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Crítica | Deadpool Mata o Universo Marvel (Killogy 1)

por Luiz Santiago
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AVISO: esta não é uma crítica normal. Se você sofre de fanboyzice, sugiro que pare por aqui. Vá ler as tirinhas do Smilinguido. Ou entre neste portal do tempo. Ou leia esta versão da crítica. Ou esta. Ou esta. HUE-HUE-HUE

👿

Quando a Marvel cometeu o ato de lançar Deadpool Mata o Universo Marvel, em 2012, eu tive o infortúnio de cobrir as duas primeiras edições da revista aqui para o Plano Crítico. Na época, não conseguia arranjar palavras para falar mal dessa insanidade intragável concebida por Cullen Bunn. Eis que quase 4 anos depois eu volto a ler o volume e, se é que isto é possível, esta segunda leitura conseguiu ser ainda pior que a primeira. Definitivamente esta é uma das piores coisas que eu já li em toda a minha vida. Duas vezes.

A infâmia trama é, como se imagina, encaixada em uma outra Terra (mais precisamente na Terra 12101 e com personagens de um montão de outras Terras — …a coisa já começa troncha, percebam), onde Cullen Bunn e Dalibor Talajic estão regurgitando criando Deadpool Mata o Universo Marvel. Metalinguagem sem sentido faz parte do escopo de um roteiro que começa no nada e termina em lugar nenhum, de modo que o leitor é convidado a acompanhar a incoerente “descida ao inferno” desse Universo onde o Mercenário Tagarela é internado por Xavier em um hospício — o careca DEVERIA antever problemas, mas não, ele achou que estava tudo bem internar Deadpool em um hospital suspeito e isso porque nem precisava usar os poderes mentais, era só usar os ouvidos — e tratado pelo Dr. Benjamin Brighton, ou seja, o Homem Psíquico. Há algo de interessante na conversa inicial entre o Piscina Morta e o Doutor, porque as brincadeiras com jargões de psicologia e psicanálise rendem boas piadas, sempre. Mas tudo o que esta coisa minissérie tem de bom termina aí. O resto, é lixo puro ladeira abaixo.

Através de uma “arte” descuidada e com terrível finalização, acompanhamos heróis e vilões esparramados pelo chão, com pedaços de cérebro, olhos, mãos, pés, pernas e muito sangue traçarem o caminho do Mercenário até o cafofo de cada um dos personagens mais importantes, que simplesmente FICAM FAZENDO REUNIÃO E ESPERANDO O TAGARELA CHEGAR E ARREBENTAR TUDO! Um cenário aqui e outro acolá parece ter recebido alguma atenção de figuração pelo estagiário desenhista, mas todo o restante é conceitual e dramaticamente imprestável ruim, da perspectiva dos quadros e da anatomia dos personagens até a diagramação nojenta insatisfatória, que sequer consegue dar sustentação ao argumento.

Na esfera da “zuera never ends“, um leitor de Deadpool deve imaginar que sempre irá encontrar coisas estranhas e um certo nonsense nas histórias do Bocudo e isso é correto. Todavia, por mais caótico e insano que seja o roteiro em questão, sua concepção deve seguir uma lógica/sentido dentro de seu próprio caos, abrindo as portas para que o leitor compreenda e abstraia o desenvolvimento do enredo. Vejam que até a porrada-pela-porrada que a Marvel nos apresentou nas histórias finais de Vingadores vs. X-Men funcionou bem dentro daquele “caos ordenado” (que não era lá essas coisas), o que prova que, mesmo havendo apenas um único objetivo em pauta, a saber, o serviço para fãs verem mortes violentas e batalhas sem sentido; é possível sim realizar algo que se justifique naquele núcleo. Em Deadpool Mata o Universo Marvel nada funciona, nada se aproveita do todo, nada faz sentido.

A urtiga do estrume cereja do bolo vem na reta final, quando o filho de 2 anos de alguém da Marvel roteirista resolve fechar o ciclo aberto pelo Vigia no início da saga e a quarta parede, enfim, é quebrada.

Para quem lê as histórias do Deadpool e para quem tem alguma simpatia pelo anti-herói, como eu tenho, a quebra da quarta parede é sempre algo divertido de se ver. A inclusão do leitor e “do mundo de cá” na revista é uma espécie de satisfação aguardada e que mesmo quando tem alguns tropeços na apresentação, vide The Major Motion Picture (2010), o leitor se diverte. Agora olhemos para a forma como essa parede é quebrada aqui, nesse mata-mata.

Primeiro há a indicação do Vigia, que talvez tenha aparecido nessa minissérie apenas como “aviso para tapados desatentos” e que é inteiramente dispensável na história.

♠ Pausa para reflexão: será que alguém em sã consciência tomaria essa baboseira minissérie como algo minimamente relevante canônico? Fim da pausa para reflexão. ♠

Depois disso, a quarta parede é esquecida, as mortes se seguem sem sentido algum, a arte vai piorando a cada página, o texto continua não dizendo nada com nada. [“Mas até aí tudo bem”]. Então há a luta de Deadpool contra o Treinador (prêmio de “foi meu filho de 6 meses que me deu essa ideia!” do ano), que termina com a aparição do Monstro do Pântano Homem-Coisa, que ouve as abobrinhas o discurso de Deadpool e… wait for it… SE SACRIFICA PARA QUE O TAGARELA PASSE DESSA TERRA PARA OUTRO UNIVERSO!!!

É isso mesmo, amiguinho, você leu corretamente!

E eis que a energia do Homem-Coisa abre um portal lá no meio do pântano e Deadpool passa para a Terra 41210… Corte para alguma conversa entre os responsáveis por toda essa []  e… bem, a história termina! Digam se isso não é a coisa mais patética emocionante que vocês já viram em um quadrinho? Quantos likes essa Princesa Historieta merece?

Só sei que depois da última página, o meu real desejo era que Deadpool realmente existisse. E terminasse o serviço naquele escritório da Marvel. Mas a minissérie é tão ruim, mas tão ruim, mas tãaaaaaooooo ruuuuuiiiiiim que nem um bocadinho de verdadeiro prazer mórbido no final ela nos proporciona.

Definitivamente, esta é uma aventura para jogar neste lugar aqui.

Deadpool Mata o Universo Marvel (Deadpool Kills the Marvel Universe / Deadpool Killogy 1) — EUA, 2012
Roteiro: Cullen Bunn
Arte: Dalibor Talajic
Cores: Lee Loughridge
Letras: Joe Sabino
Capas: Kaare Andrews
4 edições, com 24 páginas cada uma.

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