Número de temporadas: 4
Número de episódios: 65
Período de exibição: 6 de setembro de 1988 a 16 de fevereiro de 1993
Há continuação ou reboot?: Não, mas o personagem é uma versão alterada de um dos vilões da série animada Danger Mouse (28 de setembro de 1981 a 19 de março de 1992), pelo que é possível considerar Conde Quácula como um spin-off. Quácula inclusive apareceu novamente no reboot de Danger Mouse, de 2015. A série, por sua vez, gerou o spin-off Victor e Hugo que, semelhante ao ocorrido com o personagem vampiro titular, é uma versão alterada dos personagens Gaston e Pierre da série.
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Conde Quácula, animação baseada no personagem homônimo que era consistentemente usado como vilão em Danger Mouse, mas que ganhou nova personalidade para o que tese podemos chamar de spin-off, é uma deliciosa subversão do mito vampiresco que se vale do humor tipicamente britânico e uma produção caprichada para sobressair-se em relação a tantas outras obras animadas serializadas da época, especialmente do outro lado do Oceano Atlântico. É como ver uma obra da Hanna-Barbera, mas com ainda mais capricho e detalhes, além de diálogos muito bem construídos em torno de uma premissa muito divertida.
Nessa premissa, o protagonista é a mais recente encarnação do Conde Quácula (voz de David Jason) que, por um erro do mordomo Igor (Jack May) que usou que usou ketchup no lugar de sangue durante a cerimônia, é vegetariana, adorando especialmente brócolis, tendo inclusive suas penas verdes. Bonzinho e inocente, o Conde Quácula é o anti-vampiro por excelência que vive tranquilamente em seu castelo teletransportável (de forma muito semelhante ao da Besta, em Krull) na Transilvânia juntamente com a Babá (Brian Trueman, que também escreveu o roteiro do episódio piloto), uma personagem enorme, um tanto quanto burrinha e absolutamente estabanada, que particularmente não consegue usar portas e atravessa paredes destruindo-as. Depois que a sinistra narração de Barry Clayton explica o que ocorreu para Quácula ser como é, o episódio começa com um quarteto de corvos tentando roubar o castelo e com Igor levando seu mestre para conhecer (novamente) a história da família por meio da galeria de quadros do lugar.
Com os corvos (vozes de Jimmy Hibbert) falhando seguidas vezes sem que sequer os habitantes do castelo se toquem de sua existência, Quácula se interessa pela história de um de seus longínquos antepassados que foi até o Egito procura o “saxofone místico”, instrumento capaz de hipnotizar as audiências quando tocado, mas que Igor quer usar para transformar seu mestre em um ser malvado como ele deveria ser. Não demora e o castelo é teletransportado – com os bandidos! – até o lado de uma das pirâmides egípcias e a busca pelo instrumento musical começa com a repetição da estrutura anterior que mantém os corvos invisíveis aos protagonistas e, claro, Igor jamais conseguindo o que queria.
O que realmente encanta em Conde Quácula é a esperteza do roteiro que se vale de uma infinidade de jogos de palavras para fazer humor, algo que, infelizmente, se perde quase que completamente na tradução em português. É uma sucessão de duplos entendimentos que é amplificada pela incapacidade da Babá de ouvir direito, ficando horrorizada como algumas palavras que ela entende erroneamente, com Igor frustrando-se a cada vez que seu mestre permanece um pato de boa índole, apesar de vampiro.
Outra característica da animação é sua qualidade. Não só os cenários estáticos são muito detalhados, valendo especial destaque para a galeria de quadros e para a câmara sacrificial na pirâmide, como a técnica de animação manual em si é rica, viva e dinâmica, com pouquíssimo reaproveitamento de tomadas. É nesse aspecto, diria, que Conde Quácula consegue ser muito superior à média de suas contrapartidas americanas da mesma época.
Conde Quácula é um pequeno tesouro animado esquecido pelas brumas do tempo que merece ser ressuscitado para novas gerações, mas não como uma nova encarnação, mas sim com a disponibilização da série oitentista de maneira mais ampla. É um prazer assistir as variadas desventuras do pato verde vampiro que só come vegetais que tenta reconciliar sua história com a de seus malévolos antepassados.
Conde Quácula – 1X01: Sem Sax, Por Favor, Somos Egípcios! (O Saxofone Místico) (Count Duckula – Reino Unido, 06 de setembro de 1988)
Criação: Brian Cosgrove, Mark Hall
Direção: Chris Randall
Roteiro: Brian Trueman
Elenco: David Jason, Jack May, Brian Trueman, Jimmy Hibbert, Barry Clayton
Duração: 22 min. (cada episódio)