Home Audiodramas Crítica | Big Finish Mensal #19: Minuet in Hell

Crítica | Big Finish Mensal #19: Minuet in Hell

por Luiz Santiago
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Equipe: 8º Doutor, Charley, Brigadeiro Lethbridge-Stewart
Espaço: Malebolgia, Estados Unidos
Tempo: 2003

Eu esperava algo completamente diferente dessa história. Algo que não envolvesse a bizarra criação de um “Estado do demônio” nos Estados Unidos, em 2003. Algo que não investisse tanto em um parasita psíquico (o Psionovore) que assumisse a ansiedade de um grupo de fanáticos — uma seita, para ser mais específico — e ao final de tudo se revelasse um ser interestelar. Para um arco com mais de três horas de duração, eu esperava um desenvolvimento mais maduro, mais emotivo e com maior significado canônico, já que é a primeira vez que o 8º Doutor encontra o Brigadeiro Lethbridge-Stewart. Nada disso, porém, aconteceu. Mas mesmo assim, Minuet in Hell é um arco interessante.

Na literatura, Malebolge é o oitavo círculo do inferno, como se vê em A Divina Comédia de Dante. Aqui em Minuet in Hell, que é o remake de um roteiro de Alan W. Lear para os Audio Visuals (produções não autorizadas — mas perdoadas pela BBC — de antes do surgimento da Big Finish), o nome foi adaptado para Malebolgia (que curiosamente também é o nome de um demônio criado por Todd McFarlane em Spawn #1, de 1992), o 51º Estado dos Estados Unidos. Na comissão que acompanhava o surgimento dessa nova divisão política estava, dentre outras autoridades, o Brigadeiro Lethbridge-Stewart. E é claro, diversas semelhanças ou citações a arcos da era do 3º Doutor surgem aqui, especialmente The Mind of Evil e The Daemos.

A pior coisa da história é o vilão. A mistura do inglês caipira de alguma região sul dos EUA (não é especificado onde exatamente fica Malebolgia, mas é “pelas bandas do sul”) com a voz gutural do diabo, as possessões e os gritos de raiva do tinhoso que não era o tinhoso são sofríveis e estragam boa parte da trama. Mas se levarmos em consideração a pane da TARDIS, a perda de memória do Doutor e de Charley e a forma como experimentos mentais são feitos pela seita que costura toda a história temos um bom material em mãos.

Particularmente gostaria que o encontro do Doutor com o Brigadeiro durasse mais tempo e fosse mais… amigável. Ou que o Brigadeiro tivesse maior participação em toda a história, não apenas na reta final. Independente disso, é bom ouvir a voz de Nicholas Courtney e a volta de seu cativante personagem.

Também se destacam aqui a dupla dinâmica da vez, interpretada por Paul McGann e India Fisher. Ao final, há a promessa de algo mais “leve”. E também há a partida de Ramsay, o vortissauro que o Doutor e Charley estavam tentando domesticar desde Storm Warning. Agora liberto no vórtex temporal, o animal pode viver saudável e bem, como bem deveriam ficar os dois viajantes aqui, mas o primeiro indício de um grande problema futuro é citado no roteiro: o parasita temporal (vulgo demônio) identifica Charley como morta. Coisa boa é que não há de vir por aí…

Minuet in Hell (Reino Unido, abril de 2001)
Direção: Nicholas Briggs
Roteiro: Alan W. Lear (com colaboração de Gary Russell)
Elenco: Paul McGann, India Fisher, Nicholas Courtney, Robert Jezek, Morgan Deare, Helen Goldwyn, Maureen Oakeley, Nicholas Briggs, Hylton Collins, Alistair Lock, Barnaby Edwards
Duração: 4 episódios de c. 45 min.

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