Home TVEpisódio Crítica | Ataque dos Titãs (Attack on Titan) – 4X26: Traidor

Crítica | Ataque dos Titãs (Attack on Titan) – 4X26: Traidor

Alguém precisa fazer isso.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, a crítica dos episódios anteriores.

É irônico que o próximo episódio se chame “Retrospectiva”, porque é exatamente a palavra que eu classificaria os dois episódios recentes, e a própria quarta temporada como um todo. Uma análise da condição humana, a sociedade e a violência que circula a história da humanidade, cheia de paralelos para a vida real (todo este núcleo com a Facção Jaeger tem uma cara fascista, desde o discurso de ódio até o visual dos personagens, inclusive as pistolinhas), assim como de Guerra Mundial com o ataque de Eren, mas também paralelos para os caminhos percorridos pelos personagens da série. É algo recorrente na obra com seus temas cíclicos e a roda eterna da violência, mas o roteiro de Isayama continua retirando substância da repetição e oferecendo cenas poderosas.

Esse lance de “déjà vu” dos atos dos personagens também continua proporcionando bons arcos dramáticos dentro de suas situações-limites e escolhas impossíveis, melhor enfatizado neste episódio com Armin e Connie tendo que matar seus companheiros de Paradis. Eu acabo sentindo um pouco de cansaço narrativo com a repetição temática, como já pontuei em outros episódios, afinal, já vimos momentos assim antes, como o próprio Armin lembrando de Bertholdt enquanto atacava Marley. Mas não vejo como Traidor possa fugir deste tratamento dramático, ou melhor, é um desenvolvimento orgânico considerando as conversações do capítulo anterior, colocando nosso pequeno grupo da Resistência de frente a mais dilemas morais.

O início puxa a linha das discussões do episódio anterior, ainda que sem a mesma atmosfera e estilo de direção. Podemos ver um sentimento de perdão e empatia circulando a aliança, através de doses de culpa e compreensão, melhor representado pela ação de Magath. Nesse sentido, o trabalho dos diálogos se mantém com alta qualidade em suas pequenas refutações e confrontos, como entre Annie e o grupo eldiano, assim como a sempre excelente Yelena. O grande destaque do episódio, porém, está na construção de tensão da missão para tomar a aeronave dos Azumabito, especialmente a sequência entre Armin e Connie, com ótimo trabalho da direção para criar suspense nos focos em olhares e rostos distorcidos (ainda que desgosto do certo exagero visual nas feições da animação, algo comum em obras japonesas).

É meio estranho Jean ter dois dedos de tempo de tela no episódio depois da sua participação enfática em A Noite do Fim? Um pouco, mas vejo que a série tem espaçado o tempo de brilhar dos personagens. Mas é ridículo que Mikasa continue sem ganhar momentos poderosos como o de Connie no final do episódio? Muito problemático. No entanto, são deslizes que não atrapalham a excelência do capítulo como um todo, menos calmo, mas ainda introspectivo, colocando nosso grupo cheio de conflitos internos no meio da batalha, enquanto faz uma cruel retrospectiva das ações de seus inimigos e dos seus atos atuais – a inserção do flashback de Bertholdt na montagem é extremamente inteligente para adicionar uma camada extra de reflexão e impacto.

No mais, adorei a abordagem do episódio focado numa missão complicada, na execução de um plano feito de última hora e no escalonamento do estresse borbulhando até explodir nos gritos angustiantes de Connie. Como eu disse, há muita tensão e suspense, com ótimo estofo antagonista de Floch, cada vez mais interessante como vilão, mas também há um aspecto de ação militarista que proporciona um tom de aventura gostoso de acompanhar em seus desdobramentos dramáticos e de movimentação da trama. A diminuição de escopo ressalta a qualidade da direção, me lembrando a pegada da primeira metade do terceiro ano do anime, com o grupo capitaneado por Levi lutando dentro das muralhas, enfrentando inimigos humanos com muitas acrobacias de DMT. Não sei como será a trajetória da Resistência contra Eren, mas o caminho percorrido até aqui tem sido excelente.

Attack on Titan – 4X26: Traidor (進撃の巨人, Shingeki no Kyojin – 裏切り者, Uragirimono, Japão, 13 de março de 2022)
Criado por: Hajime Isayama
Direção: Teruyuki Omine
Roteiro: Hajime Isayama, Hiroshi Seko
Elenco:  Takehito Koyasu, Yoshimasa Hosoya, Ayane Sakura,  Natsuki Hanae, Toshiki Masuda, Manami Numakura, Yûmi Kawashima, Ayumu Murase, Masaya Matsukaze, Jirô Saitô, Tôru Nara, Yû Shimamura, Yûki Kaji, Kazuhiro Yamaji, Hiroshi Kamiya, Romi Pak, Kishô Taniyama, Hiro Shimono, Yû Kobayashi
Duração: 24 min.

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