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Crítica | Cactus Jack, o Vilão

O melhor Looney Tunes com atores reais.

por Ritter Fan
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Mesmo não sendo nem próximo de muito bom, Cactus Jack, o Vilão é, sem dúvida alguma, a melhor versão live-action dos Looney Tunes já feita, muito superior às tentativas de unir animação com atores reais que vimos nos dois Space Jam. Mais especificamente, o faroeste quase inacreditavelmente estrelado por Kirk Douglas, Ann-Margret e Arnold Schwarzenegger é o que o clássico desenho do Coiote e do Papa-Léguas seria com humanos, com Douglas vivendo o incompetente vilão do título, sempre acompanhado por seu sacana cavalo Uísque, sendo contratado para perseguir e roubar o dinheiro transportado pelo grandalhão e inocente Forasteiro Bonitão (Schwarzenegger) e a bela e fogosa Charmosa Jones (Ann-Margret).

Apesar de Douglas, a essa altura de sua carreira, já ter algumas comédias em seu currículo, essa é completamente diferente de tudo o que ele havia feito e viria a fazer, por ele realmente encarnar a versão toda vestido de preto e com esporas que não param de anunciar sua presença do Coiote do clássico desenho, com direito a todo o sofrimento que o bicho passa por tentar caçar o Papa-Léguas. Isso significa cair de desfiladeiros, ser esmagado por rochas gigantes e, claro, pintar um túnel na parede que funciona para quem ele está atrás, mas não para ele. Schwarzenegger, por seu turno, faz um papel perfeito para seu nível dramatúrgico, já que ele passa quase que o tempo todo sentado na carroça que comanda com aquele rosto de parvo, não conseguindo chegar próximo de compreender os avanços da bela mulher ao seu lado, já que Charmosa Jones é o estereótipo da mulher irresistível que sabe de seu poder de sedução, o que a deixa constantemente frustrada com o grandalhão de uniforme azul claro que viaja com ela.

Hal Needham era um coordenador de dublês que conseguiu transitar bem para a cadeira de diretor, comandando filmes que exigem muito uso de colegas de sua profissão original. Cactus Jack, o Vilão foi seu terceiro longa, depois do extremamente bem-sucedido Agarra-me Se Puderes e do menos bem-sucedido, mas ainda assim bem lucrativo Hooper, o Homem das Mil Façanhas, ambos estrelados por Burt Reynolds e Sally Field e ambos privilegiando a fisicalidade das sequências de ação. No faroeste protagonizado por Douglas, Needham tenta o estilo mais Mel Brooks de ser, focando no pastelão e na pura bobeira, mas sem qualquer tentativa de comentário social ou de paródias mais inteligentes do que o óbvio ululante. Mesmo assim, o longa funciona com competência por pelo menos metade de sua já curta duração.

O problema da segunda metade é que Needham não consegue sair do loop infinito da repetição de algumas poucas gags, o que faz a narrativa parecer consideravelmente mais longa do que é. Temos que lembrar que os desenhos dos Looney Tunes funcionam muito bem porque eles são intensos e ágeis, mas curtos. Muito acontece em pouquíssimo tempo e quase sem repetição ou, quando ela acontece, a minutagem já acabou. Aqui, o diretor tinha quase 90 minutos para tentar preencher com as peripécias dolorosas que o Coiote vive por não mais do que 10 minutos de cada vez, o que mantém tudo sempre fresco. Infelizmente, o roteiro de Robert G. Kane em seu segundo e último trabalho no audiovisual, não sabe o que fazer com os personagens satélite que introduz e não oferece variedade narrativa, com o ciclo que estabelece Cactus Jack bolando um plano e executando-o sem que sequer suas vítimas percebam que algo está acontecendo não demorando para cansar. Nem mesmo a introdução de nativos (brancos de olhos claros, obviamente) em determinada altura ajuda muito a tirar o longa de sua rotina.

Mesmo assim, diria que é um grande feito Needham real e corajosamente conseguir trazer para o live-action toda a estrutura dos desenhos matinais do Coiote e do Papa-Léguas, especialmente se pensarmos que seu projeto conseguiu arregimentar o interesse de ninguém menos do que Kirk Douglas e Ann-Margret, dois nomes mais do que conhecidos em Hollywood, pareando-os com outro bem menos conhecido, mas que dominaria o cenário de filmes de ação na década seguinte juntamente com dois ou três outros brucutus. Cactus Jack, o Vilão diverte e pode até surpreender quem se interessar em dar uma chance a essa pérola esquecida do pastelão.

Cactus Jack, o Vilão (The Villain – EUA, 1979)
Direção: Hal Needham
Roteiro: Robert G. Kane
Elenco: Kirk Douglas, Ann-Margret, Arnold Schwarzenegger, Paul Lynde, Strother Martin, Jack Elam, Mel Tillis, Ruth Buzzi, Foster Brooks, Robert Tessier
Duração: 89 min.

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