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Crítica | Curtas de Zack Snyder

por Iann Jeliel e Davi Lima
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Zack Snyder

O seguinte artigo, reúne críticas dos quatro curtas cinematográficos/televisivos de Zack Snyder lançados até a dada atual da publicação. São eles: Playground (curta documentário – texto escrito Iann Jeliel), The Lost Tape: Andy’s Terrifying Last Days Revealed (curta live-action, material bônus de Madrugada dos Mortos – texto escrito por Iann Jeliel), Superman 75 (curta “documentário” animado – texto escrito por Iann Jeliel) e Snow Steam Iron (curta live-action – texto escrito por Davi Lima).

O cineasta ainda possuí no currículo oficial vários videoclipes – Lizzy Borden: Love Is a Crime (1989), Peter Murphy: You’re So Close (1992), Morrissey: Tomorrow (1992 – 2000), Soul Asylum: Somebody to Shove (1992), ZZ Top: World of Swirl (1994), Rod Stewart: Leave Virginia Alone (1995), My Chemical Romance: Desolation Row (2006) e Hanukkah, O Hanukkah: A Magical Time of Year (2019) –, mas nenhum deles foi considerado para a análise. Contudo, todos estarão linkados acima, para quem quiser dar uma conferida.
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Playground

O primeiro filme de Zack Snyder não passa de mais um exemplar de centenas e milhares de documentários oportunistas sobre prováveis ídolos. No caso, olhando hoje, obvio não estamos falando de qualquer pessoa, e sim, de um dos maiores jogadores de Basquete em todos os tempos: Michael Jordan. Então de certa forma, o olhar de auto-promoção do documentário acabou se confirmando com o tempo, até porque, Jordan viveria pelo menos mais 10 anos de auge do alto nível esportivo, depois da finalização do média. Contudo, é interessante analisar como o prisma imagético de Snyder, da glorificação do jogador recapitulando seus lances em câmera lenta, ou os de várias jogadas intercortadas em tom de videoclipe energizado por musiquinha, como várias outras reportagens a época,  ajudaram na solidificação dessa sua imagem grandiosa, do gênio que é gênio pela obsessão de vencer.

Produzido pelo próprio, um dos intuitos do filme, além dessa promoção do quão fantástico, decisivo e diferente ele era como jogador, é a parte da inspiração para outros jovens que buscavam essa oportunidade no esporte, mas digamos, não eram tão confiantes como o que o jogador se tornou para alçar grandes objetivos. O discurso, repetido inúmeras vezes, de que Jordan não passou de primeira e toda a encenação dele conversando com o garoto em quadra humilde das ruas o convencendo a não desistir de ter uma chance no time, é o grande problema no fim das contas. Além de ser muito mal montado com a paráfrase não exatamente analítica na recapitulação de lances, soa extremamente forçada pelas péssimas conduções de atores do próprio Snyder, dando um tremendo ar de artificialidade a historinha ali contada.

Como se não bastasse também as várias entrevistas de exaltação que basicamente se repetem junto ao resto, o curta ainda se encerra com várias crianças do time do menino e ele, junto a Jordan, fazendo um coral absolutamente aleatório para ser o carimbo da valorização do próprio ego. Não que ele não possa, afinal, Jordan é um monstro, mas falar o que geral já sabe, seja hoje ou na época, não torna o documentário bom.

Playground (Idem | EUA, 1990)
Direção: Zack Snyder
Com: Michael Jordan, Tyrin Turner, Christopher Reid, Christopher Martin
Duração: 43 minutos
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The Lost Tape: Andy’s Terrifying Last Days Revealed

 Zack Snyder

Seria bom se o Snyder investisse em mais curtas ao longo da carreira como complemento de seus filmes, ao invés de simplesmente lançar quinhentas versões estendidas para acrescentar mais coisa num mesmo filme. Aqui, muito do mérito também vem do roteiro de James Gunn, ao sustentar um texto sem a dependência da recriação de perspectiva do personagem no filme. Ele cria um panorama exclusivo aqui, um drama individual de carência de companhia e sobrevivência sobre uma fonte de esperança que sabemos que irá acabar. Entrecortando perfeitamente os momentos de gravações de flash, com desabafos originais e momentos do filme sobre sua ótica, o curta consegue dar as sutis motivações sentimentais por trás da pessoa Andy (Bruce Bohne).

O personagem que já era carismático em longa distância no longa-metragem, ganha ainda mais relevância na estrutura frontal de vlog proposta por Snyder, que querendo ou não trava alguns de seus vícios de câmera lenta e ultra estilização afins, que mérito a parte já eram bem dosados a época. O que importa, é que a proposta não é afugentada por eles e a recriação dos eventos do filme com isso, acaba sendo um bônus a aquela história e não, somente, o contrário. É um curta bem interessante – não é o único derivado de Madrugada dos Mortos que contém também uma série de reportagens sobre o ínicio do apocalipse intitulado Truck Over Zombies, só que este não é dirigido pelo Snyder – por funcionar para além do filme que é baseado.

The Lost Tape: Andy’s Terrifying Last Days Revealed
Curta Material Bonûs de Madrugada dos Mortos (Dawn of the Dead) de 2004
Direção:
Zack Snyder
Roteiro: James Gunn
Elenco: Bruce Bohne, Nicole Alexandra Lvova, Andrea Adam, Jake Weber
Duração: 17 minutos
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Superman 75

 Zack Snyder

Lançado pouco tempo depois de O Homem de Aço até como promoção do próprio filme, essa curta animado homenagem ao aniversário do Superman, inevitavelmente acaba dizendo muito da visão limitada do Snyder sobre o herói. Apesar do lendário Bruce Timm está ao lado do diretor nessa embarcada, proporcionando uma montagem dialética fantástica entre vários estilos de animação que marcaram o herói e que são fios condutores ideias para proporcionar o resumo curto de sua história, o recorte enquadrado das cenas não foca tanto na questão do símbolo geral da figura, mas somente, em lutinhas icônicas que demarcaram viradas chave na história de criação do personagem.

Fato é, que seria injusto dizer que a justaposição de imagens com as várias trilhas que marcaram a passagem dos anos no herói, não fazem esse trabalho de compor o símbolo de maneira automática. É méritos do curta, porque a proposta é fazer uma mistura mesmo e não exatamente propor algo original. Contudo, essa percepção puxada de um efeito nostálgico, acaba só reforçando a condicional de modernização do Snyder ser antiquada, pensando num olhar de um fã dos anos oitenta que se encantou com as páginas mais pelo visual e possibilidades cartoons, do que a representatividade do heroísmo. A animação fica difusa nesse sentido, embora, seu caráter objetivo ultrapasse essa barreira ao funcionar no impacto imediato a ser confirmado na formação do lettering final da homenagem.

Superman 75 (75 Years of Superman, Anniversary Short | EUA, 2013)
Direção: Zack Snyder, Bruce Timm
Roteiro: Zack Snyder, Bruce Timm
Duração: 2 minutos
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Snow Steam Iron

 Zack Snyder

A onisciência do observar a representação de uma luta antiga. Entendo que a duração do curta-metragem ajuda muito a não ser tudo redundante, em que as simbologias do conflito entre a mulher e o homem vão sendo revisados tanto no social quanto na realidade artística que reflete o comercial, observado na lógica de cenas coladas de contextos distintos que Zack Snyder equipara pelo movimento lento artificializado da fotografia. Com base nisso a metalinguagem é constantemente recolocada no olhar de figuras tendo suas fotos sendo tiradas e as lentes de câmera fotográficas, pois não se deve perder o senso de olhar e relacionar do que realmente a interpretação da experiência emocional.

Snyder parece trazer isso pela ideia de estilização clássica de sua carreira em função do desfoco e foco, engrenando a história pelo que se precisa olhar, não o que se está apenas na tela. Não há implícito, a o exercício é contrair o que se olha em uma interpretação realística da resistência da mulher contra o homem abusador. Desse jeito o diretor demonstra que a aparência é isso mesmo, não há uma atividade que mude. A arte em volta da protagonista, envolta das mulheres, pode ter a mesma caracterização em modelos apropriados pelo masculino, como também as faces apáticas por trás das câmeras e o próprio diretor que transforma a luta das mulheres em um especial de videogame enquanto ainda está embaixo das funções sociais impostas pela sociedade de ficar em casa.

Assim, embora pareça uma obra maior pelo assunto tratado, que algumas vezes passa a ser a sustentação justificável de uma estilização exacerbada para dramatizar algo além, ou com “links ousados” a alguma referência temporal, metalinguística e talvez da função da arte, Zack Snyder parece ser mais sucinto de maneira geral. A iconografia que conflita na montagem do título em um curto espaço de tempo que se finaliza na repetição, como uma foto de lembrança, sem vitalizar isso excessivamente como principal.

Snow Steam Iron (EUA, 2017)
Direção: Zack Snyder
Roteiro: Zack Snyder
Elenco: Samantha Win, Wesley Coller, Wayne Dalglish, Victoria Jacobsen, Allen Jo, Mike Justus, Ross Kohnstam, Jim Rowe, Damian Smith, Eli Snyder, Jen Sung, Kristin VanOvan
Duração: 4 minutos

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