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Crítica | “Bon Jovi” – Bon Jovi

por Iann Jeliel
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Bon Jovi

Oh, she’s a little runaway Bon Jovi
Daddy’s girl learned fast
All those things he couldn’t say
Ooh… she’s a little runaway

A mescla do romântico melódico e a timbragem baladeira quase sintetizadora, tipicamente oitentista, marcou a criação de uma das maiores bandas da história do rock. Há quem não goste desse início de Bon Jovi, por soar algo muito local temporalmente, tipicamente funcional apenas na sua época, o que de certa forma é verdade, afinal, várias bandas surgiram nesse mesmo clima, contudo poucas apresentaram tamanho refinamento lírico da jovialidade dançante, como Bon Jovi em seus dois primeiros álbuns. Em especial, neste que possui enormes méritos para a formação da identidade melódica constantemente climática da banda e se tornou icônico em sua discografia.

A abertura com Runaway não poderia começá-lo de forma mais emblemática. Facilmente a melhor faixa do álbum e uma das que mais definem a banda, apesar de ser a única não composta pelo time original, e sim pela primeira banda de Jon com um bando de músicos contratados (Tim Pierce na guitarra, Roy Bittan nos teclados, Frankie La Rocka na bateria e Huey MacDonald no baixo) que ele reuniu para ver se conseguia seu sonho de atingir um hit de sucesso. Dito e feito, fenômeno ainda quando a banda se chamava The Allstar Review, em 1982, e que explodiu ainda mais quando lançou como titular do primeiro álbum oficial da sua nova e conhecida formação. Mesmo sendo a mesma versão da música com os outros compositores, Runaway já demonstrava muito da capacidade letrista de Jon em criar refrões não óbvios e orgânicos com toda a rima das estrofes – algo que se repete em pelo menos 6 faixas consecutivas.

Fora uma estilização muito característica que fez suas outras faixas seguirem à risca sua unidade. Bon Jovi em qualquer uma de suas fases é extremamente reconhecida pelo ultrarromantismo, que dentro da estética hard rock alavancava coros inesquecíveis. Lembremos de She Don’t Know Me, que se torna o segundo maior hino do álbum nesse sentido, sendo a faixa introdutória a esse romance tipicamente idealizador da banda que tanto influenciou na criação do pop rock anos depois, principalmente em álbuns sucessores, quando Richie Sambora foi amadurecendo sua guitarra. Aliás, vale dizer que nem dá para perceber a ausência dele ou a dos outros do time original (Tico Torres na bateria, Alec John Such no baixo e David Bryan nos teclados) em Runaway, porque aquela música foi uma base muito respeitada por Jon para integrar essa primeira fase mais descompromissada e glamourosa.

Bon Jovi nunca exatamente se tornaria uma banda que entraria muito em temáticas sociais, ela surgiu como esse entretenimento melódico a uma geração apaixonada e depois converteria esse romântico tematicamente em narrativas mais densas e poéticas, embora ainda pouco sociais. Dá para enxergar um pouco disso em Rolette, que é a faixa mais diferente do álbum por tratar-se de sentimentos ambíguos sobre as camadas cíclicas das relações interpessoais. De resto, todas as faixas vão apresentar em diferentes níveis o mesmo desespero amoroso jovial do eu-lírico, algo que, admito, depois de um tempo se torna cansativo, especialmente à medida que chega ao final do álbum. Pelo menos as 3 faixas finais ficam bem maçantes na continuidade, a explosão já não é a mesma e os refrões já não são tão “chicletes” quanto os demais. Nada que tire o grau de envolvimento do restante, principalmente por ser um álbum curto, bem objetivo e singular no seu estilo. É um entretenimento oitentista honesto e de qualidade.

Considero, portanto, Bon Jovi como um dos melhores autointitulados inícios de carreira da história da música. Um disco subestimado, imaturamente viciante e que representa uma época em sua essência mais encantadora.

Aumenta!: Runaway, She Don’t Know Me, Roulette
Diminui!: Come Back
Minha Canção Favorita do Album!: Runaway

Bon Jovi
Artista: Bon Jovi
País: EUA
Lançamento:21 de janeiro de 1984
Gravadora: Mercury Records, Vertigo Records
Estilo: Rock, Hard Rock, Glam Metal

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