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Crítica | Burying the Ex

por Ritter Fan
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estrelas 3

A carreira cinematográfica de Joe Dante, diretor dos clássicos Piranha, Gremlins e Viagem Insólita certamente não será reerguida por Burying the Ex, seu primeiro longa desde 2009, quando lançou O Buraco.  Mas isso não quer dizer que os fãs de filmes de terror trash com espírito oitentista não apreciarão o que Dante fez aqui.

Com uma premissa simples, efeitos especiais práticos simples, atuações simples e uma direção simples, Burying the Ex emula, com facilidade, as obras de zumbi de baixo orçamento de outras décadas, acrescentando, talvez, uma dose extra de acidez na crítica social e outra de muita referência ao gênero para cinéfilo algum botar defeito.

Max (Anton Yelchin, o novo Chekov do reboot de Star Trek) é um vendedor de uma loja de fantasias de Halloween cuja namorada vegetariana e toda politicamente correta Evelyn (Ashley Greene) acabou de se mudar para seu apartamento. Acontece que, diante de uma estatueta de um demônio-gênio, os dois prometem ficar “juntos para sempre”, algo que nem a morte de Evelyn, que volta como zumbi, pode impedir. Max ainda tem que lidar com seu meio-irmão tarado Travis (Oliver Cooper) que só quer saber dele para usar seu apartamento como motel e com um novo interesse amoroso, Olivia (a bela Alexandra Daddario), dona de uma sorveteria temática (um sorvete para quem adivinhar o tema!).

Com essa estrutura simples e óbvia, o roteiro do estreante Alan Trezza destila veneno contra a correção política (praga do século XXI!) e não deixa de dar forte estocadas nas decisões impensadas de morar junto, casar e em relacionamentos aleatórios em geral. Não há profundidade no tratamento de qualquer assunto, mas todos eles servem ao propósito da narrativa, ainda que, às vezes, o roteiro tenha que recorrer a exageros (engraçados, mas ainda assim exageros) como quando Evelyn transforma o apartamento de Max em uma moradia 100% ecológica da noite para o dia, com direito até a paredes verdes quase fosforescentes.

Os efeitos práticos se resumem à maquiagem em Ashley Greene, que vai, no desenrolar da fita, deteriorando-se, mas nunca ao ponto de ficar completamente feia, mesmo no ápice de sua zumbificação. É que Dante não quer perder tempo com isso. Ele faz como Romero fez em A Noite dos Mortos Vivos (citado amplamente durante a projeção), usando o tema zumbi apenas como pano de fundo para a crítica social.

O mesmo vale para as atuações do quarteto principal. Yelchin é o garoto assustado com sentimento de culpa que não para de fazer caras e bocas; Greene é a “namorada dos sonhos” que, claro se torna um pesadelo; Cooper é uma versão ainda mais asquerosa de Seth Rogen fazendo papel asqueroso e, finalmente, Daddario é o piteuzinho de olhos arregalados de mangá que é o verdadeiro amor do protagonista. Todos funcionam bem dentro do que esse tipo de filme exige e não muito mais do que isso.

A direção de arte é cuidadosa e consegue trazer para os cenários o máximo de informação visual possível de forma natural, ainda que circunscrita ao objeto da fita. É que Max e Olivia têm seu próprio mundinho nerd/geek onde vivem e toda a decoração que vemos é para ampliar essa sensação de uma dupla muito particular, que funciona para distanciá-la da mesmice insuportável de Evelyn. Além disso, as homenagens ao gênero terror acontecem aí, com posteres, filmes ao fundo (ou nem tão ao fundo assim) e diversos outros pequenos elementos que constroem bem a aura descaradamente oitentista do trabalho de Joe Dante.

Burying the Ex é uma pequena diversão descompromissada que merece ser conferida pelos amantes do gênero e por quem ainda se lembra com prazer da curta era de glória do diretor.

Burying the Ex (Idem, EUA – 2014)
Direção: Joe Dante
Roteiro: Alan Trezza
Elenco: Anton Yelchin, Ashley Greene, Alexandra Daddario, Oliver Cooper
Duração: 88 min.

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