Referenciando Os Brutos Também Amam, um faroeste clássico dirigido por George Stevens, esta terceira edição da série Brad Barron mostra a primeira parada do protagonista após fugir de Manhattan, tema explorado no volume anterior. Sem gasolina para a moto que encontrou pelo caminho, ele faz uma parada e ouve, num matagal próximo, o grito de uma mulher mais alguns tiros logo a seguir. Este é o começo de uma amizade entre Barron, Ellen e seu jovem filho Tommy, que tentam sobreviver na fazenda família, evitando ao máximo chamar a atenção dos morbs.
Assim como aconteceu em Fuga de Manhattan, descobrimos aqui um pouco mais a respeito dos invasores alienígenas, como a pouca atenção que eles dão para a população rural (fazendo valer a estratégia de invadir as grandes cidades do mundo e dominar o restante por tabela) e também um de seus modos de subsistência, nesse caso, a criação de larvas gigantes destinadas à alimentação. Por se tratar de uma história mais humana, focada em uma relação passageira entre Barron e uma família rural, Tito Faraci escolhe não trazer mais nada em relação à organização dos alienígenas. Os que aparecem ligam-se diretamente à presenta de Barron no “cercadinho das larvas” e mais nada, uma escolha que achei bastante acertada.
Desenhado por Giancarlo Caracuzzo, esse volume se mostra o mais caloroso da série até agora, retomando um pouco da alegria que é viver em família e colocando Barron em uma situação de quase paz e felicidade, algo que ele estava precisando. Mesmo que tenha um problema sério para resolver aqui e o personagem precise usar a força e ser colocado em situações de grande perigo, o motivo da luta é familiar, para salvar uma mulher viúva e seu jovem filho que o tempo inteiro quer se mostrar o homem da casa, o que dá um sabor diferente à ação do herói e ao próprio status da invasão no mundo.
E assim como em sua base referencial (o western), o herói segue solitário após uma marcante passagem na vida de pessoas desconhecidas. A diferença, aqui, é o fato de que Brad Barron tem um destino fixo, uma missão específica para cumprir. Ele tem esperança de encontrar a filha e a esposa ainda vivas, e é em direção a elas que ele segue.
Em Terra Perdida, Faraci nos dá a oportunidade de respirar um pouco mais levemente, de sair do centro da cidade grande e ver como essa imaginada invasão extraterrestre ganharia forma no interior do país. É uma trama com alguma ternura, a despeito do caos, violência e desesperança em volta dos personagens. Uma fagulha de felicidade e plantio de esperança num mundo aparentemente perdido.
Brad Barron – Vol. 3: Terra Perdida (Terra Perduta) — Itália, julho de 2005
Roteiro: Tito Faraci
Arte: Giancarlo Caracuzzo
Capa: Fabio Celoni
Editora original: Sergio Bonelli Editore
No Brasil: Graphite Editora, 2019
96 páginas