Temos aqui as reviews para algumas revistas do mix A Sombra do Batman de agosto/2012, publicada aqui no Brasil pela Panini. Elas integram o universo dos Novos 52 da DC.
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Batman & Robin # 3
Roteiro: Peter Tomasi
Arte: Patrick Gleason
Arte final: Mick Gray
Cotação: 4/5
Os contornos dramáticos em torno dessa história tem se tornado cada vez mais intricados e melhores. Peter Tomasi não abandona o tom de disputa entre pai e filho que cerca Bruce e Damian Wayne e ensaia muito bem um ponto de ruptura entre os dois vigilantes.
Damian ouve o discurso de Morgan/“Ninguém”, e mesmo que não concorde com o assassinato a sangue frio de um criminoso que acabada de imobilizar, parte do que o vilão diz vem ao encontro do que o garoto acredita. Morgan enfim percebeu a diferença marcante entre Batman e Robin, e é certo que vai tentar explorá-la melhor, mesmo que esteja adiando decisões mais notáveis porque pretende fazer algo com a Corporação Batman,antes de tudo.
O ritmo da história é bem cadenciado. Tomasi trabalha com sequências rápidas em pontos diferentes da Mansão Wayne, Batcaverna e Gotham City, culminando numa representativa sequência final, com a dupla dinâmica em um carro velho no meio de um Drive-In e prestes a assistir a um filme especialmente preparado por Morgan para a ocasião. A arte de Patrick Gleason torna tudo ainda mais sujo e macabro, e dá a edição o mesmo dinamismo visual que o roteiro, passando de quadros muito detalhados e com representações em planos mais próximos para uma ausência de detalhes e desenhos únicos, voltando aos detalhes nas páginas finais. Seja lá o que for que o filme irá mostrar, a forma como Tomasi e Gleason conduziram a sequência final trouxe uma elevadíssima onda de curiosidade para o leitor, estabelecendo de maneira muito eficaz o arco para a próxima edição.
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Asa Noturna # 3
Roteiro: Kyle Higgins
Arte: Eddy Barrows, Eduardo Pansica
Arte final: JP Mayer, Paulo Siqueira, Eber Ferreira
Cotação: 4,5/5
Às vezes, um grande número de pessoas trabalhando no setor artístico de uma revista pode não ser algo muito interessante. As diferentes visões pode transformar a coisa em algo sem unidade individual e principalmente, fora da identidade artística geral da história. Felizmente, este não é o caso da nova edição de Asa Notura, que traz sete artistas entre desenhos, cores e arte-final, e o resultado é realmente digno de aplausos e plenamente ligado ao que as edições anteriores já haviam apresentado.
A história prossegue na linha do passado que mostra suas “garras” para Dick Grayson e o faz refém de uma situação cheia de mistérios. Por ter abandonado seu passado em busca de uma expiação menos dolorosa e sob tutela de alguém com quem tinha muito em comum, Grayson se vê agora em uma obrigação moral para com seus amigos do circo e a memória do Sr. Haly. O problema é que sua permanência não impedirá a ação de Saiko, que nessa edição aparece apenas na última página, mas reafirmando a sentença que proferira nas edições passadas. O roteiro aqui lembra menos uma investigação e mais um reconhecimento ou busca de entendimento para uma determinada situação. O foco emotivo ainda permanece, inclusive no truque de ondas de rádio para transmissão de determinadas emoções que Zane usa em dado momento. A passagem de uma cidade ou localidade para outra é feita de maneira correta, sem saltos narrativos injustificáveis, mais uma prova da boa qualidade de Kyle Higgins no roteiro. Um cerco misterioso se fecha em torno de Dick Greyson, e se tivermos uma sequência de boas histórias como a dessa terceira edição teremos algo para ser lembrado com carinho daqui a alguns anos.
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Batwing # 3
Roteiro: Judd Winick
Arte: Ben Oliver
Cores: Brian Reber
Cotação: 2,5/5
É difícil escrever direito sobre edições de quadrinhos absurdamente medianas. O problema é que se faz necessário olhar a história em perspectiva a ainda juntar os elementos lançados nas edições pregressas e na atual para entender ou julgar os motivos dramáticos que constituem o arco e o que se pode esperar para a próxima edição. No caso de Batwing, a história mediana traz algumas coisas interessantes, mas se mostra bastante falha em construir coisas mais duradouras ou estabelecer relações paralelas necessárias para o andamento da história.
Aqui, o Morcegão africano David Zavimbe resiste aos ferimentos sofridos e tenta salvar Trovoada, um herói do grupo O Reino, os pioneiros da África, responsáveis até pelos rumos que o processo de descolonização em meados do século XX acabou tomando. O que surge de realmente interessante é a fase final da revista (já que o tema dessa edição é pobre, centrado em uma única batalha), com a declaração de Trovoada de que O Reino não é o que Batwing estava pensando…
A dubiedade acendeu uma chama importante para a próxima edição, e se não fosse assim, as coisas ficariam por aqui mesmo, numa revista que apesar de não ser ruim (embora eu ainda não goste da arte de Ben Oliver), é carente de criatividade. Veremos o que Judd Winick nos prepara para o próximo mês, onde teremos, literalmente, Como Tudo Começou.
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Batgirl # 3
Roteiro: Gail Simone
Arte: Ardian Syaf
Arte final: Vicente Cifuentes
Cotação: 3,5/5
Pergunta: o que o Sr. Asa Noturna foi fazer em uma revista da Batgirl? Resposta: nada. E eis aí o pior erro de Gail Simone nessa história que até então estava indo muito bem. Já tinha citado na edição anterior que a roteirista abordou com muito respeito e precisão a passagem de Barbara Gordon por tempos difíceis, mas também mostrara sua recuperação e sua volta à ativa, dessa vez, como uma garota ainda mais indomável e determinada, não menos sensível e preocupada.
A luta indireta contra o vilão Espelho tem se mostrado uma tarefa e tanto para GBG, que sozinha, tem feito um ótimo trabalho. Mas eis que por motivos que só podemos classificar como “a adição incompreensível, injustificável e ensandecida de um romance que não trará nenhum benefício para a revista” aparece, e então vemos Asa Noturna e Batgirl flertarem loucamente, e isso no meio de uma investigação importante e sem nenhum aviso ou motivo, a não ser um “eu e o Batman amamos você, por isso estamos preocupados”. Até esse momento, tanto o roteiro quanto a arte seguem uma linha segura de narração da história, mas do momento açucarado para frente, tudo muda, e apenas a arte segue em boa cotação. Vamos esperar que nas próximas edições não tenhamos esses arroubos românticos sem sentido (o problema não é haver o romance, mas se houver, que seja de modo oportuno e que traga importância ou faça algum sentido dentro da história, o que não é o caso aqui) e que Gail Simone chegue à prometida conclusão do arco de maneira satisfatória. É o que gostaríamos de ver.