Obs: Há spoilers somente do filme de 2011, Planeta dos Macacos: A Origem.
A Fox e a Vice, em parceria, produziram três curtas-metragens que funcionam como uma ponte entre Planeta dos Macacos – A Origem e Planeta dos Macacos – O Confronto, abordando o período de alastramento da Febre Símia, que vemos começar no filme de 2011. Em conjunto, eles ganharam o título de Before the Dawn of the Apes, ou, em português, Antes da Aurora dos Símios.
Eis as críticas de cada um dos curtas, incluindo os próprios vídeos.
Spread of Simian Flu: Before the Dawn of the Apes (Year 1)
direção: Isaiah Seret
Um ano após o começo da Febre Símia, o mundo tenta lidar com a infecção que se espalha rapidamente. Centros de isolamento e tratamento são construídos às pressas pelo mundo.
No curta, vemos essa situação de maneira orgânica por intermédio de um pai e uma filha (e seu cachorrinho) visitando a esposa e mãe em uma zona de quarentena. São imagens com fotografia noturna, desesperançosa que passam muito bem a sobriedade da situação. O roteiro, no entanto, não tem muito o que contar e repete as mesmas situações seguidamente, mostrando a terrível progressão da doença. Funciona aos situar o espectador diante do problema que vemos ao final do filme de 2011, mas falha em criar tensão ou se mostrar relevante além da premissa inicial.
Struggling to Survive: Before the Dawn of the Apes (Year 5)
direção: Daniel Thron
Com narração em off de uma menina sobrevivente, o curta, passado cinco anos o início da Febre Símia que só deixou 1/10 da população viva, vemos um quadro de esperança ser pintado. A menina, que vive com seu irmão pequeno, ainda tem luz em sua casa e a vemos retirar bens de uma casa abandonada para trocá-los em um “mercadinho ao ar livre” por pessoas que ainda tentam se agarrar ao passado (“as pessoas trocam o que precisam pelo que querem”).
Mas rapidamente caminhamos para um momento tenso, quando barulhos na cada onde vivem fazem a menina ficar alerta. Há algo lá fora e as pistas visuais – nada discretas, mas eficientes – fazem o cabelo de trás do pescoço ficarem ouriçados. Há um mundo lá fora e é um mundo não muito simpático aos poucos humanos que restaram.
Com um bom trabalho de câmera, uma trilha sonora engajante e um pouquinho de criatividade, esse brevíssimo curta nos arremessa bem para dentro da narrativa e o resultado é muito bom, ainda que despretensioso.
Story of the Gun: Before the Dawn of the Apes (Year 10)
direção: “thirty-two.”
O mais longo dos três curtas parte de uma premissa interessante: nós acompanhamos não uma pessoa, mas “a vida” de uma espingarda. E tudo começa no 10º ano da Febre Símia, com um homem fugindo desesperado de uma ameaça que não vemos e deixando cair a arma, somente para sermos jogados para 10 anos antes, no começo do contágio, com um pai ensinando um filho a caçar aves com a espingarda.
A partir desse ponto, acompanhamos a progressão da doença na medida em que a arma troca de mãos por variadas razões até fecharmos o círculo com a volta ao começo. Apesar de bem estruturado, o curta não nos permite, com a constante mudança dos personagens que manuseiam a arma, que o espectador se identifique com nenhum deles. Acaba parecendo um episódio de série ou um trecho de filme apocalíptico qualquer, ainda que muito bem produzido, com pelo menos um momento de arrepiar.
*Crítica publicada originalmente em 22 de julho de 2014.