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Crítica | Chicago Med: Atendimento de Emergência – 2ª Temporada

Os desafios continuam num dos melhores dramas médicos contemporâneos.

por Leonardo Campos
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Criada por Dick Wolf, a narrativa que tal como sabemos, radiografa o cotidiano de médicos, enfermeiros e pacientes do Chicago Medical Center, foi exibida entre setembro de 2016 e maio de 2017, com 23 episódios que constatam a evolução dramática e a manutenção da qualidade estética desta narrativa seriada que dá um banho de criatividade e relevância quando a comparamos com a mediocridade do drama médico mais consumido na contemporaneidade, a inicialmente interessante e atualmente decadente Grey’s Anatomy. Na cadeira de direção, Michael Waxman, David Rodriguez, Arthur W. Forney e Charles S. Carroll comandam a segunda temporada de Chicago Med: Atendimento de Emergência, episódios escritos pela sala de roteiristas composta por Michael Brandt, Matt Olmstead, Derek Haas e Dick Wolf. Não faltam emoções e aventuras com sinistros de trânsito, pacientes em estado terminal, cirurgias delicadas, criminosos na sala de atendimento, hackers invasores de sistemas, responsáveis por transformar o cotidiano hospitalar num caos, pacientes com questões de gênero que pedem esclarecimentos e abandono da ignorância por parte dos profissionais de saúde, uma nevasca com consequências devastadoras, pessoas em busca de suicídio assistido, medidas extremas que põem em risco a licença dos médicos, dentre outras situações complexas e tensas, tanto na dinâmica hospitalar quanto na atribulada vida pessoal dos personagens.

Ao longo da segunda temporada, dentre os destaques, Will Halstead (Nick Gehlfuss) continua indo bem no exercício de sua profissão e relativamente estabelecido na vida pessoal, tal como Natalie Manning (Torrey DeVitto), personagem que divide com o médico a posição de equilíbrio em suas dinâmicas profissionais e pessoais. Dr. Ethan Choi (Brian Tee), agora residente chefe do atendimento emergencial, passa por obstáculos esperados por alguém que ocupa uma posição tão importante. O carismático psiquiatra do local, Daniel Charles (Oliver Platt), continua em sua posição de mentor, com problemas familiares envolvendo a sua filha, a epidemiologista Dra. Robin (Mekia Cox), gravemente acometida por questões acerca da sua saúde mental. Dentre as suas missões, o psiquiatra também salva a Dra. Sarah Reese (Rachel DiPilho), de uma crise que a faz se afastar do hospital e questionar as suas escolhas profissionais. A intensa enfermeira Maggie Lockwood (Marlyne Barret), corpo e alma da série, mantem-se em evolução enquanto uma das melhores figuras ficcionais do programa, tal como April Sexton (Yaya DaCosta). A diretora do Chicago Med, Sharon Goodwin (S. Epatha Merkerson), atravessa uma fase complicada, após o marido pedir o fim do casamento que já não andava muito bem. O prepotente e charmoso Dr. Connor Rhodes (Colin Donnell), competente, mas explosivo em suas interações, agora sai da emergência para trabalhar com na cardiologia com Isidore Lathom (Ato Essandoh), o cirurgião cardíaco autista que lhe coloca em várias situações desafiadoras.

No primeiro episódio, mudanças bruscas precisam ser tomadas na administração hospitalar, antecipação para um caso de dois bebês de famílias distintas, acometidos por males que podem ser fruto de uma conexão inesperada. No terceiro capítulo, a visita da irmã de Maggie traz à tona revelações bastante inesperadas, prévia da infecção que causa transtornos na saúde da filha de Dr. Charles. A equipe atravessa um momento angustiante com um engavetamento de carros, ocorrido em virtude de uma nevasca, conteúdo do quinto episódio. Entre o sexto e o sétimo bloco narrativo da série, Sharon reencontra um namorado da juventude numa situação de saúde delicada e um caso raro de câncer deixa todos envolvidos em busca de respostas para o devido tratamento. Nos episódios oito e nove, uma garota que precisa passar por uma delicada cirurgia encontra resistência da mãe e uma doação de rins pode ser a salvação da vida de um paciente. No episódio dez, Maggie enfrenta o seu passado ao reencontrar, na sala de atendimento, um policial que abusou do poder numa situação nada agradável para a sua memória recente. As crises de Reese só aumentam no episódio onze, passagem também desafiadora para Connor, médico que precisa lidar com um paciente bastante incomum.

Ao longo do capítulo doze da temporada, um paciente com sintomas que mudam repentinamente desafia os conhecimentos da equipe de médicos do hospital. O transtorno de personalidade de uma misteriosa mulher traz desconforto para todos, em especial, Dr. Charles, em ebulição no episódio treze, um dos melhores do ano em questão. Uma nevasca causa estragos no desenvolvimento do décimo quarto bloco narrativo da série, prévia da luta de Connor, no episódio 15, pela salvação da vida de um paciente acometido por um gravíssimo trauma. A embrionária e frenética montanha-russa de emoções segue seu fluxo com o coma de uma jovem mulher grávida (episódio 16), a queda de um garoto num rio e as discussões de dois médicos num caso envolvendo um derrame (episódio 17), a chegada de um ex-professor de Will, solapado por uma doença considerada fatal, (episódio 18), a astúcia de um hacker que invade o sistema do hospital e pede um dispendioso resgate (episódio 19), as questões familiares dos personagens protagonistas, decisivamente dramáticas (episódio 20), uma mãe na batalha pela cura do câncer raro de seu filho (episódio 21), a crise psiquiátrica da filha de Dr. Charles (episódio 22) e a chegada de um competitivo novo médico no Chicago Med, a colocar Connor numa posição de enfretamento (episódio 23, último do ano em questão).

E sim, ao longo da segunda temporada deste drama médico, ainda me mantive envolvido com a leitura de A História e Evolução dos Hospitais, livro lido enquanto escrevia as reflexões do primeiro ano de Chicago Med: Atendimento de Emergência, produção que ao lado de New Amsterdam: Toda Vida Importa, se posiciona como uma das melhores realizações deste dentro segmento narrativo demasiadamente explorado na televisão. Interessante observar que a preocupação com os procedimentos que buscam cuidar da saúde humana remonta aos tempos mais antigos, como descrito na análise da temporada anterior. Na Babilônia, por exemplo, o exercício da medicina começou pelas passagens nos mercados. As pessoas adoecidas eram conduzidas para o local pelo fato de, na época, não existirem médicos. Os transeuntes atravessam o espaço e observam os doentes, opinando caso já tivessem passado por males parecidos. Ao longo da história, não apenas para os babilônicos, a humanidade que antes se preocupava apenas com a família e seus afazeres precisaram correr atrás em busca de defesa, principalmente depois que o tráfego de povos começou a aumentar e o população mundial, a se alastrar por vastos continentes. Com isso, vírus, bactérias e outros causadores de enfermidades. Essa proteção coletiva levou ao surgimento dos primeiros hospitais e, consequentemente, aos grandes centros contemporâneos, vistos nos dramas médicos analisados por aqui.

Chicago Med: Atendimento de Emergência – 2ª Temporada (Chicago Med, Estados Unidos/2016)
Criação: Matt Olmstead, Dick Wolf
Direção: Vários
Roteiro: Vários
Elenco: Nick Gehlfuss, Yaya DaCosta, Torrey DeVitto, Brian Tee, Marly Barrett, S. Epatha Merkerson, Oliver Platt, Colin Donnell
Duração: 43 min. (Cada episódio – 23 episódios no total)

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