Home TVEpisódio Crítica | Chucky – 3X02: Let the Right One In

Crítica | Chucky – 3X02: Let the Right One In

Crimes no palácio.

por Felipe Oliveira
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Embora pareça estar no mesmo lugar em termos de andamento de história, agora que chegou em sua terceira temporada — pois, ora, é desde o seu ano de estreia que a série aponta para a sede de poder do boneco assassino — há uma energia que tem feito Chucky soar empolgante novamente, e essa é característica evidente nesse segundo episódio que parece trabalhar melhor as ideias introduzidas no capítulo anterior. Dessa vez, o trio de sobreviventes volta a ter o foco como protagonismo enquanto o roteiro traz uma subversão para a fórmula que Don Mancini vinha seguindo. 

Pelo visto, Devon Sawa está interpretando um personagem realmente agradável pela primeira vez na série, porém, ainda que seja o presidente dos Estados Unidos, o cargo mais importante é destinado para Charlotte, que sai da sombra de esposa e passa a assumir o papel de lidar com a trilha de sangue que o brinquedo assassino vem trilhado. Retomando a lógica do episódio de abertura da temporada passada, o terceiro ano de Chucky está homenageando filmes de terror e suspense em seus títulos e emulando um paralelo no que a trama desenvolve, e aqui, o marcante Deixe Ela Entrar é a referência para as tentativas do trio em obter acesso a Casa Branca: enquanto o filme sueco usava do mito de que um vampiro só pode entrar em algum lugar se for convidado, Let the Right One In brinca com a ideia de quem é confiável a pisar no Palácio em um momento crítico.

Esse se torna um artifício irônico nas mãos do boneco possuído que apenas espera abater novas vítimas para finalmente dominar as decisões políticas do país, então, seja quem for, dentro ou pretende entrar, faz parte da sua contagem regressiva de corpos. Se por um lado o tratamento cômico e incabível do roteiro parecia facilitar as ações dos personagens e trazia um tom conveniente para uma série autocontida, finalmente um risco — ainda que comedido de impactos — eliminar a sra. Fairchild era uma escolha necessária para que a série ganhasse alguns pontos para esse caminho familiar de promessas e repetições narrativas. E o que torna, de fato, os ataques de Chucky divertido, é a direção pensada para brincar com a ideia de baixa estatura do boneco, e ter a execução de John Hyams traz um dinâmico jogo de violência, intensidade e movimentos, destacando a temporada com uma abordagem mais sádica, bons efeitos práticos e uma fotografia visceral de Christopher Soos.

À medida que Let the Right One In sofre para não perder de vista a importância do trio dentro de uma interação calculada, o que melhor tem funcionado em Chucky é as ações do boneco para levar seu plano de domínio a um novo patamar, e não demora muito para Mancini dar alfinetadas que pretendia ao levar o boneco para a Casa Branca quando em suas falas, o serial killer comemora — “Deus abençoe a América!” — o fato de todo o crime que cometer será encoberto pelo governo americano. Se era esperado o boneco tirar de cena políticos conservadores, ele nada mais quer do que se aproveitar de um luto recente da família presidencial, debochar e ainda usar a bandeira do país para seus crimes.

Se depender dessa abordagem, Chucky já tem o que precisa para continuar sua série legado: o cinismo, a trama ácida e o brinquedo assassino usando um smartphone. São elementos frequentes na atração, mas que parece ter chegado em sua melhor fase desde a primeira temporada ao deixar de lado a participação de personagens da franquia e dividindo os arcos com Chucky, o trio de protagonistas e seu novo alvo: a capital dos Estados Unidos. Seria realmente insano ter o famoso boneco como presidente e ver a gama de caos que Mancini exploraria com sua criação, mas enquanto essa utopia são meras possibilidades, o que vale é ver a crueldade imparável do brinquedo em busca de poder.

Chucky – 3X02: Deixe a Pessoa Certa Entrar (Chucky – 3X02: Let the Right One In – EUA, 2023)
Direção: John Hyams
Roteiro: Don Mancini, Catherine Schetina, Amanda Blanchard
Elenco: Zachary Arthur, Bjorgvin Arnarson, Alyvia Alyn Lind, Devon Sawa, Brad Dourif, Lara Jean Chorostecki, Jackson Kelly, Callum Vinson, Michael Therriault, Gil Bellows, Alex Paxton-Beesley, Franco Lo Presti, Annie Briggs, Steffi Di Domenicantonio
Duração: 44 min.

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