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Crítica | “Circus” – Britney Spears

por Leonardo Campos
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Circus foi um álbum que veio cheio de expectativas, afinal, se Britney Spears tinha conseguido produzir o interessante Blackout em meio aos devaneios midiáticos de 2007, na fase equilibrada que se estabeleceu entre 2008 e 2009, era de se esperar um trabalho revolucionário, concorda? Pois as coisas não aconteceram como deveriam: mesmo recomposta, Britney não retornou com um álbum melhor que o anterior, produzido em meio à fase ruim de sua vida pessoal. Apesar de ter abandonado os gemidos e sussurros e investidos num vocal mais direto, a artista pop trouxe algo relativamente novo para as suas propostas já apresentadas anteriormente, mas a novidade não denota maior qualidade.

Com ressonâncias do eletropop e da música dance, Circus foi considerado por parte da crítica especializada como “Blackout 2.0”, pois trouxe canções de confronto, bom desempenho comercial, expressão de alguém que buscava demonstrar que estava de volta ao jogo depois de um período de forte turbulência, entretanto, o sexto álbum de estúdio careceu de maior autenticidade. Há bons momentos, mas o resultado geral é abaixo do esperado, com produção executiva assinada por Larry Rudolph e Teresa LaBarbera Whites, profissionais responsáveis por trazer mais uma vez Max Martin, Danja e vocais de apoio da “questionável” Kesha.

O primeiro single foi a grudenta Womanizer, faixa lançada em 26 de setembro de 2009, pouco antes do surgimento do álbum nas prateleiras e nas plataformas de download.  Bem sucedida comercialmente e recepcionada com calor pelos fãs, a canção composta por Nikesha Briscoe e Rafael Akinyemi nos apresentou uma mulher cansada as artimanhas do namorado “mulherengo”. Com videoclipe dirigido pelo competente Joseph Kahn, a faixa uptempo, possui os ganchos repetitivos comuns aos singles de Britney Spears, com influência eletropop direta.

A faixa título Circus foi o segundo single. Com letra ousada e confrontadora, os arranjos mesclam o som synthtop com a música uptempo. O primeiro, estilo de música em que os teclados e sintetizadores aparecem como os instrumentos musicais dominantes, numa junção frenética do som eletrônico com o rock e o pop dão o tom, juntamente com o segundo, outro estilo musical conhecido por seu ritmo acelerado, geralmente na casa das 120 batidas por minuto. Com videoclipe dirigido por Francis Lawrence, o mesmo do ótimo I’m Slave 4 U, Circus entoando que “todos os olhos estão virados para mim no centro do ringue como um circo” e “há somente dois tipos de pessoas no mundo: aquelas que entretém e as que observam”.

O material ganha sequência com a doce e boba Out Of Under, balada romântica simples; If U Seek Amy, faixa produzida por Max Martin, polêmica ao apresentar conotações sexuais disfarçadas em seu refrão-título; a pouco interessante Shattered Glass, canção sobre a traição de um namorado que surge num arranjo que parece uma espécie de retalho de dos bons momentos de In The Zone; a lenta e aconchegante Unusual You, faixa que traz referências ao estilo longe, com Britney expondo ao seu par romântico que “talvez você nem seja humano porque somente um anjo pode ser tão diferente”; logo mais, as inexpressivas Blur, Mmm Papi, Mannequin, Lace and Leather e My Baby. O álbum também tem Radar, parte integrante de Blackout que retornou e ainda ganhou um sedutor videoclipe, bem ao estilo atrevido de Britney Spears.

Tal como dito por um crítico na ocasião do lançamento, Circus é um álbum pop bobo, com batidas insípidas e fruto de músicas dançantes anabolizadas. Não é ousado como Britney, tampouco sexy como In The Zone e Blackout. Parece uma mistura da antiga e da nova versão da artista. Há, como mencionado anteriormente, singles atraentes, mas de maneira geral, como álbum, soa pouco expressivo, principalmente para uma cantora que ousou em seus últimos três trabalhos.

Com 46 minutos e 15 segundos, Circus veio acompanhado do espetáculo The Circus Starring Britney Spears e foi promovido através de performances em programas televisivos e premiações ao redor do planeta. Com 97 shows e participação dos designers de moda Dean e Dan Carter, a turnê teve um visual caprichado, em detrimento da qualidade nos desempenhos da cantora, pois como sabemos, artista deste quilate dependem da presença de palco para fazer as suas músicas terem sentido. Ao apresentar uma insegura Britney Spears nos palcos, o trabalho suscita questões acerca da capacidade da artista em retornar ao frenético mundo da cultura pop.

No que concerne aos desempenhos ao vivo, ela comprovou que de fato não estava preparada, num trabalho que era o prenúncio do que seriam as suas aparições em futuros shows e programas especiais. Já no que diz respeito aos singles e videoclipes, o problema teria sido resolvido parcialmente, afinal, a voz continuou sendo tratada pelos sintetizadores e para cada trecho da coreografia não captada pela artista, os responsáveis pela edição caprichavam na estética “veloz e furiosa” comum ao gênero audiovisual em questão.

Aumenta: Radar/Unusual You
Diminui: Lace and Leather

Circus
Artista: Britney Spears.
País: Estados Unidos.
Lançamento: 28 de novembro de 2008.
Gravadora: Jive Records.
Artista: Pop, R&B, synthtop.

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