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Crítica | Crimes Vingados

por Luiz Santiago
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Crimes Vingados tem uma estrutura e uma história muito similar a de diversos westerns da década de 1950, destacando uma importante luta de um homem da lei contra indivíduos que vivem em conflito na região, nesse caso, os fazendeiros versus os donos de gado. Baseado em um livro de Lee Leighton, o roteiro de Oscar Brodney mantém uma interessante base de conflitos ao longo da narrativa, não apenas nas questões de disputas de território ou no evento que verdadeiramente costura o texto, ou seja, o enforcamento de um certo assassino, mas também no campos dos relacionamentos, sejam eles amorosos ou não.

Há uma tag interessante que marca este filme: a de que foi a primeira aparição de Clint Eastwood em um longa-metragem de faroeste, numa ponta de alguns segundos, com duas linhas de diálogo, logo no início da fita. O que ele diz para Bill Jorden (John Agar), o Xerife da cidade, é algo que ouvimos várias outras vezes no início do filme, com observações dando conta de que é “o grande dia” do enforcamento de Sam Hall (Richard Boone), logo no final da tarde. E tudo indica que isso pode representar um grande problema.

Por mais simples que seja a trama, o espectador ainda consegue tirar uma boa quantidade de elementos críticos, especialmente na questão do exercício da justiça em oposição ao linchamento ou acordos escusos para salvar a pele de alguém. Ao longo da projeção, essas ideias sociais vão se entrelaçando com os dilemas pessoais dos habitantes locais, e há um reforço desse tom cronista através da música que um cantor da cidade compõe de improviso, narrando um determinado ponto da história. O diretor Charles F. Haas usa esse artifício como um meio de ligação entre os atos e até para demarcar melhor a personalidade de cada um, como acontece com o próprio condenado, no início.

A montagem não cria nada de muito intenso, nem mesmo na cena que deveria ser o grande embate entre os pistoleiros. A divisão entre cada bloco dramático é quase automática, com uma progressão que funciona no geral, mas não possui nenhum tipo de elegância e nem constrói nada de simbólico ou mesmo visualmente mais apreciável. No caso da cena de tiroteio, isso é sentido de forma ainda mais intensa, e dá para perceber que o diretor “compensou” esse tipo de planificação dando bem mais atenção às cenas de luta; aproveitando o espaço de maneira mais interessante, nesses momentos, à medida que os homens jogam uns aos outros sobre a mobília do local.

Embora tenhamos uma trilha sonora interna que chama a atenção para si ao costurar os atos através de canções pensadas para cada personagem ou para cada situação, o trabalho de Frank Skinner deixa a desejar porque não traz nada de mais impactante, especialmente no final. A impressão que temos é de uma falsa leveza que até consegue fazer um diálogo de contraste com os eventos narrados (porque não há nada de leve nesse ambiente), mas que não utiliza dos instrumentos técnicos e nem mesmo das atuações para criar algo diferente, deixando o filme numa camada simples acima da média, falando de crimes vingados proposital ou ocasionalmente. Diverte, é claro, mas não é exatamente um grande filme.

Crimes Vingados (Star in the Dust) – EUA, 1956
Direção: Charles F. Haas
Roteiro: Oscar Brodney (baseado na obra de Lee Leighton)
Elenco: John Agar, Mamie Van Doren, Richard Boone, Coleen Gray, Leif Erickson, James Gleason, Randy Stuart, Terry Gilkyson, Paul Fix, Harry Morgan, Stuart Randall, Robert Osterloh, Stanley Andrews, John Daheim, Stafford Repp
Duração: 80 min.

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