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Crítica | Defensores da Terra – 1X01: Escape from Mongo

Flash Gordon, Mandrake e Fantasma juntos!

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 01
Número de episódios: 65
Período de exibição: 08 de setembro de 1986 a 1º de maio de 1987
Há continuação ou reboot?: Não.

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Com a “invasão” de filmes e séries de super-heróis que testemunhamos desde 2008, incluindo aí personagens menos mainstream como Invencível e The Boys, espanta-me e entristece-me muito que três dos mais importantes proto-super-heróis da História dos Super-Heróis sejam completamente ignorados. Falo, claro, de Flash Gordon, o prototípico herói espacial, criado por Alex Raymond em 1934; Mandrake, a base para todos os magos dos quadrinhos, criado por Lee Falk no mesmo ano de Flash Gordon, e, finalmente, o Fantasma, um dos primeiros heróis com máscara, collant, identidade e esconderijo secretos, também de Falk, publicado pela primeira vez em 1936.

Não que, ao longo das décadas desde suas respectivas criações, os personagens não tenham ganhado versões radiofônicas, audiovisuais e, claro, em quadrinhos, mas eu gostaria muito de ver a renascença super-heroística abraçar também esses clássicos dos clássicos – quiçá também Buck Rogers e Zorro! – para complementar o cardápio de ofertas do gênero. E digo tudo isso como um preâmbulo para Defensores da Terra, uma excelente ideia da King Features Syndicate, empresa que até hoje detém os direitos de propriedade intelectual sobre esses três personagens que, em parceria com a Marvel – a editoria é de ninguém menos do que Stan Lee -, que os reuniu em uma animação que criava a versão deles da Liga da Justiça ou Vingadores, com a introdução de herdeiros dos personagens para compor a narrativa.

A premissa é simplíssima, mas nem por isso deixa de ser eficiente. O grande vilão, como não poderia deixar de ser, é Ming, o Impiedoso (voz de Ron Feinberg), aqui desenhado com pele verde e orelhas pontudas para fugir – mas sem fugir de verdade – do estereótipo asiático, que, tendo esgotado todas os recursos naturais do planeta Mongo, decide invadir a Terra. Flash Gordon (Lou Richards) chega em um foguete avariado na mansão onde Mandrake (Peter Renaday) vive com seu protegido Kshin (Adam Carl), o equivalente ao que Robin é para o Batman, e Lothar (Buster Jones) e seu filho Lothar Jr. ou L.J. (Dion Williams) para pedir ajuda para resgatar sua esposa e seu filho, o que é imediata e facilmente feito nos primeiros 10 minutos da animação, o que adiciona Richard “Rick” Gordon (Loren Lester) ao elenco e surpreendentemente mata Dale Arden sem cerimônias (sua consciência passaria a habitar uma I.A. que ajuda o grupo, mas isso não acontece no primeiro episódio).

Na segunda metade do episódio, o Fantasma (Peter Mark Richman) e sua filha Jedda Walker (Sarah Partridge) são adicionados ao elenco sob a desculpa de que Kit Walker seria a melhor pessoa para localizar Ming na Terra, que atua por intermédio do androide Garax (William Callaway), comandante de um exército genérico mecânico que só serve de alvo para os heróis. Curiosamente, apesar de Mandrake ganhar poderes mais afeitos a personagens como Senhor Destino ou Doutor Estranho, deixando de ser apenas um mágico e passando a ser um efetivo mago, a verdadeiramente grande alteração em termos de poderes é feita em relação ao Fantasma que ganha a habilidade de invocar “poderes da selva” que normalmente lhe dão super força. Confesso que não vejo muito sentido nisso, até porque Flash Gordon continua sendo um mero humano, mas não é nada tão inesperado assim levando em conta o que se espera de super-heróis nos dias de hoje (o que não era muito diferente nos anos 80, garanto).

A animação é bem estilo “fábrica” dos anos 80, sem grandes cuidados com movimentos menos do que básicos e cenários simplificados e pouco inspirados. Por outro lado, o design dos personagens é muito bom. Mandrake e Fantasma são os mais próximos das versões originais em termos de uniforme (lembro-me que foi com essa animação que eu tive certeza de que o collant vermelho do Fantasma usado nas HQs era invenção brasileira…), com Lothar ganhando um figurino tático bem diferente do clássico (e, claro, consideravelmente racista), ficando mais próximo a um G.I. Joe do que qualquer outra coisa. Flash Gordon ganha um uniforme vermelho com detalhes em dourado que é uma amálgama de versões de uniformes antigos tanto nos quadrinhos quanto no audiovisual. Os jovens, por seu turno, são consideravelmente genéricos, a exceção sendo Jedda que, como o pai, tem poderes diferentes (telepatia), além de contar com uma simpática pantera negra como bicho de estimação.

Defensores da Terra não é a coisa mais original do mundo, mas funcionou muito bem como uma forma de reintroduzir esses importantes personagens a uma nova geração em um formato adequado para a época. Fica a torcida para que eles – juntos ou separadamente – ganhem novas versões audiovisuais em breve para poderem figurar ao lado de todos aqueles outros heróis tão explorado por aí e que foram inspirados por esses bisavôs do gênero.

Defensores da Terra – 1X01: Escape from Mongo (Defenders of the Earth – 1X01: Escape from Mongo – EUA, 08 de setembro de 1986)
Direção: Ray Lee, John Gibbs
Roteiro: Dick Robbins, Bryce Malek (baseado em personagens criados por Lee Falk e Alex Raymond)
Elenco: Lou Richards, Peter Mark Richman, Peter Renaday, Buster Jones, Loren Lester, Dion Williams, Sarah Partridge, Adam Carl, Ron Feinberg, Hal Rayle, William Callaway
Duração: 21 min.

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