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Crítica | Demolidor: Artes Sombrias

por Luiz Santiago
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Artes Sombrias volta ao patamar de “história ok” que marcou a estreia de Charles Soule na revista Daredevil Vol.5. Há, no entanto, uma diferença bem grande entre as duas obras. No caso da primeira, a ausência de informação a respeito desse novo momento, as mudanças bruscas em comparação à Era Waid, o afastamento do Demolidor em relação aos laços que sempre marcaram a sua vida, tudo isso trouxe à história um afastamento considerável do leitor, mesmo que no todo, a trama estivesse bem. Aqui em Artes Sombrias, isso não existe.

Após o vergonhoso Supersonic, Soule nos trouxe novamente para cima da média, com uma trama realmente macabra, que introduz o vilão Muse (chamado pela imprensa de Vincent van Gore), com suas pinturas e esculturas de gosto absolutamente questionável. A morte ligada à arte não é algo novo em termos de ficção, mas aqui tem um sabor maravilhoso de bizarrice bem apresentada. A arte de Ron Garney e as cores de Matt Milla também contribuem em alto estilo para tornar essas pinturas ainda mais tenebrosas e lançar um gigantesco ponto de interrogação diante do desconhecido artista que, num primeiro momento, parece ter um grande motivo para fazer tudo o que faz. Depois, infelizmente, o leitor precisa se acostumar com a justificativa de que ele é “um artista louco com um plano que ninguém mais consegue compreender”. Bem… esse é o tipo de finalização que para mim, fez com que a história não avançasse muito mais em qualidade.

Ao passo que explora a vida de Promotor de Matt Murdock (convenhamos: que bloco mais chatinho, hein! Volta esse homem como advogado logo, pelo amor de Deus!), o autor tenta fortalecer a relação entre o Demônio e Ponto Cego, seu ajudante/aprendiz. Como há uma rotação entre a vida civil e heroica dos dois, temos a oportunidade de vê-los agir e se comportar em situações que exigem diferentes habilidades, sempre com indícios de que a palavra “destemido” também se aplica ao jovem imigrante. Ao fim do arco, o leitor entende e gosta do local aonde essa situação chega e mesmo que a ideia para o vilão não seja lá essas coisas, ele realmente serve para colocar o Demolidor (e agora seu parceiro) em crise. Sim, a gente sabe o que isso significa para a linha de histórias do personagem. Se souber aproveitar a deixa, Soule tem um ótimo ponto de partida para alavancar a próxima história.

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Precisava imitar Picasso?

A relação direta com os Inumanos aqui foi uma boa surpresa para mim. Há um certo tratamento de suspense em relação à posição da Rainha Medusa ao se recusar a ajudar o Demolidor capturar o artista assassino e isso aponta para alguns horizontes que infelizmente não se concretizam. Bem, pelo menos eles servem como uma boa diversão, sendo a mesma premissa utilizada para a investigação como um todo. Esse aspecto urbano e inteiramente funcional que essa história e o arco Chinatown trazem ajudam a dar dinamismo para a história e nos fazem querer ver todos esses bons dramas paralelos desenvolvidos. É como eu comentei antes, premissa, agora, o autor tem. Precisa é saber trabalhar com elas. Fica agora a dúvida sobre o Ponto Cego (a ironia é dolorosa e cômica, no sentido mais macabro possível) e sua posição como vigilante ao lado do Demolidor, que também tem (mais esse) peso na consciência para processar. E a linha de tragédias na vida do Homem Sem Medo continua…

Daredevil Vol.5 #10 a 14: Dark Art (EUA, outubro de 2016 – fevereiro de 2017)
No Brasil:
 Demolidor 2ª Série – n°14 (outubro de 2017)
Roteiro: Charles Soule
Arte: Ron Garney
Arte-final: Ron Garney
Cores: Matt Milla
Letras: Clayton Cowles
Capas: Ron Garney, Matt Milla, Dan Panosian
Editoria: Mark Paniccia, Chris Robinson
116 páginas (encadernado Panini)

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