Trama em duas partes escrita por Eddie Robson e dirigida por Nicholas Briggs, Human Resources encerra a 1ª Temporada da série Aventuras do 8º Doutor, trazendo a resposta sobre o que estava por trás da colocação de Lucie como alguém ligada ao Doutor. Essa era uma questão que vinha se arrastando desde Blood of the Daleks, primeiro capítulo da série. Lembremos que, naquela ocasião, Lucie disse ao Doutor que os Time Lords a colocaram sob seus cuidados porque ela havia visto algo importante, mas no momento ela não se lembrava o que era. Indignado, o Doutor descreveu a situação como um “programa de proteção a testemunhas“. Ao final do segundo episódio desse Finale, há finalmente a recompensa pela espera: entendemos porque os Time Lords fizeram isso. E dessa vez o motivo chega até ser pateticamente engraçado, considerando tudo.
O primeiro capítulo me fez rir de nervoso. Lucie desperta desnorteada e se vê parte da equipe da Hulbert Logistics, uma respeitável empresa. Grandes promessas de promoção, salário competitivo e ambiente aparentemente muito bom de se trabalhar. Mas Lucie sente que há algo de errado ali. E de fato, tem muita coisa errada. O que mais me fez gostar dessa história desde o início foi o amálgama entre o cenário de escritório com um certo terror nas entrelinhas. Reinava a sensação de que algo absurdo iria sair do escuro e se mostrar mortal para todo mundo — o que praticamente é o que acontece na segunda parte, muito por conta de um erro de leitura do Doutor, que tenta consertar as coisas com um grande peso na consciência (pelo menos foi assim que eu entendi as suas falas e atitudes a partir de então).
No segundo episódio, o ambiente aparentemente perfeito da Hulbert Logistics sofre uma grande transformação. Mas ainda há a máscara do escritório perfeito. Lucie está trabalhando, mas sua lavagem cerebral foi retirada pelo Doutor. Ele também está infiltrado na empresa, tentando descobrir o que está acontecendo ali. No meio do processo, Lucie é demitida pelo chefe imaturo, e isso acaba acelerando o processo de descoberta da verdade por trás do escritório, uma vez que o Doutor vai transitar entre o salvamento de sua companion, o contato com o chefão da empresa e a sua visão de como ele deve resolver o que está acontecendo. Quando os Cybermen finalmente se revelam, há uma escalada rápida da ameaça, e um massacre começa a acontecer.
Eu não sou muito fã de histórias com Daleks, Cybermen ou qualquer vilão com voz metálica que é um poço de falatório. Para mim, esse tipo de personagem de voz irritante deve falar pouco. E quando falar, suas frases devem ser verdadeiramente importantes, estratégicas, em divisão curta de diálogos, para não enjoar o espectador, que foi o que aconteceu comigo aqui. Os Cybermen aqui não calavam a boca, e isso tornou a segunda parte do Finale menos interessante, mas não ruim. Gosto particularmente da maneira como a “animosidade-amigável” entre Lucie e o Doutor é resolvida. Ela descobre o que os Time Lords estavam fazendo e se vê livre do peso de estar sendo vigiada ou “forçada” a viajar com o Doutor. Superado o trauma, ela escolhe ficar ao lado do Time Lord. E ele quer que ela siga ao seu lado. Finalmente, uma dupla de pessoas que assumidamente querem estar um ao lado do outro. Prontos para mais uma jornada inteira de aventuras.
Aventuras do 8º Doutor: Human Resources (Eighth Doctor Adventures) — Reino Unido, julho e agosto de 2007
Direção: Nicholas Briggs
Roteiro: Eddie Robson
Elenco: Paul McGann, Sheridan Smith, Katarina Olsson, Roy Marsden, Nickolas Grace, Owen Brenman, Louise Fullerton, Andy Wisher, Nicholas Briggs
Duração: 55 min., cada episódio