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Crítica | Assassinato em Roma (1965)

Espionagem e assassinato.

por Luiz Santiago
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Assassinato em Roma é um eurospy dirigido por Silvio Amadio, diretor talvez mais conhecido pelo seu giallo Amuck – Em Busca do Prazer, de 1972. Nesta produção ítalo-franco-espanhola de 1965, ele utilizou diversos elementos do suspense, criando uma trama de investigação e assassinato que até consegue uma compensação parcial ao final da fita, apesar dos tropeços narrativos. Mesmo tendo que substituir, de última hora, o ator John Gavin no papel do protagonista (que acabou ficando com Hugh O’Brian), a produção de Assassinto em Roma foi tranquila, e o resultado final tem como pontos positivos a fotografia bem azeitada e as muitas externas, destacando-se as ótimas cenas em pontos turísticos italianos.

Já vi alguns articulistas classificarem a obra como giallo, mas não vejo aqui os ingredientes essenciais do gênero para dar suporte a essa classificação. Este é um caso diferente de Data Para um Assassinato (1967), por exemplo, que possui muito mais uma atmosfera de espionagem do que de giallo, mas onde o espectador consegue enxergar as pinceladas do diretor Mino Guerrini em relação ao gênero. Isso, porém, não acontece aqui. Talvez a coisa mais giallo que a gente tenha na obra seja o seu título original, O Segredo do Vestido Vermelho, embora isso seja uma distração sem sentido no enredo. E por falar em “distração sem sentido”, chegamos ao ponto principal do porquê temos aqui um produto mediano. 

O roteiro de Amadio e Giovanni Simonelli tem muita dificuldade em fazer com que os personagens entrem e saiam de cena de maneira orgânica, o que nos causa um bom número de cenas estranhas no que diz respeito ao tempo e ao motivo pelo qual este ou aquele personagem está no quadro. A mesma situação se estende para ações descontínuas numa determinada sequência, como quando uma mulher sai para trocar as flores de um vaso sem absolutamente nenhuma motivação para isso, e volta como se tivesse feito a coisa mais incrível e necessária para a história. É claro que esses problemas de motivação e a claudicante mise-en-scène tornam a obra mais cansativa do que deveria. Existe, porém, uma luta intensa entre este ponto negativo da direção, e as coisas boas que ela consegue colocar na tela, como as cenas em Roma e em Veneza, ou os momentos de perseguição, luta e grande tensão. 

Cyd Charisse faz de sua personagem um misto de “donzela em perigo” com “mulher suspeita e apaixonada”, deixando o público sem saber muito bem o que pensar de seu alinhamento moral. Não é exatamente uma atuação memorável, mas consegue o básico daquilo que se propõe a entregar, e quero destacar o início da cena em que ela corre pela casa, fugindo de um invasor que procurava os projetos de engenharia do Sr. North. Já Hugh O’Brian, como o jornalista Dick Sherman, consegue um resultado melhor na alternância entre o homem com uma história de amor não finalizada, e a postura cética e investigadora diante de um problema que envolve diretamente a mulher de sua vida. 

O que torna Assassinato em Roma menos impactante é a costura paupérrima que o roteiro faz de todas as pistas e suspeitas levantadas no desenvolvimento da obra. Questões militares, plantas de um projeto de engenharia, drogas e uma organização não nomeada com um objetivo desconhecido são pedaços soltos de algo que até poderia tornar-se um bom enredo, mas ao serem misturados displicentemente, não geram nada livre de problemas – vide o “clímax anticlimático” da fita. É fato que não estamos diante de um filme ruim, especialmente quando consideramos o processo de investigação, as dúvidas lançadas sobre determinados personagens e as muitas possibilidades da trama. A coisa desce a ladeira apenas quando chega o momento de dar sentido a todo esse novelo dramático. A diversão de antes, então, acaba estacionando no amargo patamar da mediocridade.        

Assassinato em Roma (Il Segreto del Vestito Rosso / Assassination in Rome) – Itália, Espanha, Fraça, 1965
Direção: Silvio Amadio
Roteiro: Silvio Amadio, Giovanni Simonelli
Elenco: Cyd Charisse, Hugh O’Brian, Mario Feliciani, Alberto Closas, Juliette Mayniel, Philippe Lemaire, Gina Rovere, Beni Deus, Manuel Alexandre, Gianni Baghino, Franco Giacobini, Alberto Dalbés, Carlos Casaravilla, Memmo Carotenuto, Eleonora Rossi Drago, Alba Maiolini
Duração: 99 min.

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