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Crítica | Batman & Robin #5 a 8

por Luiz Santiago
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estrelas 4

ATENÇÃO: Batman & Robin é parte do mix A Sombra do Batman, publicado aqui no Brasil pela Panini. As edições avaliadas e comentadas neste texto foram publicadas pela editora entre outubro de 2012 e janeiro de 2013. Com a edição #8, finaliza-se o primeiro arco arco da revista, iniciado em Batman & Robin #1: Nascido Para Matar.

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Tendo por objetivo tornar a relação entre pai e filho (Bruce e Damian Wayne) um problema para o vigilantismo de Gotham, Peter Tomasi optou por trazer alguns fantasmas do passado à tona, tanto em memória quanto em pessoa, para a vida de Bruce Wayne. O Ninguém (Morgan Ducard) foi o vilão que adicionou um ponto de interrogação para a família dos morcegos, fomentando a dúvida e provocando separações. O jogo até parecia inteligente, mas o vilão revelou-se estúpido demais ao cair nos planos de um garoto de apenas 10 anos de idade.

Ao se juntar a Morgan Ducard, Damian Wayne acendeu uma luz de perigo na cabeça de todos os leitores. Embora não parecesse tão improvável que o Robin chato e cruel tivesse uma queda pelo outro lado da força, a mudança causou um frisson que alcançaria patamares emotivos na reta final da história. O elemento surpresa preparado pelo autor funciona não apenas porque revela uma mudança na relação pai-e-filho mas também porque mostra a mentalidade estratégica – ainda que caótica e arriscada – do pequeno Robin.

A caçada do Batman começa com uma confissão. Peter Tomasi se utiliza desse desabafo solitário do Morcegão para avançar o texto, trazer a sua justificativa em um ótimo flashback, além de elementos para a finalização do arco. Particularmente achei boa a sacada, que confirma a habilidade do autor em (re & super)utilizar seu próprio texto a fim de prosseguir em uma linha de eventos sem que o leitor fique com a impressão de está vendo tudo de novo. O segredo, é claro, está em como o texto é exposto (se em narração, diálogo interior ou reprodução em celular).

A história dos Ducard, o treinamento de Bruce Wayne e a primeira noite de vigilantismo do Robin ao lado do Ninguém é uma sequência eletrizante e muitíssimo bem escrita e desenhada. Patrick Gleason faz um verdadeiro festival de ângulos, especialmente na invasão da embaixada, e ainda trabalha bem com sombras e detalhes precisos das lutas em primeiro plano, um verdadeiro show artístico.

Depois do motim na família, é a vez do “eu verdadeiro” se apresentar, e isso acontece em uma situação delicada para Robin. Os jogos entre ele e Ninguém são astutos e cruéis, o que nos dá material de sobra para desenhar um perfil psicológico de ambos, para além das coisas óbvias, como a presença de pais combatentes a quem idolatram, a ausência da mãe, as dificuldades de entendimento entre pai e filho e o descontrole da rebeldia junto ao medo da rejeição. É como se os dois estivessem ligados por eventos familiares muito comuns, sendo separados apenas pela idade.

O problema ético de Damian aparece quando ele tem que matar um homem na Embaixada. Mesmo sabendo das artimanhas de Morgan, ele declara mais adiante que não teria feito isso. É quando o jogo começa a perder as máscaras, cuja última sombra desaparece quando Morgan mergulha o mesmo homem num tanque de ácido. Por mais repentina que tenham sido as revelações de Damian, não pude deixar de me surpreender com o modo como Tomasi guiou o enredo, não caindo totalmente no emotivo e nem deixando a sequência inteira parecer fria ou como um caminho obrigatório para o desfecho da história.

Embora eu tenha gostado de todas as oito edições do arco Nascido Para Matar, a edição nº7, Obstinado, é uma verdadeira revelação, um tocante capítulo de toda essa história de gato e rato. Após ver as lágrimas de Damian Wayne ao falar do pai na edição anterior, eu não imaginava que mais provas de humanidade pudessem vir desse garoto, algo que Tomasi tratou de mostrar que era possível. De repente, a onda de verossimilhança que muitos leitores cobraram desse Robin apareceu, e pela primeira vez, ele se comportou como um garoto de dez anos de idade. Eu já havia comentado sobre as motivações e possibilidades para Damian ser do jeito que é, na Edição nº2, e já havia me acostumado com o jeito monstro da criança, tanto no discurso quanto nas peripécias físicas – embora sempre o tenha achado um personagem chato.

Mas a aparição do ser humano em Damian deu um outro ar ao desfecho dessa história, algo mais familiar, o que eu e provavelmente muitos outros leitores esperavam, considerando o grau de parentesco entre os dois heróis da revista.

Com um gancho que marca o início do crossover com A Noite das CorujasBatman & Robin teve um primeiro arco digno do mito em torno de seus heróis. Uma história que mistura o presente e o passado, a família e o mundo exterior, os segredos do pai e a curiosidade do filho, as divergências entre as gerações e a prova máxima de que os filhos não nasceram para dar suporte ou atender às expectativas de seus pais, posto que criam e guiam as suas próprias expectativas de vida.

Voltaremos com mais Batman & Robin assim que o segundo arco for finalizado, onde faremos uma análise do volume inteiro, ao invés de edição por edição. Até a próxima!

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