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Crítica | A Fuga dos Androides (Atlan #2), de Hans Kneifel

por Luiz Santiago
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Ciclo 1: Aventuras Temporais — Episódio: 2/52
Principais personagens: Atlan (Adlaan), Adrar, AQUILO, Aiv, Alyeshka, Calen, Imohag, Keraik, Kharg, Lapee, Ngarto, Paer, Tashil, Toteen, Tuar
Espaço: Planeta Gäa / Deserto do Saara
Tempo: 3561 / 5020 a.C.

Quando eu cheguei no meio de A Fuga dos Androides, o seguinte pensamento se apoderou de mim: “meu Deus, que livro chato!“. Em minha inocência, achava que essa exclamação valeria apenas para aquela parte da obra, mas estava redondamente enganado. Não muito a partir de sua metade, este volume escrito por Hans Kneifel (mesmo autor da boa história de origem da série Atlan, intitulada No Berço da Humanidade) começou a dar sinais de queda de qualidade narrativa, e esse problema se arrastou até o final do livro, para a minha tristeza.

O primeiro grande ponto de estranheza foi o modelo de despertar de Atlan, em sua cúpula submarina, e a forma como o autor resolveu iniciar mais esse capítulo de sua história. Não se trata de um início ruim — aliás, a melhor parte do livro é exatamente o começo –, mas já causa uma grande estranheza no leitor, porque se ancora em uma motivação de ação diferente, forçada. Dessa vez, a missão de Atlan — que está na região do Saara, mas não é especificado exatamente o país correspondente na atualidade –, é caçar e matar 12 androides vindos do planeta Peregrino. E a missão tem como “contratador” a superinteligência chamada AQUILO.

Quando um autor começa uma série, a primeira coisa que se cobra dele é a costura desse Universo através de um método narrativo que o leitor possa se apegar e ver evoluir. É verdade que existem ingredientes desse processo que podem ser utilizados de qualquer forma, de um volume para outro, que não vão causar espanto. Isso porque o leitor entenderá a mudança como parte de uma rápida transformação. Outras coisas, porém, precisam de tempo para amadurecer. Peguem a própria série Perry Rhodan e vejam como os autores foram plantando sementes e acostumando compassadamente os leitores a uma determinada realidade, para então dar um grande passo. Até mesmo um salto temporal na cronologia da série demorou 10 livros para acontecer!

Daí entramos em um spin-off (ou romance planetário de PR) e nos deparamos com um fruto caindo muito longe da árvore. Se essas diferenças fossem melhor ajustadas no desenvolvimento da obra, a realidade seria outra. Mas não é isso que acontece. Após o acordar de Atlan, seu transporte para o deserto, a travessia no lombo do elefante e o encontro com Adrar, tudo corre mais ou menos bem. As descrições guardam uma dose de interesse e a ideia de missão solicitada por AQUILO lentamente começa a entrar em nosso campo de aceitação. Contudo, chegamos ao primeiro encontro cara a cara de Atlan com a androide Alyeshka e o livro verdadeiramente perde o rumo.

A essa altura, o leitor já tinha passado as provações de inquietantes descrições de cenários e “tribulações do momento presente de Atlan“, que recorda essas coisas em um leito de morte, no planeta Gäa. Essa aventura, especificamente, tem um caráter bem interessante para ele, porque AQUILO tirou-lhe as memórias conscientes de tudo o que aconteceu aqui. Agora, num estado vegetativo, essas memórias acabam vindo à tona. Tal processo de narração não é dos mais interessantes, e acho que o autor passou tempo demais nisso, mas não se trata de algo definitivamente negativo para a obra, apenas algo desnecessariamente longo. A parte ruim começa quando a luta contra os androides, luta que carregava uma grande promessa em si, se mistura com uma narrativa semi-mitológica sem força alguma, fazendo com que os enfrentamentos sejam apenas chatice atrás de chatice, explosões, descrição de mortes, violência e clamores do leitor para que o livro acabe o quanto antes.

Eu só insisti mesmo na leitura porque o livro era curto e eu já tinha lido metade dele. Como não tenho nenhum problema em abandonar leituras, Atlan passou raspando pela linha do “vou colocar na geladeira“. Agora, fico apreensivo pelo próximo despertar do personagem. Espero que AQUILO não volte a forçar mais nenhuma outra missão a Atlan — me parece que ele, agindo por si só e enfrentando os perigos que assolam a Terra a cada novo despertar, consegue encerrar algo muito melhor. Entretanto, se AQUILO voltar, que pelo menos a série mantenha a viva e interessante narrativa temporal que nos apresentou em seu primeiro volume. É para isso que estamos aqui.

Perry Rhodan: Romances Planetários #147: Atlan – Livro 2: A Fuga dos Androides (Perry Rhodan-Planetenromane – Band 147: An der Wiege der Menschheit / Flucht der Androiden) — Alemanha, 1975 / 1992
Autor: Hans Kneifel
Capa original: Johnny Bruck
Editora original: VPM – Pabel Moewig Verlag KG
No Brasil: SSPG Editora (maio de 2019)
Tradução: José Antonio Cosenza
158 páginas

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