Home QuadrinhosMinissérie Crítica | Batman – Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #5

Crítica | Batman – Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #5

por Ritter Fan
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estrelas 3

Obs: Contém spoilers dos números anteriores, cujas críticas podem ser lidas aqui. Leia também as críticas de todo o Millerverso de Batman, bem aqui.

Muito leitor de quadrinhos reclama que Frank Miller “empoderou” Batman com seus roteiros convenientes que fazem de Bruce Wayne um jogador de xadrez que pensa pelo menos 25 jogadas antes de seu oponente, estando preparado para basicamente tudo. É desse exagero, que muitos reputam à voz muito particular que Miller deu ao Homem Morcego, que vem o eterno meme de Batman e seu “preparo” ou o “roteirismo” que ele acaba sofrendo.

dkiii_5No entanto, para sermos justos, a grande verdade é que Miller foi apenas o autor que iniciou essa tendência de maneira mais aberta, com seu seminal e sensacional O Cavaleiro das Trevas. Batman espanca o Superman graças ao seu “preparo” e ao roteiro de Miller, que parece não gostar muito do Azulão. Mas, nesta revolucionária graphic novel, há uma organicidade a tudo que o herói faz e é perfeitamente possível aceitar toda a progressão de acontecimentos que culminam na pancadaria épica entre os eternos amigos/inimigos.

Corta para 2016 e para a segunda continuação de O Cavaleiro das Trevas. Batman, desde 1986, foi roteirizado por muitos e muitos autores diferentes, cada um tentando dar mais “preparo” ao personagem que o escritor anterior, culminando com sua transformação até em uma divindade. O que Frank Miller poderia fazer 30 anos depois que tivesse alguma chance de impressionar os leitores atuais? Bem, a resposta é semelhante ao que Hollywood faz com suas continuações: mais explosões, mais efeitos especiais. Traduzindo-se para o Millerverso de Batman, mais “preparo”, mais exagero extremo de roteiro.

Se em O Cavaleiro das Trevas uma das missões de Batman era fazer Superman sangrar, em A Raça Superior ele precisa enfrentar não um, não dois, não três kriptonianos raivosos, mas sim um verdadeiro exército deles liderado por Quar, um religioso extremista islâmico fanático que, sendo libertado da cidade engarrafada de Kandor por Lara, filha de Superman com a Mulher Maravilha, que usa seus poderes quase divinos para subjugar a Terra. Miller e Brian Azzarello, então, arregaçam as mangas e, despudoradamente, revelam um mais do que mirabolante plano para Batman dar cabo dos seres super-poderosos de uma vez por todas, contando com a ajuda de Aquaman, Carrie Kelley, Flash (com as pernas destroçadas) e, claro, Superman, que é convenientemente libertado por um MacGuffin qualquer literalmente tirado do nada…

O plano? Para evitar spoilers não darei detalhes, mas basta dizer que é de revirar os olhos ao ponto de dar câimbras nas pálpebras. No entanto, ele é, também, muito divertido e desavergonhadamente divertido, diria. Simplesmente não dá para não abrir um sorriso quando a engrenagem começa a funcionar e o leitor começa a perceber o que raios afinal está acontecendo.

Se, então, levarmos para esse lado da “gozação” do mega-hiper-super-preparo, como se a dupla Miller/Azzarello quisesse justamente brincar com esse conceito (e desconfio que é mesmo o objetivo), tudo se encaixa direitinho, ainda que de forma muito corrida, com elipses temporais um tanto forçadas para que essa edição pudesse ser razoavelmente auto-contida, com um final “surpresa” que rima muito bem com toda a criação de Miller para o Batman. Mas esse desprendimento na leitura não funcionará para todo mundo, tenho certeza, já que a conveniência do que acontece no plano-mestre do Morcegão é realmente risível, ao ponto de o leitor ter que voltar umas páginas para reler e realmente compreender a magnitude do que está lendo. É diversão garantida, mas só para quem entrar na brincadeira.

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Ajuda muito na apreciação da história a arte de Andy Kubert que, como mencionei nas críticas anteriores, tem sabido como ninguém emular a progressão narrativa dos quadrinhos clássicos de Miller, além de trazer de volta os traços e os conceitos da publicação de 1986. Não sei se gostei completamente da “invenção” no último painel (não revelarei novamente, para evitar spoiler da edição), mas a avaliação final fica em suspenso aguardando o próximo número.

Mas calma que não acabou! Há, ainda, a “história extra”, desta vez focada em Lara. E, neste ponto, confesso que minha paciência esgotou-se. Depois de dar à Carrie Kelley o manto mais feio de Batgirl já inventado, nas cores verde e rosa, Miller foca suas atenção em Lara, a super-poderosa filha de Superman e Mulher Maravilha. E que história foi essa, minha gente? Páginas e páginas de flerte adolescente dela com Baal, um dos kandorianos fanáticos, em que ela não faz nada a não ser ficar em poses impossíveis e estranhíssimas, como se estivesse de joelhos o tempo todo. E nada acontece na história, a não ser uma leve demonstração de que ela dá valor à vida humana, diferente de Baal, algo que é tão clichê quanto deixar a Mulher Maravilha em segundo plano em toda a história até agora. Esta história paralela é, sem dúvida, a mais descartável até o momento.

A Raça Superior continua interessante, mas, agora, exige mais do leitor. Mas não mais inteligência e raciocínio e sim mais paciência, mais suspensão da descrença, mais tolerância a roteirismos extremos. Aos trancos e barrancos, a história tem até progredido bem. Vamos ver onde é que isso vai dar…

DK III: The Master Race #5 (Batman – Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #5, EUA – 2016)
Roteiro: Frank Miller, Brian Azzarello (ambas as histórias)
Arte: Andy Kubert (história principal), Frank Miller (história secundária)
Arte-final: Klaus Janson (história principal), Frank Miller (história secundária)
Cores: Brad Anderson (história principal), Alex Sinclair (história secundária)
Letras: Clem Robins (amba as histórias)
Editora nos EUA: DC Comics
Data original de lançamento: 29 de junho de 2016
Editora no Brasil: Panini Comics
Páginas: 52 (as duas histórias mais páginas extras com capas variantes e esboços)

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