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Crítica | As Noivas do Vampiro (1960)

Na ausência de Drácula, a Hammer investe nos desdobramentos do conde vampiro.

por Leonardo Campos
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Com uma abertura sombria, fincada no gótico, As Noivas do Vampiro abre com uma narração sobre peculiaridades da Transilvânia. Somos informados que o conde Drácula, interpretado pelo ator Christopher Lee na produção anterior, adormece após ser aniquilado em sua trajetória anterior, deixando discípulos prontos para estabelecer um reinado de corrupção no mundo. Na esteira do retumbante sucesso de O Vampiro da Noite, esta sequência traz o legado do personagem interpretado pelo icônico ator, tendo o mesmo diretor como realizador, numa temática que amplia o universo e permite desdobramentos diante das ações da criatura noturna sugadora das energias alheias. Ainda no prólogo, somos informados que o vampiro é o grande responsável por uma peste vampiresca que assola determinada parte do território europeu, causando transtornos e deixando um rastro de insegurança para os seus habitantes.

Assim, ao longo de seus 85 minutos, acompanhamos a jovem Marianne Danielle (Yvonne Monlaur), jovem professora que está numa viagem de trabalho. Ela segue para uma escola especializada em moças, tendo como foco lecionar francês e regras básicas de etiqueta. Numa atmosfera sombria delineada ao longo de sua travessia, a personagem faz uma parada numa estalagem e após perder a sua condução diante de circunstâncias estranhas, é convidada por uma baronesa, interpretada por Martita Hunt, para passar uma noite em seu castelo. Reticente, ela ainda é avisada pelos donos do local, mas a presença da senhora é tão penetrante que ela sequer consegue negar. Aceita a empreitada e segue para o tal ambiente lúgubre.

Lá, Marianne Danielle conhece o Barão Heinster (David Peel), um loiro bonitão, filho da baronesa que a arrastou para uma experiência de horror que ela sequer imaginou atravessar. A cena é, no mínimo, muito estranha: visto inicialmente de longe, o rapaz se desloca pelo quarto aprisionado, preso por uma corrente. Muitas perguntas surgem diante do cenário misterioso. O jovem vive sob os cuidados de Greta (Freda Jackson), governante encarregada dos cuidados com a contenção do personagem. Seduzida pela atmosfera com diversas possibilidades interpretativas, a moça cai nas armadilhas do homem que é cheio de beleza, mas esconde o perigo em si. Ao libertá-lo, alastra uma maldição na região que causa um rastro imenso de pavor e medo.

Quem chega para tentar salvar a situação é o lendário Van Helsing (Peter Cushing), homem experiente que vai juntar todas as forças possíveis para colocar as criaturas malignas de volta ao seu devido lugar. E assim a trama se desdobra, com o império vampírico agindo até o momento em que é colocado para adormecer, voltando com toda força no filme seguinte, estabelecendo um ciclo duradouro e, ao passar do tempo, com suas repetições e falta de criatividade, questionável. Interessante observar que, em seu desenvolvimento, As Noivas do Vampiro flerta com incesto, sadomasoquismo e homossexualidade, mesmo que nas entrelinhas. Mesmo com os diversos avanços da época, tais temáticas eram demasiadamente polêmicas para o período, aliás, algo que ainda hoje, gera controvérsias.

Lançado em 1960, As Noivas do Vampiro é um dos primeiros momentos da Hammer na esteira da sanguinolência em cores vívidas, perpetradas por Drácula e sua maligna sombra, pairados pelo estúdio ao longo de uma série de filmes interessantes, mas também ao lado de narrativas medíocres, como poderemos contemplar nas críticas mais adiante. Com roteiro de Edward Percy, Jimmy Sangster e Peter Bryan, a produção tem direção de fotografia assinada por Jack Asher, setor que investe no tom nebuloso e sombrio do gótico, organizado visualmente pelo eficiente design de produção econômico, assumido por Bernard Robinson. A trilha sonora, assinada por Malcolm Williamson, mantém a padronização do tom estabelecido pelo universo deste segmento, funcionando de maneira eficiente para compor a atmosfera de horror e morte vampírica. Drácula, desta vez, não voltou, mas deixou o seu legado e impacto. Um próximo filme, então, era algo inevitável.

As Noivas do Vampiro (The Brides of Dracula, Reino Unido – 1960)
Direção: Terence Fisher
Roteiro: Jimmy Sangster, Peter Bryan
Elenco: Peter Cushing, Martita Hunt, Yvonne Monlaur, Freda Jackson, David Peel, Miles Malleson, Henry Oscar, Mona Washbourne, Andree Melly, Victor Brooks,Fred Johnson
Duração: 93 min.

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