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Crítica | Dexter: New Blood – 1X04: H Is for Hero

Agora sim temos sangue novo!

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Existe uma diferença importante entre jogar seguro de qualquer jeito e jogar seguro competentemente. O que Clyde Phillips vinha fazendo até agora caía na primeira categoria, ainda que o retorno do Dexter Morgan de Michael C. Hall, por si só, possa ser suficiente para apertar os botões corretos da nostalgia coletiva e justificar a existência do revival. H Is for Hero, porém, finalmente mostra o verdadeiro potencial de New Blood ao revelar que Harrison talvez realmente tenha um Passageiro Sombrio – ou, no mínimo, uma versão dele – bem escondido lá dentro de sua mente.

Notem, porém, que esse desenvolvimento era absolutamente esperado, mais ou cedo ou mais tarde, de uma forma ou de outra, pelo que o showrunner continua jogando seguro com salientei no início, mas, agora, sabendo ir além do que ele já havia feito antes ao longo de seu comando das quatro primeiras temporadas da série original. Não só a violência ao redor de Harrison é trabalhada em uma elipse temporal que a mantém completamente off screen, usando como catalisador o podcast sobre o Assassino Trinity, que matou sua mãe, como a reconstrução do que realmente aconteceu se dá sem a saída fácil dos flashbacks. Muito ao contrário, o roteiro de Tony Saltzman faz um inteligente uso da presença de Debra como o Grilo Falante da vez de Dexter primeiro colocando-a como defensora resoluta do sobrinho e, em seguida, como assistente do irmão na reconstituição do que ocorreu.

Além disso, a direção de Sanford Bookstaver faz do momento da confirmação das suspeitas de Dexter sobre seu filho uma reencenação teatral que é muito eficiente em substituir todas as outras possíveis formas de se entender o ocorrido, em uma abordagem refrescante que, de quebra, ainda consegue criar o melhor momento de sinergia entre Hall e Jennifer Carpenter, agora participante ativa dos acontecimentos, algo de certa forma antecipado pela conversa dos dois no início, com ela fazendo as conexões fotográficas de seu cenário apocalíptico. Paralelamente, a confirmação de que Kurt é o serial killer fora da família Morgan – ou, aos mais céticos, a fortíssima suspeita de que é ele -,  com sua conexão com a jovem aproveitadora em sua lanchonete e também sua aproximação estranha a Dexter, ajuda a criar um ar de estranheza que até dá a entender que existe uma interconexão maior entre eles.

O que não funciona muito bem é o que está ao redor disso tudo. Mais uma vez, a xerife Angela parte para conclusões absolutas sobre as pessoas sem o mínimo de investigação série, como seria, por exemplo, chamar aquele mesmo especialista em cenas de crime que vimos em Smoke Signals para analisar o padrão de derramamento de sangue na escola. Tudo bem ela ter uma conexão próxima a Dexter, o que pode nublar sua visão sobre Harrison e é compreensível que ela queira chegar logo a uma resolução, especialmente em razão da quantidade enorme de crimes semelhantes que ocorrem em escolas americanas, mas ela deveria ter aprendido quando tentou encerrar abruptamente a busca por Matt Caldwell que o buraco é sempre mais embaixo.

Além disso, há a questão da podcaster Molly Park. Não só sua entrada na série foi estranha, como, agora, seu interesse pelos casos de mulheres desaparecidas no quadro “estilo Carrie” de Angela me pareceu um tanto quanto aleatório, quase que como uma forma de capilarizar a minissérie de forma a justificar seus 10 episódios. Presumo que será por intermédio dessa parceria que as setas começarão a ser apontadas para Kurt de alguma forma, o que tende a desviar a atenção de Harrison e Dexter que, muito em breve, terão muito a conversar, mas achei esse uso da personagem um tanto quanto providencial demais, fácil demais apesar de Jamie Chung ser uma daquelas atrizes que exala tanta simpatia que até esquecemos de abordar a razão de ser de sua personagem.

Encerrando com aquele sorriso de pai orgulhoso estampado no rosto de Dexter quando ele encontra a arma do crime dentro da lanterna de seu filho, H Is for Hero parece ser o verdadeiro começo de New Blood, com os três primeiros episódios podendo facilmente ser considerados apenas preâmbulos. Ainda é o caminho mais viajado, não tenham dúvida, mas quando esse caminho é bem asfaltado, com as faixas pintadas e devidamente iluminado, não há como ele não ser apreciado, ainda que sempre seja preferível uma trilha de difícil acesso e mais desafiadora.

Dexter: New Blood – 1X04: H Is for Hero (EUA, 28 de novembro de 2021)
Desenvolvimento e showrunner: Clyde Phillips (baseado em obra de Jeff Lindsay)
Direção: Sanford Bookstaver
Roteiro: Tony Saltzman
Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones, Johnny Sequoyah, Alano Miller, Jennifer Carpenter, Michael Cyril Creighton, Steve M. Robertson, Fredric Lehne, Clancy Brown, Jamie Chung
Duração: 51 min.

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