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Crítica | Clube dos Heróis Disney: Origem e Primeiras Aventuras

A Liga da Justiça da Disney!

por Luiz Santiago
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Neste compilado estão as cinco primeiras histórias do Clube dos Heróis, criado no Brasil em 1985, nas páginas da Edição Extra #166 – Clube dos Heróis Disney. A inspiração para a concepção deste grupo é evidentemente a Liga da Justiça. O grupo manteve praticamente o mesmo desde a sua formação, com exceção da adição do Morcego Verde (herói do Zé Carioca) à base, ainda na fase inicial de histórias da equipe. E aí, você já leu esses primeiros passos do Clube dos Heróis? O que achou dessas histórias? Deixe seu comentário ao final da postagem!
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O Clube dos Heróis

A formação original da “Liga da Justiça Disney”.

E tudo começou aqui, nessa aventura de 1986, que traz inicialmente o Coronel Cintra abarrotado de ligações e chamando o Morcego Vermelho para ajudar… a atender telefonemas! O texto de Gérson Luiz Borlotti Teixeira busca estabelecer os heróis a partir de suas habilidades, todos agindo contra um monstro alienígena que apareceu repentinamente em Patópolis, ao que tudo indica, “de carona” em um meteoro. A criatura tem um formato bem curioso, com partes tipicamente humanas e outras mais próximas dos caracóis, e vence cada um dos que tentam, individualmente, fazer com que ela se afastasse da cidade e interrompesse a destruição à la Godzilla ou qualquer outro kaiju maluco que se possa pensar. A meu ver, a melhor e mais orgânica participação de personagem na trama é a do Morcego Vermelho, que do início ao fim está agindo de maneira condizente com aquilo que conhecemos dele desde o ótimo duo Quem é o Morcego Vermelho? e Tudo Começou Assim…

À parte o vermelhinho, o texto acaba tropeçando na forma como elenca os outros heróis. Superpateta e Supergil ocupam segundo e o terceiro lugar de melhor uso narrativo na história, inclusive agindo na resolução definitiva do problema, levando a alienígena para o seu planeta natal. O Superpateta, aliás, tem uma impressionante introdução cômica e nada chata, enquanto o Supergilberto parece entrar de forma realmente inteligente na história, apresentando informações úteis para o contexto, e não tratamentos familiares ou bobagens tecnológicas sem sentido. Mas todo o restante da equipe está apenas para fazer número aqui. As heroínas, principalmente, são péssimas, tratadas com uma abordagem vergonhosa até mesmo para os padrões da sociedade brasileira de 1985 (ver um espaço exclusivo para a vaidade generalizadora e uma estereotipada “feminilidade” da Borboleta Púrpura + a absoluta patetice da participação da Superpata deixa um gosto amargo em qualquer leitor), enquanto o Superpato vem só para preencher “o espaço que faltava“. O Vespa Vermelha, por sua vez, é o Deus Ex Machina com a ideia óbvia que todo o restante do grupo já deveria ter tido desde o momento que seu viu no mesmo lugar.

E mesmo com uma visão tão dura a respeito do tratamento para a maioria dos personagens no enredo, eu entendo essa história como um início muito bom para o Clube dos Heróis. À parte as grandes vergonhas do texto, há que se elogiar a maneira desajeitada (no bom sentido do tempo) como esses personagens se colocaram aqui, especialmente porque nunca dividiram um problema com tantos outros heróis, não é mesmo? Temos aquela sensação gostosa de união de indivíduos com capacidades especiais ou participação notável no combate ao crime, gerando um grande engajamento no leitor, exatamente como aconteceu com a Liga da Justiça em Estelo, o Conquistador. E a História nos diz que a fórmula partiu daqui para lugares melhores ao longo dos anos, levando a iniciativa para um bom reconhecimento e um lugar todo especial no coração dos leitores que acompanharam o grupo no final dos anos 80 e ao longo dos anos 1990.

O Clube dos Heróis — Brasil, 12 de fevereiro de 1986 (criada em setembro de 1985)
Código da História: B 850121
Publicação original: Edição Extra 166 – Clube dos Heróis Disney
Editora original: Abril
Roteiro: Gérson Luiz Borlotti Teixeira
Arte: Roberto O. Fukue
Capa original: Moacir Rodrigues Soares (?)
15 páginas

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A Sede do Clube dos Heróis

E eis que surge o Ultracintra! Nesta segunda aventura do CH, o Coronel Cintra começa expondo a necessidade de uma burocratização (positiva) das relações entre esses heróis que se juntaram pela primeira vez poucos dias antes, ou seja, é necessária uma sede para reuniões e um presidente do clube, proposta que já começa criando um embate divertido entre Morcego Vermelho e Borboleta Púrpura, como sempre. Cintra assume aqui o papel de “guia policial” do grupo, a voz da lei que tem a ajuda desses super-heróis e, no fim das contas, torna-se também alguém com capacidades especiais. Em relação a isso, levando em conta o que é indicado no texto, parece que essa capacidade tecnológica de voo servirá apenas para a locomoção do Coronel até a sede do Clube dos Heróis, que é uma baita cidade nas nuvens pertencente ao Vespa Vermelha (e só para deixar claro, este lugar já é a renovação da base de operações do personagem após os eventos de A Volta Triunfal do Vespa Vermelha).

Se Cintra é o guia do grupo, o Vespa acaba agindo como um modelo experiente dentro do ramo super-heroico. Dentre os encapuzados e mascarados, ele é o mais velho, e por isso tem mais experiência nessa área, o que explica, por exemplo, o fato de ter uma base de operações imensa e bem equipada para ceder para o CH, e também o fato de ter sido votado por larga maioria para o cargo de presidente da equipe. Aqui não há uma ameaça para ser enfrentada pela equipe, não há um perigo ameaçando Patópolis nem nada parecido. Esta é apenas uma história de organização geral do grupo, de criação de algumas bases para que possam agir com mais segurança, precisão e melhor estratégia de luta em equipe, no futuro.

A Sede do Clube dos Heróis — Brasil, 12 de fevereiro de 1986
Código da História: B 850125
Publicação original: Edição Extra 166 – Clube dos Heróis Disney
Editora original: Abril
Roteiro: Gérson Luiz Borlotti Teixeira
Arte: Irineu Soares Rodrigues
Capa original: Moacir Rodrigues Soares (?)
7 páginas

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Um Sócio na Vila Xurupita

E cá encontramos a entrada do Morcego Verde ao Clube dos Heróis, em uma história que, assim como em A Sede do Clube dos Heróis, tem basicamente a função de atingir o objetivo exposto no título, e nada mais. Não há um real impulso dramático que sirva como “desculpa” para a entrada do Zé Carioca no CH. Os primeiros quadros apenas mostram o grupo chegando à sede secreta (e vemos o Ultracintra curtindo até demais o seu uniforme de super-herói) para imediatamente votarem na adição do verdinho da Vila Xurupita à equipe. O leitor fica curioso em relação ao funcionamento dessa integração, porque como o Zé mora longe de Patópolis e, por motivos óbvios, não quer deixar a Vila desprotegida, surge imediatamente a pergunta de como serão as missões em que ele vai participar no futuro. Claro que nada disso é respondido aqui, mas não importa, porque não é a hora. Deixemos para cruzar esta ponte quando chegarmos lá.

Ultracintra e Superpateta se voluntariam para avisar ao Morcego Vermelho da honra de ter sido escolhido para o Clube dos Heróis, o que dá um tom cômico muito gostoso à história e uma cara bem brasileira, com a nave dos heróis sendo furtada e levada para um local de desmanche de peças. Como disse no início, não há uma grande aventura aqui, mas o pouco que temos de conflito serve muito bem ao propósito de marcar a presença desses poderosos em cena e validar a entrada do Morcego Vermelho no clube. Ultracintra termina a aventura dizendo que vai se aposentar das funções de herói, porque tomou uma surra dos bandidos e não pode tirar um cochilo depois do almoço. Vamos ver o quanto ele vai conseguir ficar longe do manto…

Um Sócio na Vila Xurupita — Brasil, 12 de fevereiro de 1986
Código da História: B 850125
Publicação original: Edição Extra 166 – Clube dos Heróis Disney
Editora original: Abril
Roteiro: Gérson Luiz Borlotti Teixeira
Arte: Roberto O. Fukue
Capa original: Moacir Rodrigues Soares (?)
9 páginas

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Ameaça dos Meteoros

Esta é a verdadeira primeira aventura do Clube dos Heróis depois de sua formação. Em O Clube, eles se uniram por acaso e venceram a ameaça da monstra alienígena aos trancos e barrancos — não que isso melhore aqui, mas estamos falando de um momento definitivamente diferente na vida deles. Nesta Ameaça dos Meteoros, os heróis já existem como grupo e estão patrulhando a Terra de maneira regular, para impedir que coisas ruins aconteçam ao planeta. O modelo utilizado é o mesmo da Torre de Vigilância da Liga da Justiça, e o escritor Arthur Faria Jr. consegue fazer essa referência mesclando-a com o humor físico tão recorrente para esses heróis. O estranho é que o roteiro diz que “todos” os membros do Clube (exceto o Superpateta, “que pegou uma supergripe“) estavam reunidos na sede, para discutir o problema, mas isso não é verdade. Faltava ali o Morcego Verde. Já se esqueceram do coitado do Zé Carioca? Que pecado!

A ação dos personagens aqui é maravilhosa. O Professor Gavião, vilão responsável por manipular os meteoros, coloca uma condição milionária para o grupo, caso contrário, diz que irá destruir Patópolis com esses meteoros que ele pretende atrair de vários lugares do espaço. A partir desse ponto, temos o Clube inteiro em ação, e então chegamos à melhor parte do quadrinho. A bagunça de movimentação da equipe, a falta de estratégia, as trapalhadas na hora de executar uma ideia e a maneira como, por puro acaso ou sorte, conseguem vencer o bandido no final é muito divertido e faz com que essa primeira ação oficial do grupo seja uma baita história gostosa de se ler. E o Professor Gavião termina dizendo que irá voltar! Pelo visto, já temos um arqui-inimigo na lista, não é mesmo?

Ameaça dos Meteoros — Brasil, 12 de fevereiro de 1986
Código da História: B 850133
Publicação original: Edição Extra 166 – Clube dos Heróis Disney
Editora original: Abril
Roteiro: Arthur Faria Jr.
Arte: Irineu Soares Rodrigues
Capa original: Moacir Rodrigues Soares (?)
15 páginas

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Os Bons Até Debaixo D’Água!

Sete meses depois do lançamento das primeiras aventuras do Clube dos Heróis, eles voltaram a aparecer nos quadrinhos, agora nas páginas do Almanaque Disney, edição 184. Aqui, notamos que a promessa do Coronel Cintra realmente se manteve (por enquanto, pelo menos): ele está apenas com a sua identidade profissional, prendendo os bandidos da vez (Professor Gavião — que de fato voltou! — e Dr. Estigma) e dando uma força moral para seus amigos heróis. Novamente, o texto diz que todos os membros da equipe estão reunidos, mas está faltando o Morcego Verde. Tenho a impressão de que, pelo menos nessas aventuras iniciais, o Zé Carioca foi pensado como um membro de luxo, uma ocasional carta na manga, caso o Clube precisasse de uma força maior ou caso tivessem que enfrentar um problema fora das fronteiras de Patópolis. Seria interessante arranjar alguma justificativa para a ausência do verdinho ou pelo menos citar, superficialmente, que ele existe.

O problema estranho da vez são as baleias no litoral de Patópolis, que se recusam a permanecer na água. Além disso, há um vazamento de petróleo na região, e o Vespa Vermelha divide a equipe em três grupos de ação, um para cuidar do óleo, outro para cuidar das baleias e outro para investigar a causa desses desastres estarem acontecendo. É uma condução bem similar à divisão de tarefas da Liga da Justiça, e muito bem executada também. O roteiro se aproxima e se distancia dos muitos núcleos de ação e dá espaço para alguns heróis terem seu momento de destaque — uma pena que são poucas páginas de história, então não tem como todos conseguirem trabalhar sozinhos ao menos uma vez. Ainda assim, o destaque dado a alguns membros, em cada grupo, cobre bem essa necessidade de destaque de ação. E como não podia faltar um pouquinho de desastre, mais uma vez a superlotação da nave e, agora, a questão do combustível, causam um acidente que os vilões presos da edição comemoram, ouvindo o noticiário na prisão. Como não gostar desse povo maluco?

Os Bons Até Debaixo D’Água! — Brasil, 23 de setembro de 1986
Código da História: B 860058
Publicação original: Almanaque Disney 184
Editora original: Abril
Roteiro: ?
Arte: Irineu Soares Rodrigues
Capa original: Giorgio Cavazzano (desenho reutilizado) e arte-final de Moacir Rodrigues Soares (?)
11 páginas

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