localizar o paradeiro de sua irmã, que saiu com Gio e não voltou. E isso dá oportunidade para que, de maneira até surpreendentemente rápida, a natureza do namorado rico de Debra seja posta em pratos limpos, com Dexter descobrindo que ele tem uma noiva e Debra, mesmo com muita cocaína no sistema, percebendo que a viagem até Bimini, nas Bahamas, não foi por puro prazer.

Da mesma forma, a investigação de LaGuerta e Harry sobre o serial killer de indigentes ganha uma reviravolta muito interessante quando Harry se depara com o nome de Brian Moser como um dos pacientes do suspeito – e morto – Paul Petrie e logo estabelece sua conexão com pelo menos uma das vítimas. E, com isso, todo o conceito que Dexter criou de que esse serial killer estaria aprendendo, como ele, a ser um serial killer, encaixa-se perfeitamente com o que sabemos do Assassino do Caminhão de Gelo, vulgo o próprio irmão do protagonista que sabia do caso de Harry com sua mãe e que, claro, deve culpá-lo por sua morte brutal. Novamente, boa circularidade, ainda que carregada de nostalgia e preenchendo lacunas que não eram realmente lacunas, mas fazendo isso com qualidade, sem se perder com a entrada efetiva do personagem na série até esse ponto (ele já apareceu, pois agora fica claro – eu acho – que ele é mesmo o jovem que tentou sentar na mesa de Dexter no segundo episódio da temporada, mas sem interferir na história).

E o flashback para os anos 80 com as irritantes cores estouradas chega ao seu ponto climático, com a icônica cena que nunca realmente vimos em que Laura e seus dois filhos estão no contêiner-açougue de Hector Estrada esperando para serem desmembrados na base da serra elétrica à la Scarface, com Dexter tendo as imagens que vê sendo profundamente gravadas em sua mente com direito a um extremo close-up em seu olho que é ao mesmo tempo angustiante e um tantinho quanto didático demais para o meu gosto. Fico realmente curioso para saber se essa linha narrativa também será costurada com a do presente da série, talvez revelando que Estrada é pai, tio ou algo parecido de Gio, criando os encaixes que mencionei no começo da presente crítica e que têm o potencial de fazer de Pecado Original algo mais do que a soma de suas partes.

Dexter: Pecado Original – 1X08: Negócios e Prazer (Dexter: Original Sin – 1X08: Business and Pleasure – EUA, 31 de janeiro de 2025)
Desenvolvimento: Clyde Phillips (baseado na série desenvolvida por James Manos Jr. e na obra de Jeff Lindsay)
Direção: Monica Raymund
Roteiro: Mary Leah Sutton
Elenco: Patrick Gibson, Christian Slater, Molly Brown, Christina Milian, James Martinez, Alex Shimizu, Reno Wilson, Patrick Dempsey, Michael C. Hall, Sarah Michelle Gellar, Brittany Allen, Isaac Gonzalez Rossi, Jasper Lewis
Duração: 52 min.

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