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Crítica | Curtas de Guy Ritchie

por Davi Lima
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A proposta aqui é fazer uma crítica de cada curta-metragem que o diretor Guy Ritchie dirigiu, incluindo videoclipes, que são curtas-metragens com linguagens próprias da propaganda ou da indústria fônica. Abaixo está a descrição de cada produção para contexto de cada crítica, numerado pela ordem cronológica de lançamento. Acrescento a informação que as maravilhosas imagens desse post são obra do grande colunista do site chamado Iann Jeliel.

1 – O único clipe musical do DJ WestBam do single eletrônico Always Music, composto junto com Koon & Axel Stephenson, e o primeiro trabalho registrado do diretor Guy Ritchie. 

2- Sem esse curta-metragem o primeiro filme de Guy Ritchie não teria arrecadado investimento, em vista que a produtora Trudie Styler assistiu o curta e junto com o pedido de um papel para seu esposo, o músico Sting, no longa-metragem, garantiu grana para a carreira cinematográfica do diretor inglês deslanchar.  

3- O polêmico videoclipe da música What It Feels Like for a Girl que foi proibido de passar na MTV antes 21h por romantizar a violência e abuso de uma mulher criminosa. 

4 – Curta de uma série recompilada em 2003 da BMW com 8 curtas dirigido por diretores diferentes sobre situações do motorista interpretado por Clive Owen dirigindo um modelo da BMW. Na história de Star o modelo em questão é o 2001 BMW E39 M5. 

5 – Eleito por muitos fãs de futebol como uma das melhores propagandas já feitas sobre futebol. Como é um vídeo televisivo tem alguns cortes de 1 minuto, mas o dito director cut contém 3 minutos. 

6 – Propaganda da fragrância masculina da Dior com Jude Law. 

7 – Mais uma parceria e propaganda com David Beckham, agora um anúncio de uma cueca. 

8 – A primeira propaganda do uísque escocês de grã único da marca Haig Club. Anúncio que estreou na TV britânica também uma grande parceria com o ex-jogador de futebol David Beckham.

9 – A última parte da campanha da marca de fones de ouvido chamada Beats by Dre.

WestBam, Koon & Stephenson: Always Music

Clipes musicais tem o material musical como principal venda, e o trabalho surge de um fator pré-existente artisticamente. Então a montagem, ou a construção da história se envolve com as raízes da música, não necessariamente a letra é o tema para a história. No caso da música Always Músic há uma liberdade para o iniciante diretor Guy Ritchie, pois ela é essencialmente instrumental, de batidas e efeitos sonoros, contribuindo para que a narrativa do vídeo curta não seja apenas um apetrecho para o som. 

O modo cíclico da história que prevê uma transformação de como a música e a TV vão deformando a vida de uma jovem em casa amplia as inspirações que WestBam –  o DJ que fez a música com Koon & Axel Stephenson –  tem com a cultura urbana não branca da Inglaterra. Always Music é extremamente sincronizada com a montagem, dando um viés temático de como há um intuito com o single do clipe de conversar com o racismo na sociedade inglesa. Como os videoclipes tem repertório próprio, é um exemplo de como Guy Ritchie tem alguma consistência social que pouco se vê nos filmes, ao menos de maneira explícita, como nesse curta também.

Com um elevador e efeitos visuais de aceleração e colagem, uma narrativa de suspense e perseguição metafísica agita o espectador que em 1995 viu o primeiro e único single propagado de WestBam.

WestBam, Koon & Stephenson: Always Music (WestBam, Koon & Stephenson: Always Music) – Inglaterra, 1995
Direção: Guy Ritchie
Duração: 4 minutos

The Hard Case

Quando diretores são conhecidos por terem estilos autorais, em que seus longas são facilmente identificados como referência a um diretor, os primeiros curtas da carreira dão um norte para desmontar e decupar quais as preferências mais implícitas de um diretor em sua filmografia. Embora não seja difícil de identificar qual o estilo de Guy Ritchie, o seu primeiro curta dá uma dimensão a mais sobre como seu método é bem mais narrativo do que clipesco, como em geral aparenta. Desde da profundidade de campo que se estabelece com a fotografia ao geografar um jogo de poker, a maneira direta em como o curta define sua posição quanto aos protagonistas malandros, a montagem e a fotografia das ruas expande algumas percepções sobre a fórmula do diretor inglês.

A trama de The Hard Case é desenvolvida por um roteiro clássico com macguffin, a tal maleta que vira foco de câmera e faz a história acontecer definitivamente. A graça se faz com os fora da lei que nunca são sisudos, mesmo com aparências imponentes. O uso de uma câmera flutuante que acompanha os personagens na altura da cintura criar tanto um ar de imperiosidade como se molejo, como se fosse um misto de simpatia e vilania. Tudo que é perigoso na história, como o carro no fim da rua escura, como a sala que ilumina apenas a maleta, enquanto os personagens ficam na penumbra, ou a narração ou os diálogos dos personagens gravados com plano frontal, desarticulam alguma atmosfera misteriosa a um abraço de uma constante ironia de realidade. Guy Ritchie expressa muito bem no curta que seu método se baseia bastante na capacidade de ver a riqueza, no sentido mais literal, que os malandros se colocam, e por isso tudo parece irônico no universo deles, já que a riqueza não pertence a eles.

Assim, com uma montagem elaborada, mas com poucos recursos, o diretor estiloso evidencia como sua maneira de fazer filmes não é apenas estilo que veio de clipes musicais, tem um uma interpretação realista sobre o mundo que se quer contar. E o alcance desse curta só não é maior em qualidade porque talvez focou tanto no macguffin que a ironia do universo não alcance o principal material do filme, tornando uma história previsível em um contexto inverso.

The Hard Case (The Hard Case) – Inglaterra, 1995
Direção: Guy Ritchie
Roteiro: Guy Ritchie
Elenco: Darren Spencer, James Tarbuck, Eli Nathanson, Benedick Bates, Suzy Ratner, Siobhan Murphy, Julius Godson, Alan Boyle, Wale Ojo, Donald Standon, Neil Brenham, James Grant
Duração: 20 minutos

Madonna: What It Feels Like for a Girl

Depois do sucesso de Snatch, o diretor Guy Ritchie fez um trabalho para a sua esposa na época, nada mais nada menos que a Madonna. Diferente de seu primeiro trabalho com música, esse curta tinha um sucesso global sendo a protagonista e uma trilha musical de sucesso internacional com uma faixa pertencente ao álbum Music. Mesmo que tematicamente há uma interessante relação das sensações de uma garota, o título da música, e a relação corporal do perigo e liberdade feminina, algo que Madonna sempre ironizou e propagou com toques sexuais subliminares, ou nem tanto, o diretor inglês acaba produzindo uma grande ironia, mas sem o drama para fincar uma misantropia crítica eficaz.

É verdade que a dinâmica do curta preserva uma graça, uma piada irônica de como Madonna vai dirigindo um carro com a placa escrito pussy cat e vai criando palhaçadas na cidade sem nenhum pudor ou moral. A única figura estranha, que conflita essa imagem, é a velhinha que está no banco do passageiro do carro turbinado e em constante deterioração de batidas consecutivas. O plot twist, ou o fincar mais temática do porque a aleatória imoralidade da violência gratuita do curta, que não valoriza mixagem ou efeito de impacto, apenas há as representações de uma Madonna meio perturbada, associa a letra a música a êxtase do perigo e a sensação de ser mulher independente da idade. No entanto essa ironia para uma grande piada comercial com provocações sérias cria um desgosto amargo incompreensível.

Afinal, há mais estranhamento constante do que uma evocação sensual, crítica, ou qualquer que seja a diversão violenta que o curta pareça elaborar. Você sente pena da velhinha e a Madonna é a Neo do Matrix sem uma câmera lenta, ou até mesmo uma montagem – quem diria – que empolgue, como uma limitação sincrônica em relação ao timing eletrônico da faixa de Madonna.

What It Feels Like for a Girl (What It Feels Like for a Girl) – EUA, 2001
Direção: Guy Ritchie
Elenco: Price Carson, Madonna
Duração: 5 minutos

Star

Tem diretores que seus estilos são praticamente perfeitos para serem utilizados em pouco espaço de tempo, pois concentram toda a linguagem da mente deles numa regulagem natural do tempo. Tal regulagem não se vale de esculpir o tempo como o diretor russo Tarkovski faz, e sim reduzi-lo na medida da velocidade atrativa de uma didática mental de pensamento numa urgência para tratar certas temáticas.

Pois é, se o diretor Guy Ritchie é o debochado a ser considerado pela descrição, com seu humor britânico de araque – sem organização a ponto de só o slow motion, ou a super agilidade da montagem pode promover o real dentro do universo Ritchie – qualquer artificialidade super objetiva nesse curta metragem é explicável em qualidade de personalidade do diretor inglês. Há todo o campo hiper angular para mostrar o drift do carro da BMW nessa história de marketing produzida pela marca de carros. Ou seja, o cinema de propaganda é o encaixe perfeito para quem curte muito mais se mostrar do que contar uma história pautada em algum drama, ou cálculo elaborado em uma humildade que Ritchie não tem.

No curta, que conta a história de uma famosa orgulhosa precisa de um motorista, ainda mais ignorante que ela, a cantora Madonna vira piada na mão do diretor, maridão dela na época, então parece tudo dentro da casinha, com o ator Clive Owen como intruso observador, mas também usado como ferramenta da piada. Uma obra com as peças fundamentais para um diretor de filmes que soam como piadas internas, e quanto mais se reduz o tempo mais expressivo o estilo de Ritchie tem chance de não se desgastar.

Star (Star) – EUA, 2001
Direção: Guy Ritchie
Roteiro: Guy Ritchie, Joe Sweet
Elenco: Clive Owen, Michael Beattie, Toru Tanaka Jr., DTeflon, Troy Aguayo, Madonna, Christie McNew, Woon Young Park
Duração: 7 minutos

Nike: Take It to the Next Level

O que se poderia dizer com certeza sobre esse curta-metragem propaganda da Nike em 2008 é como o diretor Guy Ritchie evoluiu as tentativas do filme Goal! – Um Sonho Possível de 2005 em retratar uma narrativa de um jogador de soccer dentro de campo. Não é apenas a técnica de montagem rápida e viradas de câmera com ângulo de primeira pessoa que engrandece a narrativa, e sim o que se esconde para manter o que se vê realista. O diretor inglês por vezes é melhor em criar contexto e inserções subliminares do que trabalhar com a superfície dramática da coisa. Propagandas são feitas desse trabalho de direcionamento, o tal marketing, e por isso esconder é uma arte de expressar. 

Nesse pequeno filme sobre a narrativa cíclica e contemporânea de um jogador de futebol de sucesso no futebol inglês, no caso um holandês que joga no clube Arsenal, a velocidade não remete apenas ao jogo em campo, mas como imergir as referências do futebol na época escondendo o cenário não realístico. Claro, jogadores atores como Cesc Fàbregas, ou os já personagens como Ronaldinho Gaúcho contribuem para que as elipses da montagem não sejam magnéticas, e sim os ícones do futebol europeu num ambiente de CGI, ou colagens de jogadas. Fora isso, como é uma propaganda sobre uma marca esportiva a narrativa precisa contemplar a camisa, a chuteira, o treinamento antes dos jogos, os vômitos do jogador nos treinos como pausa da intensidade visual que causa tontura, e o status masculino envolta da profissão futebolística com mulheres bonitas serem um atrativo no intervalo entre os jogos com Materazzi na Inter de Milão, que o protagonista precisa marcá-lo, ou comemorar um gol com seu amigo espanhol. 

A graça, ou talvez conforto, seja que Guy Ritchie parece pertencer a esse mundo por meio dos seus filmes, mesmo não sendo jogador, ou não tendo um fora da lei jogando futebol. Talvez o único roubo seja ficar confuso qual a posição do protagonista para ter que marcar Cristiano Ronaldo e Ibrahimovic e aparecer na área para fazer gol. Tristemente geografia é o que se busca esconder, mas por motivos de insuficiência, não por capacidade de imersão.

Nike: Take It to the Next Level (Nike: Take It to the Next Level) – Inglaterra, 2008
Direção: Guy Ritchie
Elenco: Abou Diaby, Cesc Fàbregas, William Gallas, Ronaldinho Gaúcho, Klaas Jan Huntelaar, Zlatan Ibrahimovic, Andrés Iniesta, Marco Materazzi, Rafael Márquez, Nani, Denílson Pereira Neves, Cristiano Ronaldo, Wayne Rooney, Cléber Santana, Philippe Senderos, Wesley Sneijder, Carlos Tevez, Armand Traoré
Duração: 3 minutos

Un Rendez-vous 

Para todo homem inglês existe uma sombra cultural masculina que se chama James Bond. A cada nova alteração de produção criativa ou mudança de ator da franquia cogita-se um diretor inglês, ou alguém que pareça entender da elegância britânica da ação. Guy Ritchie normalmente torna os malandros elegantes, ou ironiza como eles sempre são elegantes como malandros. Essa mistura não se encontra nesse curta, ao menos o personagem de Jude Law não parece um fora da lei, apenas malandro em termos sensuais, se aproximando bem mais do que o diretor inglês já dirigiu um espécime de James Bond.

A história simples da propaganda da Dior Homme sobre um encontro francês e misterioso de um homem com uma mulher marcada pelo telefone só se torna complexa na mão do estilista Ritchie. O que poderia ser uma conversa bem montada, aprecia construções concretas de uma metafísica dos sentimentos, quando o personagem de Jude Law parece estar num desenvolver do tesão a cada fala com a mulher do outro lado do telefone enquanto uma outra mulher o ajuda a se vestir para o encontro. O plot twist você já sabe, e supera a imaginação do camarada que Ritchie valoriza a fotografia de Paris para vender perfume, sutiã, blazer e carro no processo todo. 

Sem dúvida mantém uma linha falsa que qualquer propaganda tem com intuito de vender, mas estranhamente há um tom cinematográfico que realmente permite um arte refrescar um encontro sensualmente parisiense.

Un Rendez-vous (Un Rendez-vous) – França, 2010
Direção: Guy Ritchie
Elenco: Michaela Kocianova, Jude Law
Duração: 5 minutos

H&M Spring 2013 

Nem a boniteza de David Beckham impede o constrangimento artificial criado num curta-metragem para mostrar o jogador como um astro de ação sem vergonha de correr de cueca, enquanto no percurso se amostra com a bola de futebol, pula por capôs de carros e vira um herói do parkour em busca do seu roupão. Se a historinha é feita para criar uma graça de constrangimento, mesmo com uma premissa não plausível para alguém rica como Beckham, se torna ainda mais quando o objetivo em volta do roupão não tem alcance.

Com certeza a propaganda quer vender uma cueca num corpo esbelto, e a plausibilidade na maioria das propagandas não são relevantes, já que o produto precisa aparecer, essa é a necessidade de contexto. No entanto, existe uma verossimilhança também necessária para que as pessoas reajam a Beckham correndo, ou que realmente esteja desnudado e as pessoas tirem fotos. Então, mesmo que se queira negar preceitos cinematográficos de uma história, mesmo para propor uma cueca para o espectador do YouTube ou TV. O modelo de uma história impulsionadora é a única coisa menos aceitável.

Por isso é um anúncio que pode até vender, e atrair pelo movimento de um cara correndo entre casas para pegar um roupão, mas é um grande engano evidente, sem pudor, literalmente, de que o objetivo de correr atrás do roupão não é importante quando se chega ao final do curta.

H&M Spring 2013 (H&M Spring 2013 ) – EUA, 2013
Direção: Guy Ritchie
Elenco: David Beckham
Duração: 2 minutos

Haig Club: Welcome

Esse é um dos piores tipos de modelo de propaganda, na qual há um mistério associado a uma música que não revela qual a marca ou o produto anunciado, apresentado nos últimos minutos como uma reviravolta dramática para os personagens gravados. Guy Ritchie já gosta de fazer surpresas com sua montagem, que nesse sentido preserva um lado menos ludibriante desse tipo de modelo de marketing, mas revela bastante como quando o diretor inglês se entrega por completo aos meandros comerciais é um impacto de caminhada abrupta de cisão quando a marca aparece em vídeo.

Numa narrativa dependente de uma montagem ágil e fotografia deslumbrante do norte das ilhas anglo saxônicas, vários personagens de maneiras diferentes chegam a uma casa. Se você pensar um pouco sobre o nome da marca, não há muito segredo sobre a ludibriação vergonhosa que se cria com personagens se olhando dentro ritmo da música do curta até o corte para a embalagem do uísque a ser anunciado. 

Só resta aquela sensação de sempre quando você ainda acha que o enunciado na TV é interessante e no final não passa de uma enganação poderosa. Foucault estava certo, a arte capitalista sabe ser falsa num nível hardcore quando quer.

Haig Club: Welcome (Haig Club: Welcome) – Inglaterra, 2014
Direção: Guy Ritchie
Elenco: David Beckham, Eva Bohatova, Dean Christie, Aaron Ly, Craig McGinlay
Duração: 1 minuto

Beats by Dre: Made Defiant – The Mixtape


Juntando futebol e mini histórias para convergir em uma apenas é a narrativa perfeita para o diretor Guy Ritchie que gosta de uma montagem didática e variar ritmos com uma comédia mais escrachada, em que os movimentos dos personagens em câmera lenta, ou quando quebram a quarta parede, criam uma espécie de humor físico. Porém, exatamente por esse quesito tão confortável, o diretor britânico usa o grafismo de decalques e uma fotografia com filtro de tempo antigo para tentar fazer a propaganda dos fones de ouvido ter uma dramaticidade, ou empolgação para um gol, em vista que se limita muito a apresentar gracinhas com os jogadores famosos.

O que consta no curta é uma clássica história de garotos que jogam futebol na rua, em casa, onde tiver uma bola. O aporte da inspiração é direto, em que a passagem pelas diversas histórias pessoais do jogadores de vários países diferentes se conectam tanto pelo futebol da criança russa na introdução, como o mixtape ouvido pelos fones da Beats by Dre que cada jogador usa para ouvir música antes de um jogo, ou quando está fazendo alguma atividade doméstica. A narração em off é outro artifício que prende o curta a um formato de comédia que sufoca, como se o grafite que que Guy Richie monta fosse tão carregado que a tinta escorre e borra a fotografia, a história e o material de clipes de jogadores para trabalhar.

Assim, não adianta nada ter um Neymar, um Özil, um Thierry Henry ou um Harry Cane, ou quem sabe um Patrice Evra rindo enquanto cozinha e quebrando a quarta parede. É uma propaganda que vai ter muito brilho, mas acaba pecando por um excesso temático alvoroçado, até mesmo para o humor.

Beats by Dre: Made Defiant – The Mixtape (Beats by Dre: Made Defiant – The Mixtape) – EUA, 2018
Direção: Guy Ritchie
Elenco: Bradley Connor, Daniel Croucher, Harry Kane, Matthew James Morrison, Neymar, Brian Stivale, Mesut Özil
Duração: 4 minutos

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