Home TVEpisódio Crítica | Blade Runner: Black Lotus – 1X07: Realidade

Crítica | Blade Runner: Black Lotus – 1X07: Realidade

A dor das memórias implantadas.

por Ritter Fan
1,1K views

  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Em um literalmente explosivo episódio, Elle começou sua vingança contra aqueles que a caçaram com o casal Josephine e Earl Grant, matando-os ainda que não exatamente por querer, mas sim para obter informações. Seu embate contra Marlowe, o impiedoso Blade Runner que quase a mata, a leva a sair ferida – pouco para o tamanho do estrago que foi, confesso – e, como a vemos no começo de Realidade, correndo de volta para o apartamento de Joseph.

Recebendo os primeiros socorros dele, não demora para Alani aparecer por lá para investigar o porquê de ele ter sido detido na noite anterior e, narrativamente, para que todas as suspeitas sobre Joseph seja confirmadas: ele realmente foi um Blade Runner e, mais ainda, um dos melhores, com pelo menos uma centena de “aposentadorias” de Replicantes em seu currículo. Essa confirmação para nós é também entreouvida por Elle, escondida da policial, o que a leva a fugir dali sem falar com Joseph novamente, provavelmente não por medo dele, mas sim por sentir profunda decepção com seu passado sombrio.

E isso nos leva ao ponto focal do episódio que é o retorno de Elle à sua vingança, desta vez indo atrás do Doutor M (Akio Nojima/Henry Czerny), nome extraído de Josephine. Como mencionei na crítica anterior, a temporada vem se aproximando de parte da estrutura narrativa do Blade Runner original, em que Roy Batty e seus discípulos sobem a escada da hierarquia de suas origens por intermédio dos assassinatos de todos aqueles responsáveis por sua criação, até chegar ao recluso “Deus” Eldon Tyrell. Elle faz exatamente o mesmo, mas com o objetivo de se vingar e, claro, compreender quem exatamente ela é e porque ela existe.

A invasão do laboratório do Doutor M é um pouco fácil demais por um lado e descuidado demais por parte de Alana, por outro. Escalar exteriores como o Homem-Aranha deveria ser um pouco mais complexo e ela simplesmente subestimar sistemas de segurança como um alarme acionado por laser é conveniente demais. Um pouco mais de complexidade faria muito bem, ainda que sua captura pelo cientista nos leve ao verdadeiro filé mignon do episódio que é a investigação sobre as memórias da Replicante como uma forma de tentar descobrir o porquê de ela ter contornado sua programação.

A contraposição de memórias implantadas em relação às memórias reais da jovem é angustiante e o roteiro de Alex de Campi consegue, ainda que abrindo espaço para a ação, lidar bem com a agonia que deve ser não exatamente conseguir distinguir entre uma coisa e outra. E, claro, ainda há o componente da figura misteriosa que vimos tatuando a Lótus Negra nas costas de Elle que, ao que tudo indica, é o próprio Niander Wallace, Jr., talvez justamente com o objetivo de criar uma androide rebelde para seus fins escusos, provavelmente eliminar seu próprio pai em razão do tipo de conflito que vemos entre os dois logo no começo.

Mais uma vez, a ação, ainda que mais contida aqui em relação ao episódio anterior, é muito bem trabalhada pela computação gráfica ao ponto de eu até ter ficado com a impressão – que realmente acho que foi apenas impressão – que o design exageradamente plástico e duro das figuras humanas (e Replicantes, lógico) foi de alguma forma suavizado, algo que fica mais claro, talvez, na aparência de Niander Wallace Sr. e no assistente de laboratório do Doutor M. O resultado é um dos episódios que mais visualmente me convenceu, também conseguindo equilibrar melhor ação com discussões filosóficas e revelações para Elle.

O interessante é que a Replicante tem Niander Wallace Sr. em seu faro já no sétimo episódio da temporada, ainda faltando outros seis. Isso me leva a crer que essa estrutura de vingança terá vida curta e que há potencial para a série ganhar outras camadas de complexidade no esquema geral das coisas, talvez efetivamente funcionando como uma obra de “origem” para o vilão de Blade Runner 2049. Só espero que invadir a Wallace Corporation seja um tantinho mais difícil do que entrar no laboratório do Doutor M!

Blade Runner: Black Lotus – 1X07: Realidade (EUA/Japão, 19 de dezembro de 2021)
Direção: Naoki Kusumoto
Roteiro: Alex de Campi
Elenco (em japonês): Arisa Shida, Takayuki Kinba, Shinshu Fuji, Takaya Hashi, Takehito Koyasu, Masane Tsukayama, Takako Honda, Yurie Kozakai, Hoshu Otsuka, Taiten Kusunoki, Yoshiko Sakakibara, Akio Nojima
Elenco (em inglês): Jessica Henwick, Barkhad Abdi, Will Yun Lee, Brian Cox, Wes Bentley, Gregg Henry, Samira Wiley, Charlet Chung, Stephen Root, Josh Duhamel, Peyton List, Henry Czerny
Duração: 22 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais