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Crítica | Books of Blood (2020)

por Rodrigo Pereira
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Os Livros de Sangue são uma coleção de obras de terror lançadas pelo escritor britânico Clive Barker ainda na década de 1980. As histórias já renderam uma adaptação para o cinema em 2009 com um filme homônimo dirigido por John Harrison. Logo, a sexta obra original de ficção lançada pelo Hulu, plataforma de vídeo sob demanda, é a segunda adaptação cinematográfica dos famosos contos de Barker, que já teve seu trabalho elogiado por Stephen King.

Dirigido por Brannon Braga, Books of Blood nos introduz a uma antologia de três histórias aparentemente independentes, mas que estão intrinsecamente interligadas. Jenna (Britt Robertson), uma jovem com grande sensibilidade auditiva e perturbada por um evento pouco esclarecido de seu passado, é nossa primeira protagonista. Com uma relação conturbada em casa, ela foge ao ouvir que sua mãe pretende interná-la novamente, indo parar na casa de Ellie (Freda Foh Shen) e Sam (Nicholas Campbell), um aparente adorável casal que possui hábitos bastante aterradores.

Mesmo que a direção consiga criar uma atmosfera de incerteza e que há algo estranho com o local onde Jenna está hospedada, não temos muito mais do que isso. Com exceção das cenas em que descobrimos os segredos dos moradores da casa, temos uma grande quantidade de momentos monótonos sem grande acréscimo para a história, como a ida ao café ou a conversa na sala da casa com Gavin (Kenji Fitzgerald), prejudicando a atmosfera de mistério e terror. O fato dessa ser a história mais longa (passamos quase uma hora acompanhando Jenna) atrapalha não somente esse conto, mas a obra como um todo.

Com pouco mais de 40 minutos sobrando, somos apresentados a Miles (Etienne Kellici), um pequeno garoto que está prestes a morrer por leucemia. Apesar dessa história acontecer por sua causa, o protagonismo da mãe do menino, Mary (Anna Friel), e do médium Simon (Rafi Gavron) é muito maior, deixando um pouco confuso nesse ponto. Contudo, mesmo com o pouco tempo disponível, essa é de longe a melhor história, com reviravoltas, intrigas e momentos verdadeiramente aterrorizantes. Especialmente, a sequência de contato entre Simon e Miles já no final do conto.

Por fim, a história de Bennet (Yul Vazquez), que aparece nos minutos iniciais do longa, nos é apresentada. Sem maiores detalhes sobre quem é o personagem além de parecer integrar o mundo do crime, a história é praticamente sem identidade, já que seus acontecimentos são todos envoltos aos outros dois núcleos narrativos. Pelo pouco tempo de tela e desenvolvimento quase nulo da narrativa, a impressão é que sua única funcionalidade é servir como elo de ligação entre os contos, acrescentando mais detalhes aos outros do que a si mesmo.

Ainda que tenha seus momentos, Books of Blood apresenta uma inconstância incômoda, sendo arrastado demais no primeiro ato e exageradamente rápido no terceiro, com o segundo sendo o melhor tanto no desenvolvimento da trama e dos personagens quanto na intenção de chocar e assustar. No geral, é uma obra com qualidade para evitar um rótulo de péssimo, mas fraco demais para despertar qualquer grande emoção. Talvez a indiferença seja o mais apropriado sentimento para descrevê-la, o que é uma pena.

Books of Blood – EUA, 2020
Direção: Brannon Braga
Roteiro: Adam Simon, Brannon Braga
Elenco: Britt Robertson, Freda Foh Shen, Kenji Fitzgerald, Etienne Kellici, Anna Friel, Rafi Gavron, Yul Vazquez, Nicholas Campbell, Andy McQueen, Paige Turco, Saad Siddiqui, Seamus Patterson
Duração: 107 min.

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