Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Dampyr – Vol. 23: O Elixir do Diabo

Crítica | Dampyr – Vol. 23: O Elixir do Diabo

Harlan Draka na mira de um Mestre da Noite.

por Luiz Santiago
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Estamos de volta à cidade de Praga! Eu gosto muito quando as histórias de Dampyr transcorrem nessa cidade, porque sei que haverá mais uma adição importante ao cânone do personagem, seja como origem de uma missão, seja como reencontro de personagens conhecidos ou mesmo como eventos que guiarão a jornada do protagonista deste ponto em diante de sua vida. Em O Elixir do Diabo, temos o retorno de Nikolaus, de Caleb Lost (ou Camael) e de Nergal, o Mestre da Noite que conhecemos em Alma Perdida.

A história começa de maneira leve, mas com uma escalada rápida de eventos, com excelentes referências que sempre nos fazem partir para a pesquisa. Dois pintores são citados: um real, Salvador Rosa (1615 – 1673), e outro fictício, Gerolamo Sinistrari, futuramente conhecido como Dr. Sonderling. Ambos são responsáveis por pintarem telas com o título As Tentações de Santo Antônio, e este é o ponto de partida para uma trama que envolve a tentativa de Nergal escapar de sua prisão. Essa tentativa colocará em cena um demônio a serviço de Nergal (o astuto Belial/Belyalis, que se disfarça como Belcore) e uma exposição num Gabinete de Curiosidades/Casa das Maravilhas, referida pelo roteiro de Mauro Boselli pelo seu nome original: “Wunderkammer”.

Criaturas das trevas, especialmente os demônios, agem de forma disfarçada, utilizando subterfúgios e situações aparentemente inocentes como caminhos para atingirem seus objetivos. Esta é exatamente a trilha percorrida por Belcore nessa aventura. Sua missão é fazer com que Harlan beba do “elixir do diabo” e desperte em si o lado obscuro, o lado vampírico, passando definitivamente para o “lado do mal“. A cena em que a contaminação do dampyr acontece é incrível, em todos os sentidos. A arte de Nicola Genzianella (que já tinha desenhado duas outras edições para a série, Das Trevas e A Luz Negra) reforça o suspense criado pelo texto, com um demônio ferindo Harlan mortalmente e, em seguida, Belcore fazendo o caçador de vampiros beber o diabólico elixir.

A luta contra os Mestres da Noite é uma tarefa árdua e permanente. E como temos observado a cada novo volume da série, é também uma tarefa mortalmente perigosa. Eu realmente fiquei com medo do que aconteceu com Harlan, e imagino que essa contaminação dará a ele algum tipo de poder, ou ressaltará nele alguma coisa em termos de personalidade, ao longo do tempo. Também estou ansioso para o próximo encontro desse time com Nik, que, segundo a lógica dos acontecimentos, deverá agir como um “inimigo justo“. Esta, aliás, é uma das coisas que eu mais gosto nesse tipo de enredo. Cada personagem tem uma gradação diferente de bondade, maldade ou qualquer outra coisa no meio disso. Não é apenas aquela ideia maniqueísta de “unicamente bom” ou “unicamente mal“, que basicamente domina os quadrinhos. E depois perguntam por que muita gente tem largado mão de ler gibis de bonequinhos. Por que será? Falta riqueza! Falta tutano! E essas são coisas que temos de sobra em títulos como este aqui; o que só aumenta o nosso prazer de ler.

Dampyr – Vol. 23: L’elisir del diavolo — Itália, Fevereiro de 2002
Roteiro: Mauro Boselli
Arte: Nicola Genzianella
Capa: Enea Riboldi
No Brasil: Dampyr – Vol.6 (Editora 85, abril de 2021)
100 páginas

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