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Crítica | Bad Boys: Até o Fim

Um filme já feito.

por Felipe Oliveira
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Desde que Hollywood viu o que a nostalgia e requels têm em comum arrumaram um meio não só de emular o que deu certo antes, mas também de tratar qualquer retorno como símbolo de legado. Foi lá em 2020 quando a Sony decidiu voltar com Mike e Marcus após dezesseis anos da sequência da dupla de policiais de Miami orquestrada por Michael Bay. Fato é que Bad Boys nunca foi sinônimo de qualidade e sim de números, o que prova como – a agora – franquia está em sua melhor fase para fazer o que sempre fez e lucrar com isso: filmes de ação absurda com argumentos genéricos. Enquanto Zack Snyder oferece set pieces sem substância em câmera lenta, Bay entregava tiro, porrada e bomba – como nunca passou por Velozes e Furiosos? – a diferença é Adil El Arbi e Bilall Fallah sabem fazer o exagero embalado com muita forma, o que torna Bad Boys: Até o Fim um atrativo com elementos a mais do que uma comédia de ação passa-tempo.

Se bem que é nisso que dá para resumir os quatro filmes, mas desde que assumiram a direção, El Arbi e Fallah trouxeram um estilo ambicioso que disfarça a fragilidade do roteiro em ser raso e apoiado no humor ácido, levando a franquia a níveis alucinantes. Se a consistente saga de Missão: Impossível chegou no seu momento “Velozes e Furiosos” mesmo com Tom Cruise realizando riscos cada vez maiores em suas cenas, os filmes do gênero estão satisfeitos em trazer um pouco de John Wick e da série de espionagem, quase como um estilo a ser considerado para levar a trama mais a sério, o que pode ser observado na corrida maluca de troca de cenários e perigos e na construção de suspense em torno da identidade do vilão que não funciona pela clara obviedade e falta de profundidade nos arcos. Mas há de reconhecer como a execução faz muita diferença, a exemplo da sequência no elevador onde a previsível reviravolta se torna tensa por aproveitarem o pequeno espaço rodeado de vidro.

Chega a ser interessante como ao mesmo tempo que o afastamento de Bay fez Bad Boys parecer mais otimista e segura, leva também a pensar que ele traria cenas de ação mais longa, ainda que sem coerência. É nítido que El Arbi e Fallah ostentam movimentos de câmera junto da ação, algo que se torna um espetáculo em John Wick pelo uso de planos abertos, coreografia e aproveitamento de cenário, mas aqui se faz mais uma técnica estilosa e menos convencional para o gênero. Desde Bright Will Smith tem se jogado em cenas de ação experimentais, e ainda que a proposta aqui não seja entregar sequências extensas de explosões e caos a nível de Bay, a nova dupla de diretores se diverte ao brincar com uma execução marcante, com planos em primeira pessoa e uma edição rápida, sempre explorando perspectivas e dando ênfase que o principal aqui é a forma.

Os diálogos, o timing do humor e até quando insere momentos “mais complexos” para a trama Bad Boys: Ride or Die está sempre indo rápido demais, como se isso fosse tornar o seu ritmo mais frenético fazendo a fórmula soar truncada, mas não tinha muito o que esperar do arco dos mocinhos descobrindo uma teia de conspiração e traição tentando provar a inocência enquanto são caçados, por isso, a sacada do filme está em como diretores trabalham ação aqui, sendo o mérito por onde e como ela está sendo vista do que por números de set pieces, o que entra a cena de invasão domiciliar assistida por câmeras de segurança como outro exemplo do estilo funcionar e quase ser o fator de qualidade que faltava na franquia.

Não muito diferente do que apresentou em Para Sempre e em Até o Fim, é questão de tempo para anunciarem “Bad Boys: Além da Vida”, “Bad Boys: Sempre e para Sempre”, “Bad Boys: Eternamente Parte 1 e Parte 2” visto como já tem a fórmula para  dar continuidade a franquia: Martin Lawrence e Smith sendo conscientes sobre suas idades e usando isso como humor; personagens coadjuvantes para chamar de família, e ação absurda inspirada em outros filmes.

Bad Boys: Até o Fim (Bad Boys Ride or Die – EUA, 2024)
Direção: Adil El Arbi, Bilall Fallah
Roteiro: Chris Bremmer, Will Beall
Elenco: Will Smith, Martin Lawrence, Vanessa Hudgens, Alexander Ludwig, Paola Núñez, Jacob Spicio, Eric Dane, Ioan Gruffudd, Melanie Liburd, Tasha Smith, Rhea Seehorn, Tiffany Haddish, Joe Pantoliano
Duração: 115 min.

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