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Crítica | Banshee – 2ª Temporada

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, a crítica da temporada anterior.

A chegada do homem cujo nome verdadeiro não conhecemos, mas que assumiu a identidade de Lucas Hood antes de ele assumir o cargo de xerife de Banshee, cidadezinha cuja importância está no fato de ela ter sido o refúgio de Anastasiya “Ana” Rabitova, outrora a paixão desse forasteiro, sacudiu o local, no mínimo multiplicando exponencialmente o nível de criminalidade e de violência policial. Ajudado pelo ex-condenado e agora barman Sugar e pelo hacker Job, Hood vive a vida dupla de xerife e de ladrão, fugindo de Rabbit, pai de Ana, que quer vê-lo morto e arrumando encrenca com o mafioso local, o ex-Amish Kai Proctor.

O final da 1ª temporada prometia alterar o status quo de basicamente tudo, mas, quando o 2º ano começa, essa promessa não é mantida, com todas as peças retornando aos seus devidos lugares para que uma nova partida do mesmo jogo pude começar. Ok, reconheço que pelo menos a verdadeira identidade de Carrie passa a ser conhecida e ela acaba na prisão por 30 dias, mas, tirando isso e o que orbita especificamente ao redor desse acontecimento – como seu marido entregando-se à bebida e strippers, em uma subtrama infelizmente muito mais conduzida – nada mais é alterado e Hood continua sendo o xerife valentão que espanca todo mundo e transa com todas as mulheres e cuja identidade verdadeira ninguém descobre.

Ou seja, mais do mesmo.

Não tenham dúvida que é divertido ver a pancadaria comer solta na série, com coreografias realistas, violentas e que causam consequências críveis nos corpos das pessoas envolvidas. E, claro, não atrapalha em nada ver cenas tórridas de sexo em praticamente toda superfície plana (e outras nem tão planas), seja horizontal ou vertical. Mas qualquer coisa em excesso tende a cansar e é exatamente o que acontece aqui. A estrutura básica de porradaria e sexo – ou vice-versa ou só vice ou só versa – a cada episódio é preguiçosa e repetitiva, algo que é amplificado pelos contínuos roubos efetuados por Hood e seu grupo (incluindo Ana) que não levam a quaisquer consequências práticas que tendam a fazer alguém desconfiar que ele não é quem diz ser (vamos combinar que não precisa ser Sherlock Holmes para isso…).

Mesmo a chegada de Jason Hood (Harrison Thomas), filho do verdadeiro Lucas Hood, não serve para nada além de dar a desculpa perfeita para justificar a existência de alguns episódios, já que o jovem, óbvio, fez besteira e precisa de ajuda, jamais tornando-se ameaça ao próprio Hood falso. Até mesmo Jim Racine, o agente do FBI que foi apresentado na temporada anterior e que permanece na 2ª como alguém que quer obsessivamente acabar com Rabbit e que, claro, descobre o segredo de Hood, não serve para muito mais do que mandar Carrie para a prisão e protagonizar uma execução à distância muito divertida, mas que desperdiça completamente o potencial do personagem.

As duas melhores adições à temporada são os inimigos extras que Hood arranja, já que ele tem poucos. O primeiro é Chayton Littlestone (Geno Segers), o gigantesco nativo da tribo Kinaho, líder da gangue Redbones, que surge como suspeito da investigação de um brutal assassinato de uma nativa que namorava um jovem Amish. Não só é muito divertido ver Hood ser arremessado em todas as paredes como se fosse uma mera inconveniência, como o caso em si, que é trabalhado ao longo de dois episódios, é de longe o melhor das duas primeiras temporadas da série até agora. O segundo é o grupo supremacista branco que entra na história como parte da tentativa de Hood de derrubar Proctor em razão do assassinato de Jason. As consequências dentro da temporada são pesadas e tristes, primeiro com o espancamento da esposa do policial Emmett Yawners, levando-a a abortar, o que acarreta na sensacional vingança do marido contra os nazistas e, depois, no assassinato dos dois. Tanto Chayton quanto os supremacistas não têm a narrativa encerrada na temporada, ainda bem, o que promete trazer mais violência ainda na direção de Hood na próxima temporada, algo que, claro, será bem-vindo.

Por outro lado, o conflito entre Proctor e o líder Kinaho Alex Longshadow mantem-se morno o tempo todo, especialmente porque Longshadow não tem nem de longe a intensidade de Proctor, ficando clara a disparidade entre os dois. Ainda que seu fim venha de forma razoavelmente surpreendente nas mãos de Rebecca, que realmente mergulhar no Lado Sombrio da Força, esse desenvolvimento paralelo ainda não mostrou sua verdadeira razão de ser para além da violência usual.

Lógico que a esperada pancadaria climática entre Ana e Hood contra Rabbit, seu irmão padre e seus capangas também merece nota, mas ela é tão inverossímil e tão caricata que o drama escorre completamente pelo ralo, deixando, apenas, as gargalhadas. São os constantes salvamentos no último minuto misturados com discursos nobres e conveniências narrativas aos borbotões que torna tudo muito… bobo, esgarçando completamente a verossimilhança da história e transformando Hood e Ana em super-heróis de filmes de brucutu dos anos 80. Simpático sempre, mas não precisava nem de longe o investimento de 1.200 horas (contando as duas temporadas) para esse tipo de clímax simplista.

Em termos de atuação, o elenco é uniformemente ok. Antony Starr, com suas bochechas de Don Vito Corleone e olhar triste, convence no papel unidimensional que lhe é dado, estabelecendo boa química com Ivana Miličević. Pelo menos o ator tem tido a chance de mostrar sua capacidade dramática em The Boys, papel infinitamente superior ao seu Lucas Hood recortado em cartolina. Assim como na temporada anterior, o destaque mesmo fica por conta de Hoon Lee como o divertidíssimo e versátil Job, valendo menção honrosa à simpatia que é Frankie Faison como Sugar.

Banshee, em seu segundo ano, oferece fundamentalmente mais do mesmo. Pelo menos o arco de Rabbit parece ter chegado ao fim, o que potencialmente permitirá mais destaque às ameaças locais da cidadezinha, ou seja, Proctor, Littlestone e os nazistas. Como pura diversão violenta e descerebrada com boa dose de sexo, a temporada fica ali na risca entre o mediano e o bom, com viés positivo. Como qualquer coisa a mais que isso, ela deixa muito a desejar.

Banshee – 2ª Temporada (EUA, 10 de janeiro a 14 de março de 2014)
Criação: Jonathan Tropper, David Schickler
Direção: Greg Yaitanes, OC Madsen, Babak Najafi, Loni Peristere
Roteiro: Jonathan Tropper, David Schickler, Evan Dunsky, John Romano, Doug Jung
Elenco: Antony Starr, Ivana Miličević, Ulrich Thomsen, Frankie Faison, Hoon Lee, Rus Blackwell, Matt Servitto, Demetrius Grosse, Trieste Kelly Dunn, Ryann Shane, Lili Simmons, Ben Cross, Anthony Ruivivar, Geno Segers, Odette Annable, Željko Ivanek, Reg E. Cathey, Harrison Thomas
Duração: 600 min. aprox. (10 episódios)

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