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Crítica | As Novas Aventuras do Zorro (1981) – 1X01: Three Is a Crowd

Ladrão que rouba ladrão que rouba ladrão.

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna semanal dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 1
Número de episódios: 13
Período de exibição: 12 de setembro a 05 de dezembro de 1981
Há continuação ou reboot?: Não.

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Mesmo que Zorro, herói mascarado espanhol que tem base de operações em Los Angeles, na Califórnia, e que foi criado pelo americano Johnston McCulley, em 1919, beba de diversas fontes anteriores, notadamente o lendário Robin Hood e o literário Pimpinela Escarlate, o personagem que foi incontáveis vezes adaptado para o audiovisual é talvez mais conhecido por ser a maior inspiração para a criação do Batman, exatamente 20 anos depois. Todas as principais características do Homem Morcego estão contidas em Zorro, pelo que chega a ser natural que As Novas Aventuras do Zorro, primeira animação do personagem, faça uso de uma característica peculiar de Batman, que é o pareamento do herói vestido todo de preto com um sidekick mais jovem, paramentado com um uniforme para lá de espalhafatoso, no caso nas cores rosa, azul, amarela e roxa (só que sem capa).

A produção da Filmation, responsável por basicamente todas as séries animadas super-heróicas do começo dos anos 80 nos EUA, teve apenas 13 episódios ao longo de uma temporada, com cada episódio sendo um terço da “Hora de Aventura” da televisão americana, ao lado das animações de Tarzan e do Cavaleiro Solitário que, por aqui, também era originalmente chamado de Zorro por razões completamente incompreensíveis para mim tanto na época quanto hoje em dia. As Novas Aventuras do Zorro pode ser considerado, como o título espertamente deixa entrever, como uma continuação espiritual da ótima série live-action do personagem pela Disney que foi ao ar entre 1957 e 1959, com Guy Williams como o vigilante mascarado. Como na série dos anos 50, a animação da Filmation mantem-se fiel ao material literário original, mas fazendo muito uso de alívio cômico, especialmente no que gravita ao redor do rechonchudo Sargento González (Don Diamond), retirado diretamente da primeira história de Zorro e que, na série da Disney, foi rebatizado como Sargento García.

A grande diferença é mesmo a presença do citado ajudante do Zorro (Henry Darrow) que curiosamente não tem codinome, mas sim um primeiro nome – Miguel (Julio Medina) – que, mais curiosamente ainda, só é mencionado no minuto final e para receber uma ordem para ligar o chafariz do dândi Don Diego de la Vega. Miguel substitui o criado mudo (viu a incorreção política que cometi aqui?) Bernardo do material literário e de diversas adaptações posteriores, inclusive a citada série da Disney, de forma a fazer algo que era basicamente regra em filmes e séries de super-heróis na época e até hoje em dia.

O episódio inaugural não tem firulas, inclusive evitando contar uma história de origem. Zorro já existe há tempos e é temido pelo Sargento González quando ele e um destacamento de soldados protegem o dinheiro de impostos quando ele é carregado em um navio de San Diego com destino a Los Angeles. Quando Zorro chega em cena, o que acontece em questão de segundos, ele está ao lado de Miguel e essa circunstância também não ganha sequer uma frase de contextualização, até porque, como disse, heróis e seus sidekicks já eram a regra há tempos. O componente que traz a graça e justifica o título Three is a Crowd (algo como “Três É Demais“) é a introdução da pirata Lucía (Socorro Valdez) e sua tripulação que acaba sendo bem sucedida naquilo que Zorro e Miguel inicialmente falham, que é o roubo das riquezas.

O design dos personagens é eficiente e bebe também do material audiovisual anterior, sem invencionices para além de Miguel e seu uniforme rosa, logicamente. A animação em si é a típica da Filmation, ou seja, o mínimo científico de movimento para permitir uma narrativa que convence em termos de ação. Expressões são inexistentes para além das bocas se mexendo em rostos parados, ainda que seja interessante ver como as feições das versões à paisana de Zorro e Miguel são diferentes das versões super-heróicas. Fica parecendo que fizeram esforço demais – e hilariamente equivocado – para convencer o público de que Don Diego e Miguel não são os vigilantes mascarados. E, como basicamente tudo da Filmation, os episódios acabam com um “momento educacional” que, aqui, é uma lição sobre a língua espanhola, com Zorro nos ensinando a diferença entre “San” e “Santa”.

O começo de As Novas Aventuras de Zorro é eficiente na forma como bebe do material fonte e da série da Disney e consegue até mesmo fazer com que Miguel se encaixe corretamente na mitologia do clássico personagem, especialmente ao fazer do sidekick o exato oposto, em termos de indumentária, do que o herói principal é bem no estilo Batman de ser. Pelo menos não fizeram Miguel usar um shortinho rosa… Em termos de história, a estrutura de “ladrão que rouba ladrão que rouba ladrão” é simples e direta o suficiente para servir de pano de fundo para a reapresentação de Zorro e de seu alter ego ricaço e playboy.

As Novas Aventuras do Zorro (1981) – 1X01: Three Is a Crowd (The New Adventures of Zorro – EUA, 12 de setembro de 1981)
Direção: ?
Roteiro: Arthur Browne Jr. (basead em personagens criados por Johnston McCulley)
Elenco original: Henry Darrow, Julio Medina, Don Diamond, Eric Mason, Christine Avila, Socorro Valdez, Carlos Rivas
Duração: 20 min. (cada episódio)

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