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Crítica | Ash vs Evil Dead – 3ª Temporada

por Leonardo Campos
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Depois de superar o cancelamento previsto durante a segunda temporada, a série Ash Vs. Evil Dead retornou para o seu terceiro e último ano, com grandes desafios que infelizmente não foram vencidos, em especial, a continuidade do excelente ritmo e a inserção de elementos que permitissem outros rumos, sem a sensação de já termos visto tudo aquilo demasiadamente ao longo dos 10 episódios de cada um dos anos anteriores. Ao investir na mesma quantidade de unidades dramáticas para a temporada, os realizadores mantiveram alguns personagens, trouxeram novos arcos dramáticos, investiram em viagens temporais e ainda inseriram mais traços do gênero fantástico, haja vista as criaturas mirabolantes, construídas por designers inventivos, indo além dos habituais humanos transformados em criaturas demoníacas. O universo criado por Sam Raimi no preâmbulo dos anos 1980 mostrou vigor contemporâneo, num habitual jogo com mescla de humor, horror e outros elementos narrativos.

Ruby (Lucy Lawless), a grande sacerdotisa do mundo maligno, continua a sua empreitada de enfrentamento, na busca de mais poder e com todas as forças fincadas no Necronomicon, o Livro dos Mortos que funciona como uma espécie de portal para a entrada das forças do além no universo dramático de Elk Groove, cidade que situa a narrativa. Um dos planos da representante sobrenatural é destruir Ash, O Escolhido (Bruce Campbell), o carismático anti-herói nonsense absurdamente caricato e brutamontes, homem que descobre ter uma filha, Brandy Barr (Arielle Carver-O’Neill), ambos inseridos num projeto meticuloso de aceitação mútua, pois para dar conta de proteger a filha, o amalucado personagem precisará agir com mais responsabilidade, e a garota, desconectada da vida absurda do pai destruidor de demônios, precisará aceitar que talvez ela seja parte de uma linhagem de heróis aniquiladores das forças das trevas.

A trama pulsante, no entanto, não ganha continuidade com o encerramento da série, algo saudável, haja vista o enfraquecimento da narrativa, representado não apenas na opinião da crítica especializada, mas também no interesse dos espectadores. Em seu terceiro ano, Ash Vs. Evil Dead perdeu um pouco mais de 50% de seu público, uma queda vertiginosa que pode ser compreendida pelos excessos de mortes, desmembramentos, sangue, diálogos ruins e outras bobagens aceitáveis dentre de alguns limites, mas responsáveis por encher o nosso pote de paciência, sem possibilidade alguma de enfrentar mais uma sequência de episódios da imaginada quarta temporada. Interessante, no entanto, ver que em seus três anos, a série reconquistou os fãs da franquia, obteve novo público, manteve-se relevante na seara da produção industrial de terror e conseguiu ir além que outros universos com maior potencial, tais como O Exorcista (duas ótimas temporadas) e A Profecia (apenas uma temporada inicialmente boa, mas ruim no final).

Em Ash Vs. Evil Dead, os personagens realizam uma viagem temporal e Ash, agora, pretende mudar a sua imagem, mergulhada nos meandros da má reputação durante tanto tempo. Enquanto isso, novos desafios são implementados, com monstros ainda maiores e personagens a atrapalhar a sua jornada contra o maligno. Ruby, que deveria aparecer mais, faz apenas algumas participações basilares, sem o impacto que o texto alega que a personagem possui. Os novos monstros, aparentemente inspirados nos universos criados por H. G. Wells e Lovecraft na literatura, são os grandes atrativos por aqui, enfrentados por Pablo (Ray Santiago) e Kelly (Danna DeLorenzo), parceiros fieis ao “guerrilheiro” Ash, figura ficcional que marcou a carreira limitada de Bruce Campbell no cinema, o clássico carismático ator de um personagem só, tão forte na cultura pop que lhe rendeu trabalho e visibilidade de nicho para toda a vida.

Ademais, nada além da retomada de conteúdos trabalhos anteriormente, agora inseridos num mundo pós-apocalíptico, ideia apresentada no desfecho da temporada que contou com Cougie, mascote da escola, monstro de garras divertido e perigosamente fatal. Com episódios que tinham em média 25 a 30 minutos, a série Ash Vs. Evil Dead durou mais que o esperado e contou com um time eficiente para a construção de sua atmosfera narrativa. Tom Spezialy, Sam Raimi e Ivan Raimi desenvolveram a produção do cinema para a televisão. Barbara Darragh assumiu os figurinos, Joseph LoDuca a condução musical, Nick Basset o design de produção, Dave Garbett a direção de fotografia (de 15 episódios dos 30 totais), dentre outros setores lotados de contribuições, em especial, os necessários efeitos visuais, efeitos especiais e design de som, segmentos necessários para a tradução da atmosfera da franquia cinematográfica para o formato seriado televisivo, exibido entre 2015 e 2018.

Ash vs. Evil Dead – 3ª Temporada (EUA, 2018)
Showrunners: Sam Raimi, Rick Jacobson, Tom Spezialy, Craig DiGregorio, Robert Tarpet
Roteiro: Sam Raimi, Ivan Raimi, Tom Spezialy
Elenco: Bruce Campbell, Ray Santiago, Lucy Lawless, Jill Marie Jones, Dana DeLorenzo, Ellen Sandweiss, Pepi Sonuga, Michelle Hurd
Duração: 30 minutos (10 episódios)

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