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Crítica | Chuck – 5ª Temporada

A nostalgia antes do fim.

por Felipe Oliveira
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No desfecho da sua penúltima temporada, Chuck deixou em aberto a possibilidade de dois ganchos finais. O primeiro apontava para uma conspiração maior onde, todos os vilões e corporações enfrentadas pela “melhor equipe de espiões”, faziam parte de um mirabolante plano desconhecido. O segundo gancho encerrava o ciclo do nerd espião com o seu melhor amigo, Morgan, sendo o novo Intersetorial. Para um ano que explorou várias facetas da série de maneira irregular, Chris Fedak e Josh Schwartz chegaram no limite da criatividade para continuar contando essa história que não importava se estava desgastada na própria fórmula enquanto possuía um público. Novamente, o show superava o risco de cancelamento e sobrevivia para aquela que seria a sua última missão, com a audiência contando que a qualidade fosse preservada, entregando um final digno para essa história apaixonante sobre espionagem, relacionamentos e família com um estilo nerd desajeitado.

De qualquer forma, os ganchos deixados não foram tratados com urgência uma vez que a grande sacada da temporada final foi recontar a história da série do ponto de vista da auto-homenagem, da nostalgia; quase que um reboot testando efeitos diferentes – um bom exemplo disso é a gag com Jeff e Lester tendo suas memórias apagadas toda vez que descobriam sobre as missões. A ideia de celebrar o próprio universo seria interessante se o programa ainda estivesse no auge, mas, naquela altura, já tinha perdido o tato. Só em seu argumento – de um nerd comum baixando várias habilidades e informações em seu cérebro – já soava absurdo, e o que Chuck fazia senão tornar bizarro e bobo tudo o que era pra ser levado a sério no mundo da espionagem? E chegou um momento que isso não era mais genial, apenas repetitivo.

Mas foi graças ao público fiel, com um dos mais notórios fandoms da internet, que Fedak e Schwartz puderam reimaginar a última temporada como um espelho da primeira, deixando cada peça como era antes. Dessa forma, ao fazer uma auto-homenagem, a dupla não só celebrava o que criaram, como também compartilhavam com a audiência a oportunidade de contar essa história da melhor maneira depois de estourar a bolha de risco do cancelamento por cinco vezes. Nisso, é válido observar como a ideia de memória foi utilizada de diferentes pontos durante o ano final da série; como uma gag, como nostalgia – relembrando até Shawn, “o maior vilão” – e principalmente, como pista ao arco mais tenso que apresentaram: Sarah voltando a ser sua versão antes de Chuck.

Assim como o suposto filme baseado na série ainda permaneça no imaginário, da forma, quando se trata do seu final, muitos apontam para o sabor amargo que ficou, porém, há também quem conseguiu visualizar a beleza que foi ter deixado a história de Chuck e Sarah na incerteza da possibilidade depois do último beijo em que a câmera se afasta e deixa o público contemplar a cena de longe. De certo modo, o foco daquele final foi em contar o antes e depois da jornada do nerd espião e deixar o resto para imaginação, mas até onde podemos ver, a conclusão é que Bartowski mudou o jogo. Para Casey, a persona rude e bruta do implacável Coronel voltava apenas por alguns minutos para lembrarmos de como ele era. Enquanto para Chuck e Sarah, a luta era sobre lembrar o que construíram, e nesse caminho, pela primeira vez, a série mostrava quem era a assassina treinada antes de se apaixonar durante a missão com mais intensidade – e como sempre, a Yvonne Strahovski potencializava a personagem com sua performance.

Sendo assim, para cada personagem, tinha-se o vislumbre do antes e depois em pequenos atos, o que pontuava a memória da série em celebrar sua história – até a Compre Mais foi vendida para novos donos, se tornando outro empreendimento. E mesmo que tenha sido a temporada mais irregular desde a sua estreia, era divertido como Chuck se sentia mais à vontade e afiada com seu roteiro. Além da bem-vinda participação de Carrie-Anne Moss, o humor da série passou a beber mais das referências à cultura pop e internet, o que possibilitou uma aparição de Stan Lee interpretando a si mesmo como um espião enquanto que a auto-referência prestava tributos a série – como quando Chuck pilotou um helicóptero, quando Sarah invadiu o quarto dele para roubar o computador, ou quando Bryce detonava uma das unidades da CIA para destruir o Intersetorial.

Seja como, Fedak e Schwartz encerraram como um final digno de ser lembrado, afinal, não era toda série que tinha o prestígio de sobreviver ao cancelamento e poder contar com um desfecho marcante. Sem dúvidas, o projeto Bartowski foi um sucesso; e com ou sem Intersetorial ele era um espião calçando All-Star e capaz de tomar a decisão necessária para salvar a quem. E o mais importante: nunca diga “uma última missão”.

Chuck – 5ª Temporada (Chuck – EUA, 2011-2012)
Criação: Chris Fedak, Josh Schwartz
Direção: Robert Duncan McNeill, Allan Kroeker, Patrick R. Norris, Peter Lauer, Jay Chandrasekhar, Frederick E.O. Toye, Jeremiah S. Chechik, Zachary Levi, Paul Marks
Roteiro: Josh Schwartz, Chris Fedak, Phil Klemmer, Rafe Judkins, Lauren LeFranc, Kristin Newman, Nicholas Wootton, Craig Digregorio
Elenco: Zachary Levi, Yvonne Strahovski, Joshua Gomez, Vik Sahay, Scott Krinsky, Sarah Lancaster, Adam Baldwin, Ryan McPartlin, Mark Christopher Lawrence, Bonita Friedericy, Linda Hamilton, Mekenna Melvin
Duração: 13 episódios (42 a 44 min cada)

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