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Crítica | Asterix nos Jogos Olímpicos (2008)

por Ritter Fan
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Os álbuns das aventuras de Asterix e Obelix só ganharam sua primeira – e mediana – adaptação cinematográfica live-action bem tardiamente, em 1999, com o milionário Asterix e Obelix contra César, sucesso seguido do surpreendentemente excelente e igualmente milionário Asterix e Obelix: Missão Cleópatra, em 2002. Foi inesperado, portanto, que uma segunda continuação, Asterix nos Jogos Olímpicos, tenha que ter esperado nada menos do que seis anos para finalmente ver a luz do dia em uma coprodução pan-europeia de cinco países, com direito a quatro roteiristas e dois diretores em um longa superlativo de todas as maneiras, incluindo em sua qualidade absolutamente abissal.

Sim, abissal. O terceiro longa live-action da franquia é, sem papas na língua, uma vergonha cinematográfica tão grande quanto seu orçamento de 113 milhões de dólares que nunca conseguiu recuperar na bilheteria, resultado que deve ter sido intimamente ligado com o completo desastre que é a fita. Apesar de tentar ser uma adaptação direta do maravilhos álbum homônimo que René Goscinny e Albert Uderzo lançaram em 1968, o roteiro falha em captar a essência e o requinte da obra original, confundindo comédia e humor com pastelão e pastelão com piadas idiotas, atuações que são só caras e bocas e uma linha narrativa que transforma Asterix (Clovis Cornillac substituindo  Christian Clavier) e Obelix (Gérard Depardieu voltando ao papel mais uma vez) em não mais do que coadjuvantes de luxo em sua própria história que é infinitamente mais focada no antagonista Brutus (Benoît Poelvoorde) e sua relação filial e assassina com Júlio César (Alain Delon em uma participação tão ridiculamente “especial” que os créditos se desdobram em dizer isso em todas as oportunidades), de maneira que tudo gira ao redor deste dois e não da premissa que mal ganha desdobramentos que não sirvam a eles.

Essa premissa é o amor entre Alafolix (Stéphane Rousseau), gaulês da famosa aldeia que conhecemos, mas que foi inventado somente para o filme em uma daquelas ideias “brilhantes” da equipe de roteiristas e a Princesa Irina (Vanessa Hessler) da Grécia, prometida a Brutus. Confusão vai, confusão vem, fica decidido que quem ganhará a mão da moça será o vencedor nos Jogos Olímpicos, cenário em que, finalmente, Asterix e Obelix entram. No entanto, nada, absolutamente nada funciona a contento no longa. São piadas forçadas, atuações histriônicas com Poelvoorde conseguindo ser ainda mais inábil em timing cômico do que Roberto Benigni fora como Detritus no primeiro live-action e uma computação gráfica engessada de desenho animado substituindo a boa dose de efeitos práticos do longa anterior, entremeadas com figurinos mal-ajambrados – até a caracterização de Obelix é ruim! – e uma necessidade doentia de se inserir pontas das mais variadas celebridades com Michael Schumacher que caem de paraquedas na já tumultuada história.

E antes que os defensores da tese bobalhona do “ah, mas é um filme para crianças” venham dizer algo, por favor não subestimem as mentes jovens, pois elas são muito mais inteligentes e conseguem absorver muito mais coisa do que vocês imaginam. Sim, Asterix nos Jogos Olímpicos – assim como os dois live-action anteriores – miram no público infantil, mas filme infantil não é sinônimo de filme imbecil e este terceiro longa de Asterix e Obelix é o exemplo clássico de um filme imbecil feito de qualquer jeito para agradar o maior número de pessoas possível sem exigir sequer dois dígitos baixos de QI para sua apreciação. É como eu disse lá no começo: sequer pastelão a produção faz direito, pois seria uma verdadeira heresia classificar o filme desta forma diante dos vários maravilhosos pastelões clássicos que temos por aí.

Com exceção de alguns trechos com Alain Delon, especialmente um em que seu monólogo é composto de referências a filmes que estrelou, Asterix nos Jogos Olímpicos é imprestável e uma verdadeira vergonha do começo ao fim que não entrega sequer uma descompromissada e simpática aventura dos irredutíveis gauleses, mas sim uma esparrela ridícula e longa demais que, com 30 minutos de duração já dá vontade de desligar para ver qualquer outra coisa no lugar, até mesmo reality show (que abomino com todas as minhas forças). Acho que eu nem preciso terminar essa crítica dizendo que as criações de Goscinny e Uderzo não mereciam esse acinte ultrajante, não é mesmo?

Asterix nos Jogos Olímpicos (Astérix aux Jeux Olympiques – França/Alemanha/Espanha/Itália/Bélgica, 2008)
Direção: Frédéric Forestier, Thomas Langmann
Roteiro: Thomas Langmann, Olivier Dazat, Alexandre Charlot, Franck Magnier (baseado em obra de René Goscinny e Albert Uderzo)
Elenco: Gérard Depardieu, Clovis Cornillac, Benoît Poelvoorde, Jean-Pierre Cassel, Alain Delon, Bouli Lanners, Jean-Pierre Castaldi, Dorothée Jemma, Santiago Segura, Vanessa Hessler, Stéphane Rousseau, José Garcia, Vincent Moscato, Adriana Karembeu, Michael Bully Herbig, Jérôme Le Banner, Michael Schumacher, Jamel Debbouze
Duração: 116 min.

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