Atenção: Contém spoilers da temporada e do episódio comentado.
Ouso dizer que ninguém esperava o que viria neste sexto episódio da quinta temporada de Boardwalk Empire. Com tristes despedidas, a série pode ter se livrado de um de seus melhores personagens de maneira abrupta e apressada. Ainda assim, a qualidade vigente neste ano se mantém. Com apenas dois capítulos pela frente, era de se esperar algumas resoluções por agora.
Iniciamos a projeção exatamente onde fomos deixados em King of Norway, na semana anterior. Chalky vai atrás do doutor Narcisse e se depara com ninguém menos que Daughter Maitland, dando a partida em um dos mais fascinantes focos do episódio. O fogo da paixão intensa da temporada anterior ainda não foi apagado e a direção de Jeremy Podeswa, que já trabalhara com ambos os personagens na quarta temporada, mantém isso em evidência. A história do sr. White já demonstrava todos os indícios de estar chegando ao fim e após uma série de diálogos conduzidos pelas mensagens nas entrelinhas, temos uma dramática despedida do inesquecível personagem. Com o roteiro nas mãos de Howard Korder temos um encerramento similar àquele de Cuanto, que também fora escrito por ele. Este, contudo, garantiu um digno e honrado fim a um homem que perdeu tudo pelo seu amor.
Agora vamos voltar bastante no tempo. Nucky, já adulto, desde o episódio anterior, nos oferece outras surpresas, ainda que menos chocantes. Podemos observar sua esposa já grávida e se lembrarmos bem, sua vida está beirando o precipício – o bebê nasce com problemas e, pouco depois, Mabel cometerá suicídio. Mas não chegamos a tal ponto e o foco aqui está em um pequeno ladrão de Atlantic City. O ainda delegado Enoch ouve reclamações de um dono de loja e segue para investigar. A direção precisa do capítulo (e da série como um todo) chega mais uma vez a nos impressionar, com a aparição de Eli ainda menino. Assim como a retratação de Marc Pickering de Nucky, Ryan Dinning conta com as mesmas expressões faciais de sua versão adulta, até mesmo sua forma de falar é parecida, garantindo nossa imersão na narrativa. A surpresa, contudo, vem com a aparição de Gillian Darmody.
O flashback, então, nos leva para Enoch já velho, em um bar, onde afoga as mágoas de todas as desgraças que ocorrem à sua volta. A perda de Sally aparentemente teve um forte impacto no homem e as memórias de sua falecida esposa ainda grávida perfeitamente se encaixam, construindo a devida coesão dentro do capítulo. Thompson, pela primeira vez na temporada, se afasta dos negócios, das maquinações e do evidente risco à sua vida e se entrega ao álcool. Somente nos minutos finais assistimos o prelúdio do que está por vir nos dois vindouros episódios de encerramento da série.
O maior choque, já citado anteriormente, vem no ponto de vista de Eli e George Mueller. Um dos melhores focos da temporada e um dos melhores personagens da série, Mueller, tem um final apressado, que nos deixou no desejo por algo mais. Ainda assim, seus segundos finais, revelando a verdade para Capone em um acesso de fúria são simplesmente inesquecíveis, já nos deixando saudades do trabalho de Michael Shannon na série, como um personagem que passou por uma verdadeira odisseia para chegar até ali. Nelson van Alden, no fim, volta a ser o rígido agente da proibição que vimos na primeira temporada.
Boardwalk Empire caminha para o fim e as cortinas já se fecham para alguns personagens. Fica a dúvida se todos ganharão o devido destaque até o final – resta torcer. Até agora, ao menos, a temporada se demonstra com uma qualidade incrível e Devil You Know certamente contribuiu para isso.
Boardwalk Empire 5X06: Devil You Know
Showrunner: Terence Winter
Direção: Jeremy Podeswa
Roteiro: Howard Korder
Elenco: Steve Buscemi, Stephen Graham, Michael Kenneth Williams, Paul Sparks, Jeffrey Wright, Marc Pickering, Margot Bingham, Michael Shannon
Duração: 55 min.