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Crítica | Cegonha em Frenesi (Meg Langslow #12), de Donna Andrews

Bebês à vista!

por Luiz Santiago
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Finalmente os bebês de Meg Langslow nasceram! Bem… infelizmente não na base da trama, fazendo parte da história, integrando o mistério a ser resolvido neste décimo segundo volume da série. Aqui em Cegonha em Frenesi, Donna Andrews escreve uma “típica aventura com mulher grávida“, constantemente chamando a atenção para o fato de sua heroína estar gestante (e eu ri inúmeras vezes com o fato de Meg e Michael chamarem os gêmeos por nomes de duplas icônicas da ficção, indo de Tico e Teco a Thelma & Louise) e criando situações cômicas e chamativas para que ela pudesse agir, em vez de ficar cochilando ou descansando pelos cantos. Mais uma vez, estamos diante de um evento social/cultural que acontece na propriedade do casal protagonista, um evento que tem a ver com a apresentação de uma peça de teatro, produzida por um dos alunos de Michael na Universidade local.

Eu diria que a apresentação do ambiente e dos componentes misteriosos iniciais dessa aventura são bem mais interessantes que o seu desenvolvimento e caminho de encerramento. Ter uma história onde Meg está com o barrigão e precisa organizar um grande evento onde tudo parece dar errado gradualmente (e como sempre) é um caminho de entretenimento que combina com a série e sugere uma boa estrutura para o crime que, em algum momento, deve acontecer. Mas quando a vítima da vez é descoberta, na biblioteca da casa, o leitor sente uma mínima pontada de decepção. Talvez o fato de ter preparado demais o terreno ou demorado demais para apresentar a vítima possa ter atrapalhado a história, retirando-lhe muito do impacto inicialmente planejado.

Com a casa cheia de estudantes universitários (jovens atores e atrizes), o número de suspeitos a se considerar é muito grande, e o fato de termos uma professora que todo mundo odiava, assassinada, adiciona um sabor diferente ao crime. Em certa medida, isso lembrou bastante a dinâmica do assassinato em Nós Sempre Teremos Papagaios, só que aqui, com suspeitos bem mais próximos da protagonista e de seu esposo. A cada par de aventuras, a autora faz questão de criar um enredo “minimalista” em espaço de ação, como comprovamos aqui. Tudo se passa em poucos cômodos da casa, e o fato de a vítima ter sido “assassinada 3 vezes” (bem, foram 2 tentativas e uma execução de verdade: uma por injeção cavalar de insulina – que verdadeiramente a matou -; uma por envenenamento de chá; outra por uma paulada na cabeça com a estátua da deusa-hipopótamo egípcia Taweret) deixa tudo muito engraçado do ponto de vista investigativo e também de possibilidades.

Mesmo doze livros depois, Donna Andrews ainda insiste em encerrar suas histórias com Meg colocada sob a mira de uma arma. Vocês que vêm acompanhando meus textos sobre a série, sabem que este é um dos pontos que eu mais critico negativamente nos livros, mas admito que, com o passar do tempo, a autora tem melhorado a forma como escreve essas cenas. No entanto, eu preferiria que ela guiasse o enredo, em seu ato final, para um caminho ainda não visto em suas obras.

O encerramento de Cegonha em Frenesi revela um assassino que satisfaz o leitor. A motivação dele é compreensível (apesar de diegeticamente patética); o assassino não é alguém totalmente sem sentido com a proposta; e a história acaba se fechando bem, considerando aquilo que propõe. No entanto, tudo é escrito e desenvolvido sem muito brilho, sem muito esmero narrativo ou empolgação na criação dos eventos. As coisas que deveriam ter maior impacto acabam sendo minadas por um encadeamento estranho da história… ou transformam-se em algo completamente diferente, como a presença do renomado dramaturgo espanhol que se faz presente na casa de Meg, a convite da Universidade, para assistir à montagem de uma de suas peças. O que acabou funcionando mais no final do volume foi a bolsa de Meg estourando e ela tendo que correr para o hospital, para dar à luz. Ao menos o livro foi finalizado com um toque irreparável de fofura. Menos mal.

Mistérios de Meg Langslow – Livro 12: Cegonha em Frenesi (Meg Langslow Mysteries – Book 12: Stork Raving Mad) — EUA, junho de 2010
Autora: Donna Andrews
315 páginas

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