Quando Marcelo Camelo e Mallu Gamalhães anunciaram Banda do Mar, seu novo trabalho junto de Fred Ferreira, se formaram dois tipos de pessoas: os haters do casal e os fãs loucos dos respectivos artistas. A banda anunciou que seu álbum de estreia seria algo diferente do que costumavam fazer, o que deixou até mesmo os haters curiosos. Eis que o trabalho é lançado e o que vemos é, sim, uma surpresa, pois é de uma qualidade nítida. No entanto, passa longe de ser algo novo, demonstra ser uma evolução da sonoridade típica desses artistas.
Se existem pessoas que não esperavam nada do álbum, é porque não faltam motivos para isso. Marcelo Camelo consegue ser mais repetitivo que Lagoa Azul na Sessão da Tarde e Chaves no SBT, isso sem falar na sua total incapacidade de interpretar uma canção. Mallu vem evoluindo bastante sua capacidade artística, mas ainda está longe de apresentar um alto nível. Já Fred Ferreira, é um total desconhecido para o grande público.
O álbum possui uma forte influência da surf music, inserindo dentro de um contexto de pop rock e indie rock. Toda essa aura do mar e do surf casam perfeitamente com a voz de Mallu Magalhães que parece estar no seu ponto máximo como cantora. Os grandes destaques são as faixas onde sua voz está presente, seja na suave Mais Ninguém, na simplicidade de Me Sinto Ótima ou na mais rockeira do disco, Muitos Chocolates, um excelente blues rock.
Já Marcelo Camelo, parece trazer o melhor e o pior do Los Hermanos consigo. Por um lado, é a voz de faixas como a ótima Faz Tempo, uma espécie de continuação da clássica O Vento, que se assemelha a artistas como Beach Boys e Marcelo Jeneci. Por outro, é responsável por momentos vergonhosos. Hey Nana é uma espécie de Ana Júlia, uma péssima e monótona composição que tenta se salvar apenas com a guitarra na vibe surfista. Apesar de Camelo ainda continuar com a mesma limitação vocal, demonstra uma evolução como guitarrista, ao menos em termos melódicos.
Fred Ferreira, apesar de ter bastante experiência como baterista em bandas como Orelha Negra, Os Dias de Raiva e Buraka Som Sistema, é um total desconhecido para a maioria. O que se pode dizer após escutar o disco é que talvez isso não mude muito. Fred faz um trabalho eficiente, mas, devido ao clima calmo na maioria das canções, fica bastante apagado durante todo o álbum.
A impressão que fica é que o álbum evolui com a o avançar das músicas. As três últimas faixas parecem as mais sólidas, a sensação é de já estar imerso no mar que a banda possui no nome. Vamo Embora, apesar da letra clichê (Camelo parece ter uma extrema necessidade de repetir coisas em suas letras), é quase uma carta de despedida, tudo funciona bem: violão, backing vocal de Mallu e a guitarra ritmada na surf music.
A Banda do Mar mostrou ser uma boa surpresa, conseguindo se desviar até mesmo de certos problemas que pareciam inevitáveis, como a repetição. No entanto, não se precipite. O clichê de algumas letras pseudo-poéticas e a limitação nos arranjos (que não são repetitivos, mas se prendem em um só tema) são alguns problemas do álbum. De qualquer forma, a banda parece ter atingido seu objetivo, afinal, esse mar parece soar com ótimas melodias.
Banda do Mar
Artista: Banda do Mar
País: Brasil
Lançamento: 26 de agosto
Gravadora: Sony Music
Estilo: Surf Rock, MPB, Pop Rock