Home FilmesCríticas Crítica | Assassino a Preço Fixo 2: A Ressurreição

Crítica | Assassino a Preço Fixo 2: A Ressurreição

por Guilherme Coral
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estrelas 2

A constante necessidade (e falta de criatividade) em realizar remakes e continuações frequentemente nos leva a uma pergunta bastante óbvia: qual a necessidade de nos trazer a sequência de um filme de ação genérico? Não seria mais fácil criar uma nova obra sem ter de se apoiar no que veio antes? Definitivamente esse questionamento vem junto de Assassino a Preço Fixo 2: A Ressureição, com um título exageradamente dramático, sendo que já sabíamos que Arthur Bishop (Jason Statham) sobrevivera no desfecho do longa-metragem original. É evidente que a premissa da franquia, iniciada lá atrás, em 1972, com Charles Bronson, nos traz algo diferente – o problema está no desenvolvimento do roteiro, que sempre cai na mesmice, se categorizando como um filme de ação comum.

De fato essa é nossa percepção do novo longa desde seus momentos iniciais. Bishop, o “mecânico”, que acreditavam estar morto, é encontrado por alguém de seu nebuloso passado, Crain (Sam Hazeldine). Este decide utilizar Gina (Jessica Alba), quem Arthur acabara de conhecer e, aparentemente, se apaixonara, para obriga-lo a realizar alguns assassinatos. O texto, portanto, procede de forma a nos mostrar essas missões do assassino profissional enquanto ele almeja libertar a garota de alguma forma, já que espera que Crain irá traí-lo no fim.

O problema de Assassino a Preço Fixo 2 não está nesses três contratos a serem realizados por Arthur e sim no que acontece antes, entre cada um e depois. Mas vamos do início. O longa-metragem conta com um prólogo totalmente desnecessário no Rio de Janeiro, com um Statham falando um português sofrível que o roteiro tem a audácia de dizer que ele está se misturando bem, pois está com o sotaque certo. Essa sequência inicial de ação simplesmente nos traz uma briga facilmente esquecível e somente nos traz uma informação que seria repetida novamente poucos minutos depois.

O que vemos a seguir é quando Arthur conheceu Gina, todo um trecho que soa tão artificial que sentimos como se, de fato, muitas cenas tivessem sido cortadas. De uma hora para a outra a disposição dos personagens muda sem mais nem menos – nada ocorre para fazê-los mudar, uma paixão que surgira tão rápido que passamos a nos perguntar se não existe amor em pó, que podemos só misturar com água e pronto. O agravante é que essa relação é utilizada como premissa para Bishop se ver preso aos seus contratos e a artificialidade criada entre Statham e Alba de nada ajudam para garantir nossa imersão.

Chegamos, enfim, nas missões de assassinato em si. Essas conseguem, de fato, nos divertir e procedem de forma criativa – especialmente a segunda, que nos remete imediatamente a Missão: Impossível – Protocolo Fantasma com o personagem escalando pelo lado de fora um prédio. Infelizmente, essas únicas sequências da obra que conseguem nos trazer resquícios de originalidade são prejudicadas pelo que está em volta delas. No terceiro contrato, por exemplo, já estamos cansados, tendo acabado de ver um trecho completamente desnecessário, que de nada acrescenta para a progressão narrativa e que somente nos traz tiros para lá e tiros para cá – sequências que apenas caem na mesmice e não nos trazem nada de novo e, infelizmente, o clímax está incluso nelas, sendo excessivamente longo e enfadonho.

Felizmente a direção de Dennis Gansel consegue nos trazer algo diferente do que vimos no filme anterior e aqui, enfim, conseguimos entender algo do que se passa na tela. O problema é que dificilmente temos algo para se entender, visto que a repetição é uma constante na obra, chegando a tal ponto que nossa distração é garantida, tamanha a quebra da imersão provocada por esse roteiro lotado de sequências inúteis.

Assassino a Preço Fixo 2: A Ressurreição, com todos os seus problemas, nos traz algo potencialmente maravilhoso: o ponto final dessa franquia que deveria ter permanecido fechada com o filme estrelado por Charles Bronson. O que temos aqui não nos traz nada de original, é apenas mais um filme de ação comum, com muitos tiros, pancadas, munição infinita e explosões. Felizmente temos algumas cenas pontuais que conseguem nos divertir, mas o restante todo é uma verdadeira bagunça que, a cada momento, nos faz ansiar pelo término da projeção.

Assassino à Preço Fixo 2: A Ressurreição (Mechanic: Resurection) – França/ EUA, 2016
Direção:
 Dennis Gansel
Roteiro: Philip Shelby, Tony Mosher
Elenco: Jason Statham,  Jessica Alba, Tommy Lee Jones, Michelle Yeoh, Sam Hazeldine, John Cenatiempo, Toby Eddington
Duração: 98 min.

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