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Crítica | Citadel: Diana – 1ª Temporada

O Spyverse dos Irmãos Russo viaja para a bela Itália.

por Ritter Fan
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  • Leiam, aqui, as demais críticas do Spyverse de Citadel.

Citadel: Diana, segunda série do chamado Spyverse resultado da parceria dos Irmãos Russo com o Prime Video, definitivamente é uma melhoria em relação à decepção que foi a primeira temporada de Citadel, mas ainda não justifica a existência desse universo ambicioso, global e multilíngue em que tanto dinheiro foi investido. No entanto, é um passo tímido na direção certa que ainda tem a vantagem de não exigir que se assista a série mãe para compreende-la, além de suavizar todos os cacoetes visuais forçados que a série de 2023 tinha.

Para quem viu a primeira temporada de Citadel, basta dizer que Citadel: Diana também se passa em 2030, oito anos depois que a agência de espionagem em tese vilanesca Mantícora aniquilou a agência de espionagem em tese boazinha Citadel, assassinando todos os seus agentes e técnicos e as duas histórias, apesar de temporalmente paralelas, nunca realmente tangenciam para além dessa visão macro que, para benefício daqueles que não sabem de nada, ganha a devida contextualização aqui. Na produção italiana (falada primordialmente em italiano e com elenco também primordialmente italiano, o que é ótimo), o foco fica mesmo na personagem do título, Diana Cavalieri (Matilda De Angelis), em princípio a última agente viva da Citadel que há anos infiltrou-se na filial italiana da Mantícora, comandada por Ettore Zani (Maurizio Lombardi) com uma missão de sabotagem interna.

Apesar de a série ainda recorrer a algumas assinaturas visuais da série principal, como a câmera giratória, a direção de Arnaldo Catinari se segura e nunca exagera. Tudo bem que a própria Diana, no presente da série, tem um corte de cabelo assimétrico desnecessariamente indicando sua “dupla identidade” e as ambientações relacionadas com a Mantícora – tanto na filial italiana quanto na francesa – são exageradamente grandiosas e assépticas, como gigantescos hospitais altamente tecnológicos, mas não tem muito jeito em razão da ambição da premissa do projeto milionário, que contará, ainda, com produções em outros países como Índia e México, além da série principal claro. O que realmente importa é que Catinari puxa as rédeas quando precisa e que os roteiros contam uma história consideravelmente mais interessante ou, no mínimo, menos artificial, do que as de Mason Kane e Nadia Sinh.

Com a ação principal no presente girando ao redor de um MacGuffin na forma de uma arma secreta dividida em duas partes, uma com a Mantícora França e outra com a Mantícora Alemanha e Diana trabalhando com o cientista idealista Edoardo “Edo” Zani (Lorenzo Cervasio), filho de Ettore, para recuperá-la e novamente elevar o status diminuído da Mantícora Itália, com direito a muitas reviravoltas, traições e planos mirabolantes e a ação no passado – oito anos antes – contando a história de como Diana, investigando a morte de seus pais em um acidente aéreo, esbarra em uma conspiração que a leva a ser recrutada pela Citadel e treinada por Gabriele (Filippo Nigro) que lhe ensina a encapsular seus sentimentos em um “cofre mental” que a leva a ter fortes dores de cabeça em momentos convenientes para o roteiro, Citadel: Diana funciona bem no vai em vem temporal, ainda que, no início, os roteiros faça uma confusão que reputo proposital sobre a verdadeira aliança da protagonista.

Matilda De Angelis pode não ser uma grande atriz – ou, sendo justo, ela pode não ter uma performance espetacular na série -, mas a personagem solitária e torturada por saber ser a única agente da Citadel no literal ninho de cobras cujo símbolo parece demais com o da fabricante francesa de automóveis Peugeot que ela constrói prende a atenção do espectador e funciona como o chamariz para a série funcionar de maneira muito mais eficiente do que a primeira da franquia. Sem dúvida alguma que ver a Catedral de Milão destruída em um atentado que só explicado mais para o final e o uso de belíssimas locações na cidade, em Lugano, na Suíça, e também em Trapani, na Sicília, além do uso do italiano como língua principal e subsidiariamente o francês, o alemão e um pouquinho de inglês quando as circunstâncias exigem, criam, no conjunto, uma boa identidade à série.

No entanto, no final das contas, Citadel: Diana não é exatamente especial ou diferente do que vemos por aí com uma certa frequência. Trata-se, espero, do começo de uma tendência que venha, em algum momento, justificar toda a ambição do chamado Spyverse, ainda que, no fundo, eu duvide muito de projetos grandiosos que já chegam se autodenominando de “universo” ou “franquia”, especialmente quando estamos falando dos Irmãos Russo que, depois de serem descobertos na Marvel, não conseguiram ainda chegar nem próximos do que fizeram por lá.

Citadel: Diana – 1ª Temporada (Idem – Itália, 10 de outubro de 2024)
Desenvolvimento: Alessandro Fabbri
Direção: Arnaldo Catinari
Roteiro: Alessandro Fabbri, Gianluca Bernardini, Giordana Mari, Ilaria Bernardini, Laura Colella
Elenco: Matilda De Angelis, Lorenzo Cervasio, Maurizio Lombardi, Julia Piaton, Thekla Reuten, Bernhard Schütz, Filippo Nigro, Giordana Faggiano, Daniele Paoloni, Marouane Zotti, Jun Ichikawa, Maxim Mehmet, Carlo Sciaccaluga, Sonia Bonny
Duração: 271 min. (seis episódios)

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