Home Audiodramas Crítica | Big Finish Mensal #14: The Holy Terror

Crítica | Big Finish Mensal #14: The Holy Terror

por Luiz Santiago
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Equipe: 6º Doutor, Frobisher
Espaço: Mundo de Eugene (um pocket universe)
Tempo:
 Indefinido

Senhoras e senhores, que história sensacional!

Robert Shearman, o mesmo roteirista do episódio que reintroduziu os Daleks da Nova Série, nos apresenta neste The Holy Terror um trabalho sólido, engraçado e tremendamente crítico, expondo não só as contradições e estupidez do fanatismo religioso como também brincando com toda a estrutura do Império Romano em sua fase final para erguer o cenário caótico e constantemente mutável em que a presente história se passa.

Pela primeira vez temos Frobisher, o Whifferdill que adotou a forma quase constante de pinguim, nos áudios da Big Finish, e sua presença não só adiciona o alívio cômico necessário à história como também serve de trampolim para o início da aventura e de motivo para a finalização.

No princípio, o roteiro mostra duas realidades. Uma delas, num local que não sabemos onde é, apenas temos a impressão de que se trata de uma Corte com um castelo nos moldes medievais e uma estranhíssima ligação de política com religião (cesaropapismo em estágio crítico). A outra, uma cena hilária dentro da TARDIS, com o Doutor “roubando a cena” do banho de Frobisher (que repreende o Time Lord por estar olhando-o nu… uiuiui), que está brincando com um peixe de mentira feito pela nave como se fosse uma impressão 3D.

Acontece que esse pequeno brinquedinho para o banho que o companion pinguim fez trouxe algumas complicações emocionais e técnicas para a TARDIS (sim, você leu emocionais e técnicas!), que decide se pilotar sozinha e levar o Doutor para qualquer lugar no tempo e no espaço, ou seja, o mesmo de sempre…

O que vem a partir daí é uma aventura que deve ser ouvida por todo whovian, todo aquele que critica o papel manipulador da religião e a forma ditatorial como algumas pessoas enxergam as tradições sociais. Há perseguições, morte, tortura, condenações, culto ao líder, orações, revoltas, revelações macabras… tudo isso bem cimentado numa base narrativa que coloca o Doutor e Frobisher em igualdade de destaque — em dado momento da história eles se separam — e fecha de maneira perfeita as tramas ‘particulares’ deles antes de reuni-los.

Como já foi dito, o texto usa a estrutura do Império Romano para erguer as subidas e quedas ao trono, a volatilidade do poder e a colocação da religião na política ou a forma como ela é aceita e exercida pela sociedade. Tudo isso, porém, ganha um outro significado quando o Doutor, enfim, descobre onde está. A revelação e o motivo pelo qual as coisas ali existem do jeito que são é algo denso, macabro e muito, muito perturbador — pela forma como é trabalhado na história. Esta é a parte onde o espectador não acredita que está ouvindo uma aventura de Doctor Who.

Com pesada produção para a gravação de vozes extras, aplaudível direção de Nicholas Pegg e um roteiro que cumpre o que promete no título, este arco está dentre os mais notáveis da extensa lista de arcos notáveis do 6º Doutor. Uma verdadeira preciosidade santa, sanguinolenta e cheia de ácido humor.

The Holy Terror (Reino Unido, novembro de 2000)
Direção: Nicholas Pegg
Roteiro: Robert Shearman
Elenco: Colin Baker, Robert Jezek, Daniel Hogarth, Sam Kelly, Roberta Taylor, Helen Punt, Peter Guinness, Stefan Atkinson, Peter Sowerbutts, Bruce Mann
Duração: 4 episódios de c. 22 min.

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