Essa história é a continuação direta do arco Do You Understand These Rights? e se passa cerca de 7 meses depois, já no segundo semestre do Ano Dois de Batman. Com a mesma equipe criativa no leme, o resultado não poderia deixar de ser interessante, muito embora haja alguma confusão no roteiro quando consideramos a continuação de certos blocos narrativos – principalmente a fuga de Geoff Shancoe (ou “Bad Cop”) e do Coringa do Asilo Arkham.
A trama é bem curta. São apenas duas edições e a narrativa se estende por pontos diferentes da cidade de Gotham, não focando seu desenvolvimento em apenas um ponto mas mostrando o trabalho do Departamento de Polícia da cidade, a ação de Batman e, claro, o lado psicológico dos vilões, especialmente do Coringa, que no texto de Andrew Kreisberg ganha um perfeito e explícito ar psicopata.
Lemos rapidamente sobre o surgimento de um novo vilão, o Ventríloquo, e temos duas importantíssimas participações no decorrer da história, uma de Renee Montoya e outra da adolescente Barbara Gordon, a mesma que vocês podem ver na imagem de destaque desse texto empunhando uma arma.
O trabalho o roteiro não é apenas o de explorar a realidade pós Do You Understand These Rights? mas aprofundar-se nas consequências em larga escala daqueles acontecimentos, um ponto crítico que toca o leitor porque o policial Geoff Shancoe se apresenta em uma encruzilhada ético-moral de grande porte. Por um lado, vemos que ele está sofrendo, perturbado pelas provocações do Coringa. Por outro, vemos como ele canaliza esse negativo impulso psicológico para se tornar o “Bad Cop”, atacando os ex-colegas de profissão e provocando a ira do Batman.
O elo fraco do enredo é justamente a participação do Morcego, um pouco escanteado pelas circunstâncias. De qualquer forma, fica claro para o leitor que Kreisberg optou por dar maior atenção ao lado “não super heroico” da cidade, mesmo que isso impusesse certa estranheza à história.
A arte segue o mesmo parâmetro do arco anterior, ao menos na composição original dos traços. A grande diferença está mesmo na diagramação das páginas e aí não destaco apenas a disposição dos personagens pelos quadros mas também o número de “cortes” por página. Tecnicamente falando a ação se torna mais rápida internamente (há mais cenas de lutas), o que parece uma decisão acertada se tomarmos como base o pouco espaço para desenvolvimento, mas em comparação, nos faz ver o exercício artístico aqui um pouco aquém daquele apresentado na primeira parte da crônica.
Bad Cop discute a modificação do ideal de vida de alguém a partir de um evento trágico. A trama serve muito bem como continuação e deixa-nos antever algumas mudanças e permanências em relação à realidade de quase um ano antes. Mesmo que não tenha a mesma qualidade da primeira história, é mais um ótimo arco sobre a relação do Batman com seu sádico e maior inimigo, o Coringa.
Batman Confidential #22 a 25 (EUA, julho e agosto de 2009)
Arco: Good Cop… Bad Cop
Editora: DC Comics
Roteiro: Andrew Kreisberg
Arte: Scott McDaniel
Arte-final: Andy Owens
Cores: I.L.L.
25 páginas (cada número)