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Crítica | Comando das Criaturas – 1X06: Priyatel Skelet

A violência pela violência.

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

O penúltimo episódio da primeira temporada de Comando das Criaturas segue o padrão da maioria dos anteriores, ou seja, oferece flashbacks de origem de personagem do grupo que quase nada agrega a ele ou ela se formos realmente espremer e faz de tudo para desviar-se da história que deveria ser a central. E Priyatel Skelet tem o agravante de contar uma origem para lá de clichê de um personagem que não é, na série, nem um pouco interessante para além de seu visual esquelético-fosforecente e sem que a ação no presente tenha algum elemento de destaque como foi, no episódio anterior, por exemplo, a dinâmica entre Eric Frankenstein e Rick Flag. James Gunn, com isso, faz da série uma sucessão de vinhetas de histórias de origem de personagens cujas origens, em regra, não importam em nada, mesmo que, naturalmente, algumas origens seja bem superiores a outras.

Inexplicavelmente transformando o grupo liderado pela Noiva em fugitivos escondendo-se desesperados no Pokolistão, mesmo que, no episódio anterior, o Comando muito claramente estivesse ganhando de lavada a pancadaria, o roteiro de Gunn divide os personagens, fazendo o Doninha entrar na floresta e fazer amizade com uma alcateia – facilmente a história mais diferente e, portanto, melhor de todas -, Nina e a Noiva ajudando prostitutas em um bordel a se livrarem de clientes violentos e o Doutor Phosphorus escondendo-se em um casa e sendo descoberto por uma menina que o aceita como ele é e que o faz lembrar de seu filho, criando a desculpa “necessária” para os flashbacks que narram os horrores por que ele e sua família passaram nas mãos de Rupert Thorne (Benjamin Byron Davis).

Graficamente violentíssima, a origem é o tipo de história que só existe pelo “fator choque”, para mostrar o quão Gunn pode ser ousado no uso da violência extrema. E para quem não conseguir ler nas entrelinhas, uso “ousado” aqui com forte dose de ironia, pois, infelizmente, tudo o que ele consegue fazer é semelhante à senhorinha cega sendo assassinada por Eric no episódio anterior, ou seja, espetáculo mórbido e completamente vazio para impressionar fanboy, não muito diferente do que Zack Snyder, incansavelmente comparado tanto positiva quanto negativamente com Gunn pelos dois lados entrincheirados na briga infantil entre Snyderverso e Gunnverso, costuma fazer sempre que tem oportunidade. É a violência pela violência, na base do porque sim, tentando criar momentos de subversão que não passam da cópia, da cópia, da cópia de tudo o que já vimos por aí muitas vezes de maneira muito melhor. Falando em Snyder e só para colocar lenha na fogueira, Crepúsculo dos Deuses, uma série animada sobre um grupo heterogêneo que se junta para lutar em prol de um objetivo em comum, usa violência extrema e exagerada de maneira muito mais relevante e eficiente do que Gunn em Comando das Criaturas.

Se pelo menos houvesse função narrativa para os flashbacks e se eles não tomassem de assalto os episódios de forma a transformar a história principal em subsidiária, eu nem reclamaria tanto, mas, como já disse em crítica anterior, Gunn parece não entender exatamente para que serve esse artifício e o usa sem nenhum tipo de critério, jogando-o de qualquer jeito na série para… não sei… talvez receber aplausos de quem acha isso o máximo… E eu também talvez não reclamasse tanto se a linha narrativa da Noiva com Nina fosse menos do que o óbvio ululante telegrafado a cada segundo de projeção, ainda que ouvir a voz de Shohreh Aghdashloo, que faz a cafetina (devia estar dando mole no set de Pinguim e foi recrutada para a animação), seja sempre um grande prazer.

Com isso, o que sobra mesmo, além de Aghdashloo, claro, é a linha narrativa do Doninha que, justamente por sua simplicidade desconcertante, consegue essa sim subverter expectativas e mais uma vez destacar um personagem estranhíssimo que Gunn parece adorar com todas as forças (e não há nada de errado nisso). Com um episódio apenas pela frente e, tenho certeza, mais flashbacks, Comando das Criaturas segue firme e forte na direção da mediocridade. Afinal, mesmo que o encerramento seja perfeito, a temporada não conseguirá ir muito além disso…

Comando das Criaturas – 1X06: Priyatel Skelet (Creature Commandos – 1X06: Priyatel Skelet – EUA, 02 de janeiro de 2025)
Desenvolvimento: James Gunn
Direção: Sam Liu
Roteiro: James Gunn
Elenco (vozes originais): Frank Grillo, Indira Varma, Sean Gunn, Alan Tudyk, Zoë Chao, David Harbour, Maria Bakalova, Shohreh Aghdashloo, Benjamin Byron Davis, Viola Davis
Duração: 25 min.

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