Home FilmesCríticasCrítica | Bridget Jones: Louca Pelo Garoto

Crítica | Bridget Jones: Louca Pelo Garoto

O retorno carismático da amável, atrapalhada e irreverente Bridget Jones.

por Leonardo Campos
3,4K views

Quem é mesmo Bridget Jones? Amplamente conhecida depois que saiu das páginas das colunas jornalísticas e do romance em formato de diário de Helen Fielding, se transformando numa personagem cinematográfica, Bridget Jones se tornou um ícone cultural, representando a mulher moderna em sua busca por amor e felicidade. Ela é uma figura ficcional que ao passo que rompe, mas também reforça estereótipos tradicionais. Entre suas trapalhadas e adaptações dentro dos contextos onde é inserida, é uma mulher dominada por imperfeições, como qualquer ser humano, sem ter a prepotência de representar, nas situações dramáticas e cômicas que vivencia, a realidade feminina por meio de essências. Autêntica, com suas vulnerabilidades e diante da tela encapsulando lutas e triunfos femininos do contemporâneo, Jones é o retrato da mulher que batalha com resiliência, numa caminhada em busca de autoaceitação, amor, compreensão de si e empatia do outro, dessa vez, em um quarto filme que espelha a sua travessia na vida, numa trama sobre luto, amadurecimento e com tom de encerramento, expondo ao público muita nostalgia, num enredo que faz ri, chorar e, ao mesmo tempo, nos identificar, independentemente que sejamos homens, mulheres, ou qualquer classificação que caiba ao espectador.

Sob a direção de Michael Morris, cineasta guiado pelo roteiro concebido por Dan Mazer e Abi Morgan, dupla inspirada no romance homônimo de Helen Fielding, Bridget Jones: Louca Pelo Garoto provavelmente é a última incursão da carismática personagem no âmbito do cinema, ao menos pelo viés dramático de Renée Zellweger, atriz que, desde a primeira aparição em 2001, tornou-se a cara da figura ficcional atrapalhada, mas de muita identificação com as nossas peripécias cotidianas nos meandros dos relacionamentos, agora, ainda mais desafiadores que antes. E, nesse processo, eu confesso que mesmo diante de possíveis imperfeições narrativas em alguns momentos da franquia, Bridget Jones foi parte do meu processo de formação da cinefilia no começo dos anos 2000. Período onde deixava de amar exclusivamente os filmes de terror, paixão da infância, para conhecer e apreciar outros tipos de histórias. Sendo assim, tecer considerações sobre a protagonista é uma atividade que mescla memória, emoção e empolgação, pois como deixo delineado sempre que verso sobre essa história, todos nós somos Bridget Jones, salvaguardadas as devidas proporções comparativas.

Dessa vez, a protagonista atravessa quatro anos de luto pela morte de Mark Darcy, interpretado por Colin Firth, o grande amor de sua vida. Ele morreu após participar de uma missão humanitária no Sudão e deixou a esposa e seus dois filhos, a caçula Mabel (Mila Jankovic) e o mais velho de dez anos, Billy (Casper Knopf). É nas dinâmicas com o jovem que o lado maternal de Bridget Jones vai render mais material dramático ao longo dos 124 minutos de narrativa, longos para a proposta de enredo estabelecida, mas nada que atrapalhe a fluência do que é apresentado. Tomado por tristeza constante e retraído pela ausência paterna, o garoto nos rende momentos emotivos durante a concepção da nova história interpretada com o mesmo carisma e garra por Zellweger. Entre a escrita em seu diário, enfrentamentos com as mães dos colegas de classe de seu filho, os encontros e conselhos dos velhos e novos amigos, Jones é constantemente pressionada a seguir a sua vida e apostar em um novo amor. O cafajeste de Daniel Cleaver, interpretado pelo sempre ótimo Hugh Grant continua na área, mas agora como um grande amigo. Assim, será com Roxster (Leo Woodall), um bombeiro “novinho”, que ela viverá suas mais novas aventuras, nos deixando em dúvida: será que ainda há espaço para o amor para a loira? Além do jovem, entra em cena o Sr. Wallace (Chiwetel Ejiofor), professor de seu filho. Agora é escolher.

Com uma direção que mantém determinados caminhos já trilhados por Sharon Maguire em incursões anteriores, a direção de Morris é mais coesa que os dois últimos filmes da jornada de Bridget Jones. O texto dramático assinado pela dupla de roteiristas mencionada anteriormente também oferta um frescor, ajuda no emprego de um ritmo mais fluido para a trama, além de boas linhas de diálogos. Na seara estética, a produção também mantém relações com o que já tinha sido empregado anteriormente no mundo ficcional das trapalhadas e aprendizagens da Sra. Jones: a direção de fotografia de Suzie Lavelle alterna planos abertos e mais fechados para flertar com as emoções da protagonista e de seus coadjuvantes, apostando numa iluminação favorável aos melhores momentos dos personagens que circundam pela história, o design de produção de Kave Quinn nos mergulha no universo de Bridget, transportando suas dimensões psicológicas e sociais para o espaço por onde ela atravessa, certeiro tal como os figurinos de Molly Emma Rowe, responsável por traja-la em sua nova fase, a peculiar cada dos cinquenta anos de idade. E, como não poderia ser diferente, a trilha sonora encanta, tanto a textura percussiva de Dustin O’Halloran, quanto os clássicos e contemporâneos presentes.

Em linhas gerais, um filme simples, de ritmo ameno, mas de mensagens encantadoras.

Bridget Jones: Louca Pelo Garoto (Bridget Jones: Mad About The Boy) – Inglaterra/França, 2025
Direção: Michael Morris
Roteiro: Dan Mazer e Abi Morgan, baseado no romance homônimo de Helen Fielding
Elenco: Renée Zellweger, Chiwetel Ejiofor, Hugh Grant,  Helena Rivers, Leo Woodall, Colin Firth, Sally Phillips
Duração: 124 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais