- Há spoilers. Leiam, aqui, a crítica dos episódios anteriores.
Logo antes do episódio começar, estava me perguntando se teríamos um capítulo mais político ou o foco agora seria a narrativa de Falco e Gabi. E Crianças da Floresta acaba sendo uma interessantíssima mescla dos dois núcleos que vinham sendo construídos isoladamente, levando a família Blouse e a duplinha marleyana ao encontro da Divisão de Reconhecimento enquanto participam do jantar preparado por Nicolo. A expectativa para a descoberta geral das identidades e dos fatos que levaram à morte de Sasha configurava um momento que era esperado, mas estava ansioso para saber como seria a cadeia de eventos. E Isayama, como de costume, não decepciona.
Primeiro gostaria de pontuar como quase todo o episódio ocorre em um ambiente único e fechado, com exceção de uma ou outra cena com Levi e Zeke – que são ótimas, aliás, demonstrando muito bem a desilusão e remorso de Levi, um dos melhores personagens da obra, mas com pouco espaço na quarta temporada. E é aí que entra a belíssima direção artística do episódio, concebendo uma tremenda montagem de mistério, culpa e ódio na ambientação contida. Claro que o elogio é carregado para Isayama, mas a MAPPA merece louvor pela composição da atmosfera do capítulo, utilizando uma trilha sonora inquietante, com várias notas de suspense e choque, ao mesmo tempo que trabalha ótimas expressões faciais. Attack on Titan sempre foi um anime bastante expressivo, desde os rostos comicamente macabros dos Titãs até as expressões de horror dos seres humanos, mas Crianças da Floresta realmente me marcou nesse quesito, por causa da variedade vista. Desde surpresa e choque, fúria, amargura, vemos de tudo um pouco. Particularmente, gosto muito dos shots de Nicolo e Gabi, assim como numa cena bem aterrorizante de Floch.
A forma como a narrativa vai construindo a descoberta é sensacional, iniciando-se no abalo de Nicolo, levando-nos ao ótimo embate na sala de jantar, no qual vemos o ódio tomando conta do cozinheiro, ao mesmo tempo que temos o semblante de culpa de Gabi. Os diálogos de conflito, assim como de apaziguamento por parte de Blouse, representam as temáticas da série como um todo, e, novamente, a montagem magnífica de suspense vai criando esse laço inquietante e obsessivo com o espectador sobre o desenrolar da ação. Além disso, a transição da discussão em torno da morte de Sasha para as questões políticas ocorre naturalmente, e a sacada das garrafas “envenenadas” com o fluido espinhal de Zeke é mais um bem construído recurso na guerra de facções, puxando eventos lá do início da 3ª Temporada.
A cena da aparição repentina de Eren – confesso que tomei um leve susto – é a cereja no bolo de um episódio construído em cima de um roteiro minucioso, respaldado por uma ótima animação e preenchimento de atmosfera, no qual vemos vários temas da série personificados nas aterrorizantes e cruéis expressões faciais dos personagens. Isayama continuando usando Gabi como motor narrativo, e sua importância para o anime só aumenta na minha concepção, especialmente nesse encontro com o protagonista. O cliffhanger vem como uma facada na ansiedade, mas desfecha com primor mais um excelente episódio da série. O clímax está próximo.
Attack on Titan – 4X13: Crianças da Floresta (進撃の巨人, Shingeki no Kyojin – 森の子ら Mori no Kora, Japão, 07 de março de 2021)
Criado por: Hajime Isayama
Direção: Yasuhiro Geshi, Kōnosuke Uda
Roteiro: Hajime Isayama, Hiroshi Seko
Elenco: Takehito Koyasu, Yoshimasa Hosoya, Ayane Sakura, Natsuki Hanae, Toshiki Masuda, Manami Numakura, Yûmi Kawashima, Ayumu Murase, Masaya Matsukaze, Jirô Saitô, Tôru Nara, Yû Shimamura, Yûki Kaji, Kazuhiro Yamaji, Hiroshi Kamiya, Romi Pak, Kishô Taniyama, Hiro Shimono, Yû Kobayashi
Duração: 24 min.